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Exposição traz a arte produzida nos cárceres da ditadura militar

27 de abril de 2023

Exposição no Centro MariAntonia da USP reúne desenhos, pinturas, colagens e gravuras realizadas por 12 presos políticos durante os anos 70 em presídios de São Paulo.

Foto: Pirogravura sobre madeira feita pelo então preso político Aldo Arantes, em 1978, no Presídio Romão Gomes, em São Paulo. A obra integra a exposição ‘Imagem-testemunho’, em cartaz no Centro MariAntonia. Fotografia originalmente publicada por Camilo Vannuchi.

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Exposição no Centro MariAntonia da USP reúne desenhos, pinturas, colagens e gravuras realizadas por 12 presos políticos durante os anos 70 em presídios de São Paulo.

Com informações do Centro MariAntonia, e de Camilo Vannuchi

O Centro MariAntonia da USP inaugura hoje (27/04), às 19 horas, a exposição Imagem-Testemunho: experiências artísticas de presos políticos na ditadura civil-militar. Realizada em parceria com o Memorial da Resistência, a mostra inclui desenhos, pinturas, colagens e gravuras realizadas por 12 presos políticos durante os anos 70 em presídios de São Paulo. Estas imagens-testemunhos, reunidas durante anos pelos ex-presos políticos Alípio Freire e Rita Sipahi, integram, desde 2023, o acervo do Memorial da Resistência  de São Paulo, que conta atualmente com mais de 300 obras. A entrada é gratuita e a visitação segue de terça a domingo, e feriados, das 10 às 18 horas.

Completando 30 anos em 27 de maio de 1993, e tendo como vocação a resistência democrática, a defesa dos direitos humanos e a memória política, o MariAntonia soma a mostra às suas comemorações, ao reunir um conjunto expressivo de obras que falam do cotidiano na prisão, da violência de Estado, das lutas, sentimentos e posições dos presos políticos. O diretor do Centro MariAntonia, José Lira, salienta que em um momento no qual a democracia vê-se novamente ameaçada “é imprescindível retornarmos ao testemunho dos que ousaram se levantar contra a tirania. Pois sua voz, seu olhar, suas mãos, seus corpos, muitas vezes fustigados pelo aparato repressivo do regime, guardam tesouros da memória e da imaginação sociais”. 

Com curadoria da pesquisadora e crítica de arte, Priscila Arantes, a mostra traz produções criadas em diferentes presídios da cidade de São Paulo – Tiradentes, Carandiru, Penitenciária Feminina, Hipódromo, Presídio Militar Romão Gomes (Barro Branco) – e algumas vezes dentro do próprio Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). A curadora explica que “esses registros são construídos durante uma experiência de violência política e a resistência no espaço prisional, pontuando o valor desta produção enquanto testemunho e fonte histórica dos duros anos de ditadura no país”. Priscila é filha do ex-deputado Aldo Arantes, que foi presidente da UNE e membro do Comitê Central do PCdoB. Aldo, aliás, assina uma das obras da exposição.

Aldo Arantes explica que no cárcere os presos políticos podiam realizar trabalhos manuais em oficinas. Arantes e seu amigo, Haroldo Lima, optaram por realizar trabalhos artísticos por meio da pirogravura. “Tínhamos bastante tempo livre dentro da cadeia”, brinca Arantes.

Os 41 trabalhos, elaborados com materiais encontrados dentro do espaço prisional ou trazidos por parentes e amigos para seu interior, constituem um conjunto de experiências de presos de diferentes organizações políticas, alguns deles artistas antes de serem presos, outros que só tiveram esta experiência durante o período de confinamento. Além do conjunto de obras artísticas, a exposição inclui 16 outros documentos, 7 depoimentos em vídeos especialmente produzidos para a mostra e um conjunto de atividades culturais e educativas a ela relacionadas.

Integrantes da mostra

Aldo Arantes / Alípio Freire / Ângela Rocha / Artur Scavone / Carlos Takaoka / José Wilson / Manoel Cyrillo / Regis Andrade / Sérgio Ferro / Sérgio Sister / Rita Sipahi / Yoshiya Takaoka

Depoimentos

De Aldo Arantes, Ângela Rocha, Artur Scavone, Manoel Cyrillo, Rita Sipahi, Sérgio Ferro, Sérgio Sister, que integram o acervo do Núcleo do Museu da Pessoa MariAntonia.

Quem é a curadora

Priscila Arantes é crítica, curadora, professora e pesquisadora no campo da arte, curadoria, museu e estética contemporânea. Formada em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado e doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pós-doutorado pela Penn State University (EUA) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente é vice-diretora da Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da PUC-SP e pesquisadora-colaboradora do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP. Foi diretora e curadora do Paço das Artes de 2007 a 2020. Entre 2007 e 2011 foi diretora adjunta do Museu da Imagem e Som (MIS) atuando na curadoria de programação. Integra o conselho editorial de diversas publicações científicas e é vice-presidente da Associação Brasileira dos Críticos de Arte (ABCA) desde 2022 e membro da Associação Nacional de Artes Plásticas (ANPAP). Entre os prêmios recebidos destacam-se o da Society of Latin American Studies para integrar a Conferência em Liverpool (Londres/2016), da Fundación Cisneros/Getty Foundation/ (2016), da Getty Foundation ( 2012) e finalista do 48º Prêmio Jabuti pelo livro Arte@Mídia:perspectivas da estética digital (Fapesp/Senac). É autora de diversos livros e curadora de mostras em Portugal e em diversas instituições culturais no país.

Serviço

Exposição Imagem-Testemunho: experiências artísticas de presos políticos na ditadura civil-militar

Abertura 27 de abril – a partir das 19 horas 

De 28 de abril a 10 de dezembro de 2023

Onde |  Centro MariAntonia – Edifício Joaquim Nabuco

Rua Maria Antônia, 258 – Vila Buarque – São Paulo, SP (próximo às estações Higienópolis e Santa Cecília do metrô)

Quando De 27 de abril a 10 de dezembro de 2023

Visitação | terça a domingo, e feriados, das 10 às 18 horas 

Classificação | Livre

Quanto | Grátis

Informações | (11) 3123-5202