Observatório Internacional: 75 anos da República Popular da China
O Estado socialista chinês foi fundado em 01 de outubro de 1949.
No dia 01 de outubro de 1949, sob a liderança de Mao Tse Tung, o povo chinês estabeleceu um novo momento em sua milenar história. Com um caráter socialista, teve início ali um novo modelo de Estado no país, a República Popular da China.
Grosso modo, podemos dividir a história da República Popular da China em três grandes fases. A primeira fase, que tem em Mao Tse Tung sua grande face, é caracterizada pela revolução que levou os comunistas ao poder e pela Revolução Cultural que reorganizou as bases da sociedade chinesa. A segunda fase, liderada por Deng Xiaoping, teve início em 1978 com o processo de reforma e abertura que desenvolveu a economia do país. Já a terceira fase é marcada pelo avanço geopolítico da China promovido pelo atual presidente, Xi Jinping.
A primeira fase: Mao Tse Tung e o estabelecimento do socialismo
Presidente do Comitê Central do Partido Comunista da China, Mao Tse Tung liderou o país entre 1949 e 1959. Na década seguinte, lançou a Revolução Cultural, movimento que durou dez anos, entre 1966 e 1976. Seu objetivo era livrar o país de todos os resquícios do sistema capitalista e da ideologia burguesa.
Seu governo, no entanto, teve grandes dificuldades econômicas. Ao trazer todos os meios de produção para as mãos do Estado chinês de uma só vez, Mao acabou tornando demasiadamente rígida e inflexível a economia do país.
Com a morte de Mao, em 1976, chegou ao fim a Revolução Cultural. Em seguida, teve início uma nova fase que partiu do aprendizado dos erros cometidos no período anterior.
A segunda fase: a Reforma e Abertura de Deng Xiaoping
Após a morte de Mao, Deng Xiaoping se tornou o grande líder do partido e do país no período entre 1978 e 1990. Xiaoping foi o responsável por uma grande virada no modelo econômico do país. Já no ano de 1978, lançou oficialmente o programa conhecido como Reforma e Abertura.
Para dinamizar a economia, a reforma e Abertura permitiu a entrada controlada de capital estrangeiro e criou Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) no litoral do país. Essas ZEEs foram planejadas para receber a instalação de diversas empresas de economia mista voltadas para a exportação.
Em Shenzhen, por exemplo, cidade modelo de ZEE que -é conhecida como o “Vale do Silício chinês”, encontramos a sede de grandes companhias como a produtora de carros elétricos BYD e a empresa de telecomunicações Huawei.
Com o modelo econômico da Reforma e Abertura, que foi seguido pelos presidentes Jiang Zemin, Hu Jintao e Xi Jinping, a China se tornou a grande potência econômica dos dias atuais. É nesse contexto que se dá o declínio relativo do poder dos Estados Unidos e a ascensão acelerada da China na geopolítica.
A terceira fase: Xi Jinping e a Nova Rota da Seda
Xi Jinping assumiu a presidência da China em 15 de março de 2013. Seu governo tem um claro sentido de continuidade com os anteriores da segunda fase. Contudo, a ênfase dada pelo atual presidente do país para a geopolítica, a diplomacia e a política externa é bem maior que a de seus antecessores.
Já em setembro de 2013, Xi Jinping começou a apresentar ao mundo as bases do que seria a chamada “Nova Rota da Seda” ou “Um cinturão, uma Rota”. Trata-se de uma forte política de investimentos em infraestrutura para conectar a China com países de todo o mundo, com ênfase no Sul Global.
Em sintonia com a Nova Rota da Seda, o governo de Xi Jinping foi um dos principais incentivadores da criação, em 2014, do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco dos BRICS. Diferentemente do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), o NDB tem por objetivo estimular a economia dos países emergentes do Sul Global.
Tudo isso está sintetizado no lema “Comunidade com Futuro Compartilhado para a Humanidade”, a mensagem defendida por Xi Jinping para a preservação da paz no cenário global.
Ao mesmo tempo, na economia interna, o país de 1,409 bilhão de pessoas registrou em 2020 a erradicação da extrema pobreza em seu território.
Nos 75 anos da República Popular da China, podemos afirmar, sem muitas dúvidas, que o mundo está melhor com ela do que sem ela.
Theófilo Rodrigues é professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Candido Mendes (PPGSP-UCAM).