CNPq, Capes e ANPG debatem ações para fixação de doutores no país
Discussão é uma das prioridades que a comunidade científica vai levar à 5ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia
Uma mesa de debate na 75ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) discutiu as estratégias na formação e fixação de doutores no Brasil. O tema é uma das prioridades que a comunidade científica vai levar à 5ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, anunciada no dia 12 de julho pelo governo federal, com previsão de ser realizada em 2024.
De acordo com o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, a nova conferência terá um caráter mais técnico e vai focar em ações de longo prazo para a ciência nacional. Entre os temas de debate estarão o financiamento da ciência, a fuga de cérebros e medidas para fixar pós-graduandos no país. “As conferências nacionais foram realizadas desde os anos 90. São 13 anos sem Conferencia Nacional de Ciência e Tecnologia. No evento, teremos uma questão seria de fazer planos de longo prazo adaptados ao Brasil”, afirmou.
A presidente da Capes, Mercedes Bustamante, apresentou as principais informações do Sistema Nacional de Pós-Graduação, institucionalizado a partir da década de 50. Entre os dados, a participação das instituições públicas e privadas na formação de mestres e doutores, principais setores produtivos que empregam os pós-graduandos, distribuição geográfica de cursos e os eixos de atuação da entidade na solução de problemas.
“Nosso setor industrial ainda tem pouca tradição no emprego de mestres e doutores. A interação entre as instituições é importante para mudar essa realidade. É preciso um desenho de linhas de fomento que permitam maior aproximação com o setor produtivo e ter maior interlocução com as empresas”.
O professor Olival Freire Junior, diretor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), explicou os principais desafios que o conselho tem enfrentado para manter os doutores no país ao longo de sua história. Os desafios passam pela valorização, infraestrutura de pesquisa e condições mais atrativas. “É preciso que o ambiente geral favorável à ciência e à liberdade se cristalize no país e se espalhe para que seja um fator que vai fazer os pesquisadores voltarem. É necessário fazer uma mudança do ecossistema de ciência e tecnologia no Brasil”.
Já o presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Vinícius Soares, apresentou uma série de dados que mostram as dificuldades enfrentadas por mestres e doutores no país, incluindo a redução de investimentos em ciência e tecnologia e migração para profissões de menor complexidade.
“Uma primeira questão que precisamos resolver são os investimentos em ciência e tecnologia. A gente precisa alcançar 2% do PIB para mitigar os danos dos últimos anos. O segundo passo é investir na formação de recursos humanos. A gente precisa garantir uma cesta de direitos básicos para os pós-graduandos”.
O painel ainda trouxe um estudo da pesquisadora Ana Maria Alves Carneiro da Silva, da Unicamp, sobre a diáspora científica do país, que investigou os perfis demográficos e profissionais da movimentação de pesquisadores com alta qualificação e expectativas de retorno ao país.