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Em memória de Arthur Poerner

2 de outubro de 2023

Neste dia 01 de outubro de 2023, o escritor Arthur Poerner teria completado 84 anos de idade.

Arthur José Poerner nasceu em 1º de outubro de 1939, no Rio de Janeiro. Filho de Arthur Poerner e Catarina Dickmann Poerner, cursou o primeiro grau em uma escola estadual em Santa Tereza. Começou a fazer o segundo grau no Colégio Amaro Cavalcanti, no bairro do Catete, mas foi para Angra dos Reis estudar no Colégio Naval em 1957. Em 1959, ingressou na Escola Naval, mas desistiu logo no ano seguinte. Em 1964, entrou para Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Poerner começou sua carreira em 1962, como repórter do Jornal do Commercio, no Rio de Janeiro. Ainda no mesmo ano, foi redator da Standard Propaganda e, em 1963, do Correio da Manhã. Trabalhou também como articulista da revista Civilização Brasileira e como diretor da Folha da Semana – semanário do Partido Comunista Brasileiro –, motivo pelo qual acabou por responder a dois processos que o acompanharam durante vários anos.

Em 1965, Poerner foi co-autor da obra Assim marcha a família, com José Louzeiro e outros. Em 1966, lançou o livro Argélia: o caminho da independência. Ainda naquele ano, teve todos os seus direitos políticos suspensos pelo então presidente Castelo Branco. Dois anos depois, publicou O poder jovem: história da participação política dos estudantes brasileiros. O livro, até hoje, é o mais importante trabalho de síntese sobre a história do movimento estudantil no Brasil.

Em dezembro 1968, Arthur José Poerner trabalhava como repórter especial do Correio da Manhã com o pseudônimo de Marco Antônio, escrevendo uma coluna diária sobre diplomacia e política externa. No dia 13 desse mês, estava na redação do jornal quando o locutor Alberto Curi leu em cadeia nacional a notícia do AI-5. Neste período, começou a invasão na redação do jornal por militares.

Em 1970, em parceria com Jorge Coutinho, Haroldo de Oliveira e Leléu da Mangueira, Poerner participou da criação do espetáculo Cartola convida – que ficou em cartaz no Rio por dois meses. Foi também em 1970 que se tornou parceiro de Candeia, compondo Saudade, gravada pelo parceiro no LP Seguinte… Raiz Candeia.:

Poerner foi preso na redação do Correio da Manhã, em abril de 1970, e exilado na Alemanha, aonde chegou a se tornar redator e locutor da rádio Voz da Alemanha. Em Berlim, em 1972, compôs as canções Meu lamento e Vou-me embora, ambas gravadas somente em 1976, pela intérprete Eliana Pittman no LP Pra sempre.

Mesmo no exílio, o jornalista trabalhou como correspondente do diário carioca Tribuna da Imprensa, do semanário Pasquim e da revista Isto É. Em 1976, lançou o livro Memórias do exílio, em Lisboa, e, no ano de 1978, em Barcelona, escreveu o romance Nas profundas do inferno, baseado nas experiências de prisão política. O livro foi lançado na Espanha e recebeu o prêmio Verrina-Lorenzon de literatura na Itália, antes mesmo da publicação das duas edições esgotadas no Brasil.

Com a anistia, Poerner voltou ao Brasil em 1984 e trabalhou como editor de Cultura da TV Globo por um ano. Nesse período, escreveu para a revista Cadernos do Terceiro Mundo e para os jornais O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil. Foi presidente do Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro, entre 1987 e 1990, e também presidente do Museu da Imagem e do Som, entre 1991 e 1994. No ano de 1995 conclui sua pós-graduação em Comunicação Social com a tese Identidade Cultural na era da Globalização, publicada como livro dois depois.

Participou do Conselho de Carnaval do Rio de Janeiro e do Conselho Administrativo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e lecionou na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Em 1998, junto com nomes como Paulinho da Viola e Sérgio Cabral, lanço o livro-CD Candeia: eterna chama. Em 2000, fez parte de uma coletânea sobre a resistência à ditadura militar chamada Nossa paixão era inventar um novo tempo e recebeu a Medalha de Mérito Pedro Ernesto, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, entregue àqueles que mais se destacam na comunidade brasileira.

Foi somente no ano de 2002 que a gravação original do samba Vou-me embora, escrito por Porner e Baden Powell, foi lançada no CD O tom do Leblon. Ainda em 2004, participou da criação do semanário O Pasquim21, do qual foi articulista até o seu fim, e começou a escrever para o Jornal de Copacabana.

No dia oito de agosto de 2004, em São Paulo, Poerner esteve no lançamento da quinta edição do livro O Poder Jovem. Em discurso, o autor disse estar acompanhando as transformações ocorridas nos 26 anos que separam as cinco edições de sua obra. Mas, segundo ele, “o poder jovem continua atual. A luta continua”.

Arthur Poerner passou pelo PDT e pelo PT e sempre se declarou um amigo do PCdoB e da UNE.

O jornalista, escritor e compositor Arthur José Poerner faleceu na noite de 30 de junho de 2022, no Rio de Janeiro.

Poerner, presente!

Fonte: Texto de Itamar de Assis Jr no portal da UNE