Walter Sorrentino: Ditaduras e golpes, nunca mais!
Artigo do vice-presidente nacional do PCdoB, Walter Sorrentino, sobre os 60 anos do golpe militar no Brasil
Há 60 anos, em 1º de abril, a ditadura militar de 1964 mergulhou o Brasil numa noite escura, por 21 anos. Alienou o interesse nacional, aviltou a soberania econômica, concentrou renda e pobreza, extinguiu direitos sociais, alinhou-se com os interesses norte-americanos no mundo.
A Constituição foi rasgada, as Instituições, postas sob o Estado de Exceção. A liberdade de imprensa e a cultura foram tratadas como ameaça, brasileiros foram declarados inimigos internos e sujeitos ao exílio, prisões, torturas, mortes e desaparecimentos pelo terrorismo de Estado.
Com grandes sacrifícios, os brasileiros se levantaram numa corrente pela Democracia, um dos momentos mais combativos da história da nacionalidade – a luta pela Anistia, Constituinte e Diretas Já.
Hoje a Democracia precisa ser defendida uma vez mais. A mudança do regime político e contra o Estado de direito democrático foram promovidas pelo governo Bolsonaro. Cristalizou-se na infame jornada golpista de 8 jan, preparada no seio das instituições de Estado sob comando do presidente da República.
Uma vez mais, o amplo arco de forças democráticas foi mais forte e venceu o desafio. Mas o perigo não terminou. Cabe às forças populares e da sociedade civil, assim como às Instituições do país, seguirem alertas e unidas.
É preciso a apuração e condenação exemplares dos mandantes, financiadores e participantes da tentativa de golpe, civis ou militares, no governo ou fora dele. São crimes inafiançáveis contra o Estado Democrático de Direito e precisam ser punidos.
O Governo Lula precisa instalar os trabalhos da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. O pedido de desculpas do Estado pelas violações cometidas no regime militar honra a memória das vítimas e o respeito a seus familiares, .
As Forças Armadas precisam cumprir integral respeito à Constituição e conquistar o respeito da nação pelo profissionalismo militar, sem tutelas sobre a nação, e pela capacidade de formular uma Política de Defesa Nacional em consonância com a soberania nacional, a soberania popular e a inserção soberana do Brasil no mundo, sob o comando supremo civil do Presidente da República e da Constituição.