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Ho Chi Minh: O caminho que me levou ao leninismo

4 de maio de 2023

Artigo do líder da revolução vietnamita, Ho Chi Minh, publicado originalmente no órgão soviético Problemas do Oriente por ocasião do aniversário dos 90 anos de nascimento de Lênin, em 1960

Artigo do líder da revolução vietnamita, Ho Chi Minh, publicado originalmente no órgão soviético Problemas do Oriente por ocasião do aniversário dos 90 anos de nascimento de V. I. Lênin, em abril de 1960

Após a Primeira Guerra Mundial, eu levava minha vida em Paris, ora como retocador de fotografias, ora como pintor de “antiguidades chinesas” (feitas na França). Também distribuía panfletos denunciando os crimes cometidos pelos colonizadores franceses no Vietnã.

Naquele tempo, eu apoiava a Revolução de Outubro apenas por intuição, não tendo em mente ainda toda a sua importância histórica. Eu amava e admirava Lênin porque ele foi um grande patriota que libertara seus compatriotas. Até então, eu não havia lido nenhum de seus livros. A razão para eu ter me unido ao Partido Socialista Francês foi porque essas “damas e cavalheiros” – como eu chamava meus camaradas na época – demonstraram sua simpatia por mim, pela luta dos povos oprimidos.

Mas eu não entendia o que era um partido, um sindicato, nem mesmo socialismo ou comunismo. Discussões acaloradas aconteciam nos comitês do Partido Socialista sobre a dúvida de se deveríamos continuar na II Internacional, se deveria ser fundada uma II Internacional e Meia ou se o Partido deveria se juntar à III Internacional de Lênin. Eu comparecia aos encontros com frequência, duas ou três vezes por semana, e ouvia atentamente a discussão. No início, eu não conseguia entender o assunto por completo. Por que os debates eram tão acalorados? Seja com a II, a II e Meia ou a III Internacional, a revolução poderia ser alcançada. Qual o objetivo de discutir sobre isso? E a I Internacional, o que aconteceu com ela?

O que eu mais queria saber – e o que justamente não era debatido nos encontros – era: qual Internacional está do lado dos povos das colônias? Eu levantei essa dúvida – a mais importante em minha opinião – no encontro. Alguns camaradas responderam: “é a III Internacional, não a II”. E um camarada me deu para ler a Tese sobre as questões nacionais e coloniais de Lênin, publicadas pela L’Humanité. Havia termos políticos difíceis de entender nessa tese. Mas, por meio do esforço de lê-la e relê-la, pude finalmente apreender a maior parte deles.

Que emoção, entusiasmo, esclarecimento e confiança essa obra provocou em mim! Eu me regozijava em lágrimas. Embora estivesse sentado sozinho em meu quarto, eu gritei fortemente, como se me dirigisse a grandes multidões: “Caros mártires compatriotas! É disso que precisamos, este é o caminho para nossa libertação”! A partir dali, tive plena confiança em Lênin e na III Internacional.

Formalmente, durante os encontros no comitê do Partido, eu apenas escutava a discussão, tinha uma crença vaga de que tudo era lógico, e não conseguia diferenciar quem estava certo de quem estava errado. Mas, a partir daquele momento, passei a me envolver nos debates e a discutir com fervor. Ainda que me faltassem palavras em francês para expressar todas as minhas ideias, eu rebatia energicamente os ataques feitos a Lênin e à III Internacional.

Meu único argumento era: “Se vocês não condenam o colonialismo, se vocês não estão alinhados com a população das colônias, que tipo de revolução vocês estão buscando?”

Eu não apenas participava dos encontros do meu comitê do Partido, mas também ia às reuniões dos outros comitês para reafirmar “minha posição”. Devo dizer que mais uma vez meus camaradas Marcel Cachin, Vaillant-Couturier, Monmousseau e muitos outros me ajudaram a expandir meu conhecimento. Por fim, no Congresso de Tours, eu votei junto com eles por nossa adesão à III Internacional.

Em primeiro lugar, foi o patriotismo, e não o comunismo, que me levou a acreditar em Lênin e na III Internacional. Aos poucos, durante a luta e enquanto estudava o marxismo-leninismo paralelamente às minhas participações nas atividades práticas, eu me dei conta de forma gradativa de que somente o socialismo e o comunismo poderiam libertar da escravidão as nações oprimidas e o povo trabalhador ao redor do mundo.

Existe uma lenda, tanto em nosso país como na China, sobre o milagroso “Livro da sabedoria”. Ao se deparar com grandes dificuldades, pode-se abrir o livro e encontrar a solução. O leninismo não é apenas um milagroso “livro da sabedoria”, um compasso para nós revolucionários e cidadãos vietnamitas: é também o fulgurante sol iluminando nosso caminho para a vitória final, ao socialismo e ao comunismo.

Fonte: Selected Works of Ho Chi Minh, vol. 4, Foreign Languages Publishing House.

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