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Maurício Pestana: Diversidade e inclusão em tempos de saúde mental

5 de novembro de 2024

Maurício Pestana apresenta os debates que ocorreram no X Fórum Brasil Diverso

Com duas guerras em curso envolvendo países de potencial nuclear, polarização política em vários cantos do planeta e com temas atuais como identitarismo, exclusão, meio ambiente, racismo, entre outros, a edição de no 10 do Fórum Brasil Diverso se afirmou como um espaço de grandes discussões globais, trazendo convidados internacionais e contando, inclusive, com a ministra de Direitos Humanos Macaé Evaristo.

Percebi na riqueza dos debates deste ano, para além dos temas diversidade e inclusão, a complementação de outras abordagens como saúde mental e direitos humanos. O evidente contexto pós-eleitoral no Brasil do encontro fez submergir a complexidade de um cenário que projeta mudanças profundas de como se dará, no futuro, a abordagem de políticas de inclusão racial e de gênero em um cenário mais conservador, desafiando as conquistas sociais que por tanto tempo foram construídas e defendidas por setores mais progressistas.

A polarização que permeia o debate político atual não é exclusiva do Brasil. Nos Estados Unidos, a ascensão do trumpismo, visto por muitos não apenas como uma ameaça à democracia, mas também aos direitos de grupos historicamente marginalizados, é um lembrete contundente de que o retrocesso é uma possibilidade real. Nesse contexto, a luta por diversidade e inclusão torna-se ainda mais desafiadora.

A saúde mental, mesmo que não debatida de forma direta, permeia algumas discussões no aspecto individual e nos reflexos coletivos advindos das condições sociais e políticas em que vivemos. Esses e outros temas não podem ser desassociados da pauta dos direitos humanos, ressaltou a ministra durante o evento.

O estigma e a discriminação afetam profundamente o bem-estar emocional de indivíduos e comunidades, especialmente aqueles que se encontram à margem da sociedade. Em tempos de crise, a necessidade de um diálogo aberto sobre esses temas se torna imperativa.

A diversidade e inclusão, embora frequentemente celebradas em discursos, enfrentam desafios significativos na prática. Políticas identitárias, que buscam reconhecer e valorizar as diferenças, muitas vezes se perdem no individualismo narcisista de indivíduos sem bagagem política ou ideológica, fragilizando uma luta coletiva, nos expondo a ataques  daqueles que propõem uma visão homogênea de uma sociedade diversa. No entanto, é fundamental lembrar que a diversidade não é apenas uma questão de representação, mas de reconhecimento das experiências e desafios únicos que diferentes grupos enfrentam.

Nesse ambiente de confronto ideológico, é vital que continuemos a promover espaços de diálogo e, principalmente, de união e respeito ao diverso, algo muito presente no encontro. O Fórum Brasil Diverso nos lembrou da importância de unir vozes em defesa da inclusão, ressaltando que essa é uma luta coletiva, de brancos, negros, homens, mulheres, independentemente de sua formação, pois como disse na abertura, para um público diverso, inclusive ideologicamente, “se há dois pontos que podem reunificar um país, a diversidade e a inclusão se apresentam como tais”. E, para aqueles que querem pegar carona no enfraquecimento do tema por conta das decisões da conservadora Suprema Corte americana, devemos lembrar que “diversidade e inclusão no Brasil, maior país negro do mundo fora da África, não é uma questão legal e sim moral!”.

Maurício Pestana é jornalista, presidente do conselho editorial da revista Raça e comentarista para áreas de Diversidade e Inclusão da CNN Brasil.

Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial dFMG