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Um imenso abraço solidário de Portugal à generosa Cuba

21 de julho de 2023

PCP promoveu grande encontro de solidariedade para Cuba em Portugal

Mais de duas mil pes­soas ex­pres­saram no sá­bado, 15, numa trans­bor­dante Voz do Ope­rário, a sua firme so­li­da­ri­e­dade a Cuba e ao seu povo: contra o blo­queio e a in­gerência, em de­fesa da so­be­rania e pelo di­reito ao de­sen­vol­vi­mento, em re­co­nhe­ci­mento pelo exemplo de re­sis­tência e in­ter­na­ci­o­na­lismo que dá aos povos do mundo. Ali ficou uma vez mais evi­dente que, como citou o pró­prio Pre­si­dente da Re­pú­blica de Cuba, Mi­guel Diaz-Canel, «a so­li­da­ri­e­dade é a ter­nura dos povos».

«Nunca es­que­ce­remos este en­contro entre ir­mãos e amigos», de­clarou com emoção o di­ri­gente cu­bano ao subir ao palco do salão da So­ci­e­dade de Ins­trução e Be­ne­fi­cência «A Voz do Ope­rário», em Lisboa: a pre­sença de tanta gente, vinda de todo o País (e grande parte não coube na­quela sala, en­chendo ou­tras ins­ta­la­ções da­quela ins­ti­tuição), a determinação que so­bres­saía das pa­la­vras de ordem Cuba ven­cerá! e Cuba sim! Blo­queio não!, tantas vezes re­pe­tidas, a pre­sença mar­cante da ju­ven­tude, a be­leza e sen­si­bi­li­dade ema­nadas das a­tu­a­ções dos ar­tistas, não dei­xaram nin­guém in­di­fe­rente – a co­meçar pela de­le­gação da Re­pú­blica de Cuba, que in­cluía igual­mente, e entre ou­tros, o mi­nistro das Re­la­ções Ex­te­ri­ores, Bruno Ro­drí­guez, e a em­bai­xa­dora em Por­tugal, Yus­mary Diaz.

As pri­meiras pa­la­vras ali pro­fe­ridas por Mi­guel Diaz-Canel des­ta­caram a par­tilha de ideais, so­nhos e con­vic­ções entre quem ali es­tava, fosse por­tu­guês ou cu­bano: a igual­dade, a so­li­da­ri­e­dade, a paz, a luta por um mundo de Es­tados so­be­ranos e iguais são com­bates co­muns, tra­vados di­a­ri­a­mente de ambos os lados do Atlân­tico. Com a cer­teza da vi­tória, acres­centou, antes de su­bli­nhar que «o mundo está se­dento de jus­tiça so­cial».

Esta par­tilha, estas lutas co­muns e este ca­rinho re­cí­proco, aliás, ti­nham já sido des­ta­cados pelo Co­man­dante Fidel Castro quando da também me­mo­rável jor­nada de 18 de Outubro de 1998, no Porto e em Ma­to­si­nhos, re­cordou o Pre­si­dente cu­bano.

«Cuba não se rende nem se curva»

O ilegal e cri­mi­noso blo­queio eco­nó­mico, co­mer­cial e fi­nan­ceiro im­posto a Cuba pelos EUA é o «prin­cipal obs­tá­culo ao de­sen­vol­vi­mento do país», de­nun­ciou Mi­guel Diaz-Canel, re­al­çando os im­pactos no dia-a-dia dos cu­banos. Trata-se de uma «vi­o­lação mas­siva e sis­te­má­tica» dos mais ele­men­tares di­reitos do povo cu­bano, ca­rac­te­rizou.

Já com seis dé­cadas, o blo­queio foi con­se­cu­ti­va­mente agra­vado em mo­mentos par­ti­cu­lar­mente sen­sí­veis da his­tória cu­bana: quando de­sa­pa­receu o campo so­ci­a­lista eu­ropeu e, mais re­cen­te­mente, em plena pan­demia de COVID-19.

Diaz-Canel de­nun­ciou que o ex-pre­si­dente norte-ame­ri­cano Do­nald Trump, a horas de deixar a Casa Branca, adi­ci­onou ao blo­queio 143 novas me­didas, que a ad­mi­nis­tração Biden man­teve. Al­gumas delas res­tringem ainda mais o acesso de Cuba ao sis­tema fi­nan­ceiro in­ter­na­ci­onal, tor­nando mais di­fí­ceis – e ainda mais caros – os pa­ga­mentos de bens es­sen­ciais como ali­mentos, me­di­ca­mentos e ma­té­rias-primas.

