Brasil traz questão socioambiental para o centro do G20
Brasil quer discutir sustentabilidade, desigualdades e nova governança global no G20.
Nos próximos dias 18 e 19 de novembro, o Brasil recebe pela primeira vez a Cúpula dos Líderes do Grupo dos 20 (G20), reunião das principais economias do planeta. Entre tantas lideranças importantes, estarão no Rio de Janeiro, cidade sede do evento, os presidentes de Estados Unidos, Joe Biden, da China, Xi Jinping, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
O encontro anual do G20 começou a acontecer em 2008, após a grande crise econômica internacional que teve início naquele ano. Desde então, foram 19 Cúpulas contando com a deste ano no Rio de Janeiro.
O G20 possui uma presidência que é rotativa e que está, neste momento, sob o comando do Brasil. Por essa razão, o evento acontece no Rio de Janeiro, em uma parceria do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o prefeito da cidade, Eduardo Paes.
Como anfitrião do G20, o governo brasileiro estabeleceu três grandes temas para serem discutidos nesses dois dias:
o combate à fome, à desigualdade e à pobreza; a questão das mudanças climáticas, da sustentabilidade e de uma transição energética justa; e
uma nova governança global, para que os países do Sul Global tenham mais representatividade em órgãos como a Organização das Nações Unidas (ONU).
Como se vê, o Brasil trouxe a questão socioambiental para o centro da mesa do debate global. Sinalização importante que serve como prévia para a realização da COP 30, em 2025, em Belém do Pará. Trata-se de uma tradição. Afinal, também no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, foram realizados alguns dos principais fóruns ambientais da história como a Eco 92 e a Rio +20.
Contudo, as metas que o Brasil propõe ao mundo são ousadas e encontram alguns obstáculos na política internacional. Não bastassem as dificuldades de coordenação entre tantas nações, a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA empurra o maior país poluidor do mundo em direção contrária aos interesses do planeta. Com efeito, em tempos de ascensão acelerada da China no cenário global, o imperialismo norteamericano está mais preocupado com a reversão da sua perda relativa de poder do que com qualquer outra coisa.
Independentemente dos resultados que possam ser obtidos pelo encontro – provavelmente serão poucos -, a agenda levantada pelo atual governo brasileiro apresenta ao mundo o país como importante liderança do Sul Global. E é justamente aí que devemos depositar nossas esperanças no futuro: no Sul Global.
Theófilo Rodrigues é professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UCAM.
Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial da FMG