Belluzzo defende os investimentos fora do arcabouço fiscal
“É preciso que os investimentos fiquem de fora para dar liberdade para você exercitar a capacidade de gasto anticíclico do governo”, defendeu o economista
“É preciso que os investimentos fiquem de fora para dar liberdade para você exercitar a capacidade de gasto anticíclico do governo”, defendeu o economista
Publicado originalmente na Hora do Povo, em 04.04.2023
O professor Luiz Gonzaga Belluzzo, titular do Instituto de Economia (IE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), defendeu nesta terça-feira (4), em entrevista ao site Opera Mundi, que os investimentos devem ficar de fora das regras estipuladas pelo arcabouço fiscal apresentado pelo ministro Fernando Haddad.
“É preciso que os investimentos fiquem de fora para dar liberdade para você exercitar a capacidade de gasto anticíclico do governo”, defendeu o economista. “O argumento dos conservadores é que, seja qual for a situação, o gasto fiscal é sempre inflacionário. Dizer que o gasto fiscal numa situação recessiva é inflacionário é um pouco demais”, afirmou Beluzzo.
Na avaliação do ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, a proposta flexibiliza o teto de gastos ao permitir uma crescimento de 2,5% acima da inflação nos gastos. Em sua avaliação, isso é melhor do que o regime fiscal anterior que permitia apenas a reposição da inflação, sem levar em conta o crescimento das demandas do país.
“A proposta do Haddad é uma solução de compromisso com o mercado financeiro”, disse Beluzzo. “Vocês querem o arcabouço, então está aqui o arcabouço, está dizendo o ministro da Fazenda”, afirmou o professor da Unicamp. Na opinião do economista, o piso de R$ 76 bilhões, definidos pela propostas, serão insuficientes se o investimentos estiverem limitados pelas regras de gastos.
O economista também vê como alternativas para a superação das restrições fiscais impostas, alguns arranjos internacionais, entre eles, por exemplo, uma aliança estratégica com a China, que redunde em ampliação dos investimentos no país. Beluzzo aposta numa ação conjunta de BNDES e BRICS para permitir a ampliação do crédito no país.