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Magda Chambriard fala sobre importância do petróleo para o Brasil

26 de setembro de 2024

Presidenta da Petrobras argumenta que a empresa tem preocupação ambiental e investe em bionenergia. Esse investimento “mostra a responsabilidade da Petrobras em relação ao meio ambiente e como nós estamos levando a sério o net zero em 2050”, diz Chambriard.

Matéria publicada originalmente no Eixos

A disputa comercial em torno do suprimento global de energia influencia o debate climático no Brasil, defendeu a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, nesta quarta (25/9).

Em sua primeira entrevista exclusiva desde que assumiu a gigante brasileira, Chambriard explorou um argumento que ganha força no governo brasileiro e é repetido pelas petroleiras que atuam no país: não produzir, mas consumir petróleo estrangeiro terá um efeito na contramão das metas climáticas, elevando as emissões domésticas.

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Na sua visão, o debate está contaminado pela disputa comercial, em que países ricos tentam influenciar nas decisões globais, em razão de vantagens comerciais.

Magda Chambriard falou ao estúdio eixos, na Rog.e. 

Na entrevista, defendeu a necessidade de o país continuar explorando petróleo, além de como a companhia será protagonista na redução dos preços do gás natural, o retorno das plantas de fertilizantes e novos investimentos, até mesmo em etanol.

Chambriard argumentou que a crescente oferta de bioenergia no mercado brasileiro, inclusive pela companhia sob sua liderança, “mostra a responsabilidade da Petrobras em relação ao meio ambiente e como nós estamos levando a sério o net zero em 2050”.

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Há, contudo, um “lobby exacerbado do primeiro mundo”, afirmou.

“A Europa é um espelho do mundo. O petróleo da Europa já acabou faz tempo, o que eles têm lá é resíduo, eles já não têm mais isso. Ou [têm] em antigas colônias”.

Com a “franqueza de uma engenheira de petróleo”, a executiva foi direta ao afirmar que, no fundo, uma rota de transição que abandone os combustíveis líquidos — fósseis e renováveis — interessa a países que não detém esses recursos ou teriam que pagar mais caro por eles.

“Então, se eu fosse europeia, eu ia estar dizendo a mesma coisa: ‘Olha, eu quero transição energética porque eu não tenho petróleo, não me interessa esverdear o meu combustível porque eu vou pagar caro por ele, mas eu tenho tecnologia e quero vender para quem compre [essa] transição energética”.

Enquanto restaria aos países em desenvolvimento a despesa de adaptar toda a infraestrutura existente.  

“Quando a gente fala de ‘transição energética justa’, estamos falando de uma [outra] transição energética, que é cara, que exige uma troca brutal e uma construção brutal de infraestrutura. Que tem que ser paga e não pode ser feita de uma hora para a outra”.

“E eu tenho dúvida se o Ibama licenciaria isso nessa velocidade que eles [defensores de uma transição sem petróleo] pretendem”, provocou a executiva.

Nos cenários da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), há uma piso na redução do consumo de derivados de petróleo, mesmo com maior penetração de veículos elétricos.

A demanda nacional de derivados de petróleo é crescente e se mantém acima de 3 milhões boe/d em 2050 em todas trajetórias avaliadas.

Sem novas descobertas de petróleo, contudo, as previsões são de queda na produção na próxima década, antes do estimado anteriormente.

Ao passo que o petróleo brasileiro tem uma intensidade de carbono menor, em razão de fatores como a matriz elétrica majoritariamente limpa e a escala da produção no pré-sal.

“Enquanto o mundo tem 16% de renováveis, nós já temos 50%. Enquanto o mundo aspira 39% em 2050, a gente já ultrapassou essa marca há muito tempo e aspira 64% [de matriz energética renovável]”, afirmou Chambriard, em linha com a visão do governo.

“Eu gosto de dizer também que o Brasil emite 1% do CO2 do planeta. Apenas 1%. E a indústria de energia no Brasil emite 24% deste 1%. E a Petrobras sabe quanto? 2,1%. Então, a nossa emissão é 2,1% de 1%, é quase nada”, diz. 

Também nesta quarta (25/9), Lula afirmou que o Brasil seguirá explorando petróleo, inclusive com a abertura de novas fronteiras, a exemplo da Margem Equatorial, para então transformar a Petrobras em uma empresa de energia.

“Quando o petróleo acabar, a Petrobras tem que estar produzindo outras energias que o Brasil e o mundo precisam”, disse a jornalistas no encerramento da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

Por aqui, Magda Chambriard fez uma provocação na mesma linha: “vamos dizer que a Petrobras hoje pudesse fechar suas portas, não produzir mais nenhuma gota de petróleo e não explorar mais nenhuma oportunidade exploratória. O que vocês acham que aconteceria neste país?” 

“Muito provavelmente, iríamos economizar 2,1% de 1% [de emissões], deixar entrar um combustível que é mais poluente do que o nosso e tornar o país muito mais pobre”.