A exoneração de Andrey Lemos da Diretoria de Prevenção e Promoção do Ministério da Saúde tem causado muita insatisfação em movimentos sociais e organizações da sociedade civil.

Durante o 1º Encontro de Mobilização para Promoção da Saúde no Brasil, promovido pelo Ministério da Saúde, foram realizadas apresentações culturais, contemplando a diversidade cultural do país. Uma dessas apresentações foi criticada por organizações evangélicas por um suposto caráter sensual. Num ato de gerenciamento de crise, o Ministério da Saúde optou por exonerar Andrey Lemos da diretoria responsável pela organização do evento.

A demissão, no entanto, não foi bem aceita pela sociedade civil.

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) discordou da exoneração de Andrey Lemos da Diretoria de Prevenção e Promoção do Ministério da Saúde. De acordo com a nota do CNS, “não é admissível se omitir diante de ataques tão graves à história de um servidor público que dedica sua vida por outras vidas, e tampouco tolerar manifestações de racismo, preconceito, LGTfobia e discriminação racial”. Leia aqui a nota do Conselho Nacional de Saúde

A União de Negros e Negras pela Igualdade (UNEGRO) expressou publicamente a opinião de que a demissão de Andrey Lemos “é lamentável e abre precedentes perigosos para o governo, pois acolhe uma crítica moral de raiz de cunho fundamentalista religiosa”. Leia aqui a nota da Unegro

Já a União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (UNALGBT) registrou em nota pública que “milhares de pessoas conhecem, respeitam e admiram Andrey Lemos, por testemunharem sua valiosa e indispensável contribuição para o Brasil, seja por meio de ativa liderança nos movimentos sociais, seja no âmbito institucional”.

Leia abaixo a íntegra da nota da UNALGBT:

NOTA DE SOLIDARIEDADE

A União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – UNALGBT e demais entidades subscritas vêm se solidarizar com Andrey Lemos, que até o momento esteve Diretor do Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, ao qual está sendo atribuída a responsabilidade pelo número de dança que repercutiu neste final de semana, em evento do Ministério da Saúde.

Uma enorme onda de comentários e reações vem cumprindo o papel de atacar, ridicularizar, criminalizar e escarnecer a trajetória de um dedicado servidor público, negro, gay, nordestino, historiador, e Doutorando em Saúde Coletiva, militante da luta por uma sociedade com mais equidade e direitos para todas as pessoas, que, há décadas, pauta a importância da universalidade do SUS e da Saúde Pública brasileira. 

O trabalho desenvolvido por Andrey Lemos sempre refletiu seriedade, responsabilidade e compromisso com o Brasil. No Ministério da Saúde não foi diferente. 

O que está posto e motiva esta nota se amplia, sem dúvidas, fortalecido por segmentos que desejam fragilizar o Governo Federal democraticamente eleito. Estes mesmos segmentos, que visam fortalecer suas narrativas a partir de um fato isolado, se calaram diante da necropolítica do desgoverno anterior, que resultou na perda de mais de 700 mil vidas apenas pela Covid-19 e pela campanha contra a vacinação. 

Infelizmente, o ocorrido tem tido mais destaque do que a larga trajetória de um homem justo, que sempre fez das pautas coletivas as suas bandeiras e que, certamente, saberia administrar os efeitos do ocorrido, notadamente resultante de ato espontâneo por parte das pessoas envolvidas. 

Lamentavelmente, ainda, preferem enfatizar a performance em questão a ressaltar a discussão política e os encaminhamentos do I Encontro de Mobilização para a Promoção da Saúde no Brasil. Um momento inédito e histórico, cujos objetivos foram apoiar a implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde, alicerçar a construção da atenção primária do futuro e fortalecer o SUS para cuidar mais e melhor da nossa gente, do povo brasileiro. 

Assim como as entidades que subscrevem esta nota, sem dúvidas, milhares de pessoas conhecem, respeitam e admiram Andrey Lemos, por testemunharem sua valiosa e indispensável contribuição para o Brasil, seja por meio de ativa liderança nos movimentos sociais, seja no âmbito institucional.

Dirigindo-nos agora ao nosso querido Andrey, dizemos: receba nosso apoio incondicional! Sinta-se abraçado, apoiado e amado, como sempre foi e sempre será! 

“Quando o homem decidir reformar a sua consciência, o mundo tomará outro roteiro.” Carolina Maria de Jesus.