Custo de produção em plataforma afretada é maior do que o de unidade da Petrobrás
Estudo foi realizado pelo DIEESE
Os custos de produção de petróleo e gás em unidades afretadas pela Petrobrás na Bacia de Campos (RJ) são maiores do que os custos verificados em plataformas próprias operadas pela estatal. A conclusão é de pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a pedido do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), e com base no relatório de desempenho financeiro da Petrobrás do segundo trimestre deste ano.
O estudo revela que, no primeiro semestre de 2023, o custo de produção nas plataformas contratadas foi mais elevado em dois de três níveis de profundidade das áreas de exploração. Em um terceiro nível, o custo foi igual entre unidades próprias e afretadas.
Neste período, a maior diferença entre custos médios de produção de cada barril de óleo equivalente (boe) foi registrada na mais ampla fronteira de exploração, o pré-sal, onde, nas plataformas afretadas, o gasto foi de US$ 5,66, ou seja, 52,15% mais alto do que nas plataformas da Petrobrás, de US$ 3,72.
No pós-sal profundo e ultra profundo, o valor de produção, nas unidades alugadas, atingiu US$ 14,8 por barril de óleo equivalente, sendo 14,46% mais caro do que nas plataformas próprias, de US$ 12,93. Já em terras ou águas rasas os custos médios foram iguais para plataformas contratadas e para as operadas pela estatal, de US$ 15,21.
“O estudo confirma o que a FUP sempre disse sobre a inviabilidade e os altos custos de afretamento de plataformas. Nem sob o ponto de vista econômico se defenderia tal operação. A situação se agrava ainda mais no que diz respeito ao desenvolvimento da indústria nacional, à qualidade dos empregos, à política de conteúdo nacional e à soberania energética”, destaca o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.
“Os dados indicam que é mais barato para a Petrobrás extrair petróleo e gás de uma unidade própria do que de uma unidade alugada”, observa o economista do Dieese Carlos Takashi, responsável pelo levantamento. Ele lembra que “a Petrobrás tinha suas plataformas próprias, construídas no Brasil. Isso agregava conteúdo local, desenvolvia a indústria e chamava para si a responsabilidade da empresa de operar, contratar, ter um quadro sólido e qualificado de trabalhadores”.
Takashi acrescenta que “quando a Petrobrás toma a decisão de afretar unidades, acaba enxugando seu quadro de pessoal, precisando cada vez menos de trabalhadores próprios e tendo menor responsabilidade sobre tarefas específicas da operação. Estas são transferidas para uma outra empresa, inclusive multinacional, que passa a fazer tudo. Na prática, a estatal brasileira perde espaço”.
Segundo Bacelar, os resultados da pesquisa do Dieese reforçam a necessidade de cancelamento do edital de licitação, lançado em agosto último pela Petrobrás, para o afretamento de plataforma FPSO destinada ao programa de revitalização dos campos de Barracuda e Caratinga, na Bacia de Campos. O Sindipetro-NF e a FUP querem a abolição deste edital, que, na prática, dispensa a necessidade de conteúdo local (CL), já que permite isenção de multa em caso de descumprimento de CL mínimo de 10%.
Confira a comparação dos custos na tabela abaixo: