No lançamento do Cem anos de amor e coragem pelo Brasil — imagens da centenária história de lutas do Partido Comunista do Brasil, na noite de quinta-feira (17) Adalberto Monteiro, presidente da Fundação Maurício Grabois, apresentou a obra ressaltando aspectos das lutas retratadas, que se interligam nas dimensões teóricas, práticas e organizativas. Leia a íntegra.

Nestes últimos dias, Brasília, apesar da secura do mês de agosto, ficou florida com a Marcha das Margaridas. Mais de cem mil mulheres camponesas de todo o país ocuparam as largas avenidas e marcharam por reforma agrária, saúde, educação, direitos.

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Conecto essa beleza, esse vigor que foi a Marcha das Margaridas com este evento de lançamento de Cem anos de amor e coragem pelo Brasil — imagens da centenária história de lutas do Partido Comunista do Brasil, na dimensão cultural das lavradoras e lavradores de nosso país que, sempre quando as colheitas são fartas, promovem festas e comemorações. E as colheitas da agricultura familiar e dos assentamentos são frutos do trabalho coletivo, o preparo da terra, a semeadura, a capina das ervas daninhas, as colheitas, realizados em mutirões.

Ato de lançamento

Pois bem, nosso livro Cem anos de amor e coragem pelo Brasil é uma grande colheita decorrente de um trabalho coletivo. Por excelência, decorrente de um resiliente, exigente e alegre mutirão. Um mutirão de dez anos de trabalho, que começou das celebrações dos 90 anos do PCdoB, que se soma aos mutirões de outras gerações que com visão larga trataram de cuidar da memória, da documentação, da história da presença dos comunistas na história brasileira.

No final do livro há os créditos das fotografias, mapas, charges, pinturas, gráficos, cartazes, documentos oriundos de arquivos públicos, de pessoas, famílias, de profissionais da fotografia, grande parte do nosso Centro de Documentação e Memória (CDB) de nossa Fundação.

A Fundação Maurício Grabois agradece, pois, a todos e a todas que atenderam nosso convite para festejarmos, celebrarmos, aqui presencialmente do auditório da sede do PCdoB, na cidade de São Paulo, ou que nos acompanham pela TV Grabois esse lançamento. Ouso dizer: a maior e mais bela publicação de iconografia de um século de lutas do Partido Comunista do Brasil.

Na história do Brasil, os oprimidos, a classe trabalhadora, na maioria das batalhas que travaram, tiveram que empreendê-las duas vezes. A primeira, protagonizando a resistência, a luta, a realização, a conquista, o fato histórico em si; a segunda, divulgá-lo, fazê-lo reconhecido oficialmente e conhecido do conjunto do povo e da nação.

O Estado brasileiro, sob controle das classes dominantes, na maior parte de sua existência, além de, literalmente, reprimir, massacrar as jornadas patrióticas, populares, adotou usualmente os procedimentos de adulterar, distorcer o significado dessas batalhas ou de ocultá-las das páginas da história oficial e da imprensa burguesa. Sempre buscaram e buscam condenar a jornada revolucionária à invisibilidade. Isso está presente nas jornadas da classe trabalhadora, do povo, de legendas de esquerda, em especial dos comunistas.

Vejamos, especificamente, o Partido Comunista do Brasil, alvo preferencial da arbitrariedade, da violência e da censura, do aparato estatal e governamental das classes dominantes. Na República Velha, em meses não-contínuos, teve o Partido Comunista do Brasil apenas sete meses e doze dias de atuação tolerada. E, de 1930 a 1985, apenas um ano, seis meses e dez dias de legalidade.

Legalizado em 1985, completou agora, em 2023, trinta e oito anos de atuação livre. E o livre, aqui, sabemos, com as restrições ainda presentes numa democracia jovem, em construção e sempre atacada, como foi e é atacada pela extrema-direita e o neofascismo. Como disse a nossa presidenta, Luciana Santos, por ocasião do centenário do PCdoB: “Mais da metade de nossa trajetória, portanto, tivemos de atuar nos subterrâneos da liberdade, como disse, nosso camarada, o notável romancista Jorge Amado. Mas, mesmo com essa adversidade, a resultante de nossa trajetória é realizadora, por isso nossa história é arrebatadora.”

Essa história arrebatadora está aqui documentada, na linguagem da imagem que fala direto aos olhos e ao coração. A imagem esclarece e ensina, emociona e ativa as reflexões de fundo que a jornada revolucionária precisa. Se vê pelas páginas do livro que, derivada de sua teoria, o marxismo, o PCdoB teve a capacidade de se renovar sempre. Por isso, é centenário e contemporâneo, longevo e jovem.

Se demonstra, nesse livro, que, com ideias, lutas e realizações os comunistas ajudaram a construir o Brasil em suas múltiplas dimensões. Na maior parte de sua história, o Partido defendeu e ajudou a construir frentes políticas e sociais, lutando a ombro a ombro com forças democráticas, populares e patrióticas, e outras vertentes progressistas.