Re­fe­rindo-se à in­clusão de Cuba na ile­gí­tima e hi­pó­crita lista de países que, para os EUA, «apoiam o ter­ro­rismo», o Pre­si­dente cu­bano lem­brou que é o seu país a ví­tima de terrorismo, per­pe­trado ou apoiado pelo im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano. Essa re­a­li­dade teve in­clu­si­va­mente ex­pressão em Por­tugal, lem­brou, no aten­tado contra a em­bai­xada em Lisboa que em 1976 vi­timou Adriana Corcho e Efrén Mon­te­a­gudo.

«Cuba tem di­reito a viver em paz e a de­sen­volver-se», re­alçou o também Pri­meiro Se­cre­tário do Par­tido Co­mu­nista de Cuba, ga­ran­tindo que o povo do seu país «não se rende nem se curva». Pelo con­trário, in­siste e re­a­firma a sua opção pela cons­trução do so­ci­a­lismo.

Quanto à sua po­lí­tica ex­terna, su­bli­nhou ainda Mi­guel Diaz-Canel, é a mesma que Fidel Castro de­finiu há mais de 60 anos e que se ca­rac­te­riza pela so­li­da­ri­e­dade com os povos de todo o mundo. E ques­ti­onou: «O que po­de­riam fazer vocês por Cuba e Cuba pelo mundo sem o blo­queio?»

So­li­da­ri­e­dade re­cí­proca

Antes do di­ri­gente cu­bano in­ter­veio Ma­nuel Fi­guei­redo, pre­si­dente da So­ci­e­dade de Ins­trução e Be­ne­fi­cência «A Voz do Ope­rário», que sa­li­entou pre­ci­sa­mente esta so­li­da­ri­e­dade: «a mi­séria e a vi­o­lência so­cial que marcam o quo­ti­diano de tantos países por esse mundo não são re­a­li­dades com que os cu­banos se con­frontem. Aliás, o es­pan­toso in­ves­ti­mento na me­di­cina cu­bana, de­sig­na­da­mente na área da pesquisa, per­mite a este país apoiar de forma so­li­dária os países menos de­sen­vol­vidos ou ví­timas de ca­tás­trofes, com o envio de mi­lhares de mé­dicos.»

A força de Cuba, do seu povo e da sua re­vo­lução, des­tacou Ma­nuel Fi­guei­redo, re­side pre­ci­sa­mente no seu exemplo «de co­ragem, de te­na­ci­dade, de re­sis­tência pe­rante a ad­ver­si­dade, exemplo da in­te­li­gência e von­tade de um povo». Este exemplo, acres­centou, cons­titui mesmo a única ameaça que Cuba re­pre­senta para o im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano.

Esta Cuba «so­li­dária, re­vo­lu­ci­o­nária e in­ter­na­ci­o­na­lista», não ca­minha só, ga­rantiu o di­ri­gente as­so­ci­a­tivo, dando voz às mais de 30 or­ga­ni­za­ções que pro­mo­veram aquela sessão, entre as quais es­tavam a As­so­ci­ação de Ami­zade Por­tugal-Cuba, o CPPC, o MDM, a CGTP-IN, o PCP e a JCP.

Cul­tura e emoção

Can­ções por­tu­guesas, cu­banas e de ou­tras la­ti­tudes; can­tigas po­pu­lares e temas dos can­ci­o­neiros re­vo­lu­ci­o­ná­rios; mú­sicas de tra­balho, de amor e de festa: de tudo isto se fez a parte cul­tural da sessão, também ela um emo­tivo hino à so­li­da­ri­e­dade e à ami­zade entre Cuba e Por­tugal, entre todos os povos do mundo.

A con­duzir o es­pec­tá­culo es­teve a atriz Joana Fi­gueira. Pelo palco pas­saram di­versos mú­sicos, que ge­ne­rosa e so­li­da­ri­a­mente pre­pa­raram – em poucos dias – um mag­ní­fico es­pec­tá­culo: Ma­nuel Pires da Rocha, Vi­to­rino Sa­lomé, Sofia Lisboa, Be­a­triz Nunes, João Queirós, Tiago Santos, Ri­cardo Grácio, Rui Alves, Pedro Sal­vador, Ri­cardo Dias, Carlos Clara Gomes e o Grupo Coral dos Mi­neiros da Mina de São Do­mingos. Todos, no fim, can­taram Grân­dola, Vila Mo­rena, senha da re­vo­lução por­tu­guesa que é pa­tri­mónio dos pro­gres­sistas de todo o mundo.

