Por Osvaldo Bertolino

Na noite de terça-feira (12), João Batista Lemos, dirigente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), lançou a sua biografia Memórias Vermelhas, na sede nacional do Partido, na cidade de São Paulo. O livro é uma publicação da Fundação Maurício Grabois, em parceria com a editora Anita Garibaldi.

Nádia Campeão, secretária nacional de Organização do PCdoB, coordenou a mesa dos trabalhos, integrada também por Nivaldo Santana, secretário nacional Sindical e prefaciador do livro. Por vídeo, Batista recebeu saudações de Luciana Santos – presidenta do PCdoB –, Renato Rabelo – ex-presidente do PcdoB e da Fundação Maurício Grabois – e Adalberto Monteiro – presidente da Fundação Maurício Grabois.

Na plateia estavam dirigentes do PCdoB nacional, estadual e municipal, entre eles Carlos Lopes (vice-presidente), José Reinaldo – presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta Pela Paz (Cebrapaz) e membro do Comitê Central – e Socorro Gomes (também do Cebraaz), Rovilson Brito (presidente estadual do PCdoB) e Alcides Amazonas (presidente municipal do PCdoB). Estavam presentes também dirigentes da Fundação Maurício Grabois, como Rosanita Campos e Nilson Souza – da Cátedra Cláudio Campos – e Leocir Costa Rosa, além de representantes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). A central Força Sindical foi representada por João Carlos Juruna, seu secretário-geral.  

Nivaldo informou que o livro foi lançado em outras regiões – como Belém do Pará e Rio de Janeiro –, mas era importante ter um lançamento em São Paulo, onde Batista tem importante trajetória. Ele reencontrou no evento antigos companheiros de luta, entre eles Osmar Mendonça, importante liderança sindical dos tempos das greves do ABC Paulista nas décadas de 1970 e 1980. Osmar se emocionou ao remorar aquele período e ao se dirigir a Batista como companheiro por quem tem grande apreço.

Batista disse que um dos méritos do livro é mostrar questões das quais se pode tirar lições. Ele fez um histórico de sua experiência e falou de sua trajetória de lutas, iniciada na primeira idade. Filho de uma família habituada a debater as questões fundamentais do país, teve uma convivência com o movimento estudantil e com a esquerda católica, num momento de combate ao autoritarismo do golpe militar de 1964.

Em 1973 ingressou no Partido Comunista do Brasil (PCdoB), militando como operário primeiro na cidade de Campinas, depois no ABC paulista, como trabalhador da Volkswagem e outras empresas. Participou da ascensão da luta dos trabalhadores no final da década de 1970, como militante no contexto em que Luiz Inácio Lula da Silva despontou como destacada liderança sindical.

Participou do mais importante evento daquela conjuntura, a Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras, a Conclat, realizada 1981, e da ocupação do conjunto residencial Centrevile, em Santo André, um marco da luta por moradia. Logo assumiria a secretaria sindical do PCdoB em São Paulo e, pouco tempo depois, a secretaria sindical nacional, como membro do Comitê Central. Liderou o debate na transição do sindicalismo classista dos primeiros movimentos pela unidade dos trabalhadores, até a criação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, a CTB, em 2007.

Foi um processo longo de aprendizado e lições, sobretudo a partir da ideia de formar a Corrente Sindical Classista, a CSC, em 1988. Nesse período, Batista se destacou também como organizador da participação do sindicalismo classista brasileiro no cenário internacional, com a filiação da CSC à histórica Federação Sindical Mundial, passo importante para vincar no Brasil a tendência do sindicalismo de tradições revolucionárias.

Batista também foi a referência mais destacada na transição para a unificação do sindicalismo classista à Central Única dos Trabalhadores, a CUT, num momento em que a esquerda estava se unindo, tendo como núcleo o PT e o PCdoB.

Foi uma evolução natural para a criação da CTB. Em seguida, Batista deixou a Secretaria Sindical e se encarregou de dirigir o PCdoB no estado do Rio de Janeiro, onde despenhou importante papel nos combates à marcha golpista e ao governo Bolsonaro. A leitura de sua biografia é uma visita a essa rica trajetória de lutas e lições.

O livro é de autoria do de Ismael Machado, premiado escritor Ismael e jornalista, autor dos livros biográficos de Paulo Fonteles e Newton Miranda, históricos dirigentes e militantes do PCdoB. Escreveu também Golpes e contragolpe: o Pará e a ditadura militar. Ismael venceu doze prêmios jornalísticos, incluindo duas vezes o Prêmio Vladimir Herzog. Foi também um dos organizadores do Relatório da Comissão da Verdade-Pará, lançado em 2023.

Está à venda na livrariaanita.com.br