Então, ao folhear essa obra se verá lideranças com os quais os comunistas estabeleceram alianças pontuais e longevas, a exemplo de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart, Tancredo Neves, Itamar Franco, José Sarney e Luiz Inácio Lula da Silva, para citar apenas ex-presidentes da República.

Essa documentação visual retrata a presença do PCdoB na história de nosso país, desde o nascedouro do século passado até os chãos de hoje deste século XXI, nos grandes confrontos determinantes para a construção do Brasil, para a realidade presente e a projeção de seu futuro. Futuro que, na ótica do Programa do PCdoB, poderá ser radioso através da luta agora e já por um novo projeto nacional de desenvolvimento, concebido, por nossa estratégia, como o caminho brasileiro pelo socialismo.

O livro destaca os cinco núcleos dirigentes de comunistas que, ao longo de um século, estiveram à frente dessa saga épica de construção do Partido Comunista do Brasil. O talento de Astrogildo Pereira à frente da primeira geração, os fundadores. O grande líder popular brasileiro, com projeção internacional, Luiz Carlos Prestes, líder da segunda geração. João Amazonas, construtor e ideólogo do PCdoB, que liderou o Partido durante os últimos quarenta anos do século XX, uma regência das mais frutíferas, o líder da terceira geração.

Nosso querido camarada Renato Rabelo, líder da quarta geração, à frente da legenda por quase catorze anos, que fortaleceu o PCdoB com aportes teóricos e políticos, como a elaboração do Programa Socialista de nossa legenda, e, também, as diretrizes orientadoras ao desafio inédito da participação dos comunistas em governos de coalização no capitalismo. Chegando à atualidade, com a camarada Luciana Santos, hoje, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, líder da quinta geração, à frente do Partido no mar revolto da escalada reacionária e golpista, do Brasil sob a regressão civilizacional imposto pela extrema-direita e chegando agora nos bons ventos do governo de reconstrução nacional, Luciana é a líder da quinta geração.

Nosso Partido, como um rio caudaloso, foi enriquecido com a integração de outras correntes políticas, como a Ação Popular (AP), e, agora, com a incorporação do Partido Pátria Livre (PPL). Tenho de citar, também presente no livro, representando a plêiade de quadros oriundos do PPL, a memória do grande revolucionário Sérgio Rubens. 

Nas páginas do livro estão estampadas centenas e centenas de militantes, homens e mulheres, simbolizando os milhares e milhares de comunista que construíram e constroem o PCdoB ao longo de sua trajetória. É uma história em imagens, que empolga, mobiliza e energiza. Retratam uma história que há um século impulsiona mulheres e homens em nossa pátria a viverem e não raro morrerem, por um país liberto, soberano, democrático e socialista.

Finalmente, é uma obra que nos convoca às lutas do presente e nos faz mirar o futuro. Com a consciência de que o futuro não é uma toalha de renda bordada por mãos divinas. Nossas mãos, unidas, vão arrancando-o, talhando-o e esculpindo-o na rocha bruta e áspera do presente. Este livro nos ordena, agora e já, fortalecer o Brasil e lutar pelo socialismo.

Os agradecimentos numa obra coletiva são muitos e direcionados a um elenco grande. Estão no livro. Permitam destacar:

Primeiro in Memorian, dois historiadores comunistas cuja erudição está impregnada nas páginas de nosso livro: Augusto Buonicore e José Carlos Ruy. Pesquisadores e pesquisadoras, historiadores, historiadoras, simbolicamente representados na professora Marina Venturini, aqui na mesa.

Os arquivos públicos que alimentaram essa obra, como arquivos dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Agradecimento especial ao acervo do Instituto Astrogildo Pereira, cujo presidente e nosso amigo José Luiz Del Roio está aqui. Os vários arquivos pessoais, que homenageamos na pessoa do destacado pesquisador Vladimir Sacchetta. Militantes, comitês do PCdoB que nos forneceram importantes iconografias. Entidades e movimentos, como UJS, CTB, UBM, JPL, CMB, Unegro, Unalgbt.

Quero destacar o papel de Bernardo Joffily, jornalista que, como pesquisador da Fundação Maurício Grabois, concebeu o projeto original desde livro e nos ofereceu a primeira versão da obra. E de Leocir Costa Rosa, diretor administrativo e financeiro de nossa Fundação, responsável pela consultoria jurídica do projeto e pela viabilização do projeto como um todo. Também Maria Lucília Ruy, eficiente e dedicada revisora.

Enalteço igualmente o trabalho da Comissão Editorial, formada por Augusto Buonicore (in Memorian), Cláudio Gonzalez, Felipe Spadari, Fernando Garcia, Osvaldo Bertolino e Adalberto Monteiro. Finalmente, esta obra somente foi possível com o apoio de Renato Rabelo, presidente do PCdoB e posteriormente presidente da Fundação Maurício Grabois, e da nossa presidenta, Luciana Santos

Só me resta estimular a todos e a todas que comprem, divulguem e desfrutem desta obra.