Os bai­la­rinos do Con­ser­va­tório In­ter­na­ci­onal de Ballet e Dança An­na­rella San­chez, cu­bana ra­di­cada em Por­tugal, dan­çaram ao som de uma canção de Sílvio Ro­dri­guez. Cri­anças ves­tidas como pi­o­neiros cu­banos dan­çaram uma can­tiga in­fantil da com­po­si­tora Te­re­sita Fer­nández.

Quem ali es­teve, no salão ou num outro es­paço da Voz do Ope­rário, a as­sistir através de trans­missão ao vivo – a estes úl­timos di­rigiu-se pre­sen­ci­al­mente a em­bai­xa­dora Yus­mary Diaz – cer­ta­mente não o es­que­cerá. Foi da­quelas jor­nadas que fi­cará gra­vada na me­mória co­le­tiva. Ou não fosse, como um dia es­creveu a po­e­tisa ni­ca­ra­guense Gi­o­conda Belli (e Mi­guel Diaz-Canel citou), a so­li­da­ri­e­dade «a ter­nura dos povos».

PCP pre­sente

Para o Se­cre­tário-Geral do PCP, Paulo Rai­mundo, «a so­li­da­ri­e­dade que ma­ni­fes­temos ao povo cu­bano, à re­vo­lução, será sempre pouca», face à so­li­da­ri­e­dade que o povo e o Es­tado cu­banos dão «aos povos de todo o mundo».

Fa­lando aos jor­na­listas pre­sentes, o di­ri­gente co­mu­nista va­lo­rizou o exemplo de Cuba – de re­sis­tência, de de­ter­mi­nação, de luta pela sua so­be­rania contra um blo­queio cri­mi­noso por parte dos Es­tados Unidos da Amé­rica – e lem­brou o tra­balho das bri­gadas mé­dicas cu­banas, que salvam vidas em todo o mundo: «quando Itália es­tava no pico da epi­demia [de COVID-19] e quando mais nin­guém se che­gava à frente, foi de Ha­vana que foi um avião com mé­dicos, com en­fer­meiros, com pes­soal au­xi­liar para ajudar na­quela tra­gédia.»

Paulo Rai­mundo en­ca­be­çava a de­le­gação do PCP que par­ti­cipou na ini­ci­a­tiva, da qual fa­ziam parte vá­rios di­ri­gentes e de­pu­tados.

Leia abaixo a íntegra da saudação aos que participaram do evento:

Sau­dação a todos os par­ti­ci­pantes no ato de so­li­da­ri­e­dade «Juntos por Cuba»

Amigos, ca­ma­radas,

Que­remos ex­pressar o pro­fundo agra­de­ci­mento a todos aqueles que, vindos de todo o País, de­ci­diram par­ti­cipar no ato de so­li­da­ri­e­dade «Juntos por Cuba», no pas­sado Sá­bado, 15 de Julho, na Voz do Ope­rário, em Lisboa.

A sua de­cisão de par­ti­cipar através da ge­ne­rosa e de­ter­mi­nada pre­sença cons­ti­tuiu um gesto da maior im­por­tância e sig­ni­fi­cado para com Cuba, de so­li­da­ri­e­dade para com a dig­ni­dade e co­ragem do povo cu­bano e de de­núncia e con­de­nação do cri­mi­noso e cruel blo­queio im­posto há mais de ses­senta anos pelo EUA, agra­vado com as me­didas adotadas pela Ad­mi­nis­tração Trump e man­tidas pela atual Ad­mi­nis­tração Biden, que visam atingir a eco­nomia e as con­di­ções de vida do povo cu­bano.

A pre­sença de tantos amigos e ca­ma­radas, que es­go­tando a lo­tação do salão en­cheram ou­tras salas e o ringue da Voz do Ope­rário, a sua pre­sença cons­ci­ente e com­ba­tiva foram ele­mento fun­da­mental da emo­ci­o­nante e vi­brante afir­mação de so­li­da­ri­e­dade para com Cuba que ca­rac­te­rizou este ato.

A todos o nosso sin­cero e pro­fundo agra­de­ci­mento.

Cuba ven­cerá!

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PCP