O fracking é uma grande opção para o Brasil ter segurança energética e gás barato
Ex-diretor da ANP, Allan Kardec Duailibe Barros Filho defende a exploração de gás por meio do fraturamento hidráulico, o fracking.
O fraturamento hidráulico, conhecido como fracking, representa uma faceta importante na discussão sobre a segurança energética e econômica do Brasil.
A técnica, que já é amplamente utilizada nos Estados Unidos e tem se espalhado por outras regiões, como a Argentina, envolve a injeção de fluidos em alta pressão para fraturar rochas subterrâneas e liberar gás natural e petróleo.
No contexto brasileiro, onde o preço do gás natural é uma preocupação crescente, o fracking poderia oferecer uma alternativa para reduzir a dependência de importações e controlar os custos internos de energia.
A importância do fracking para o Brasil pode ser vista sob várias perspectivas. Primeiramente, há o potencial para aumentar a oferta interna de gás natural.
Como um país que já importa uma quantidade significativa de combustíveis como gasolina, diesel e gás natural produzidos por meio dessa técnica, principalmente dos Estados Unidos, o desenvolvimento de capacidades de fracking no Brasil poderia ajudar a equilibrar a balança comercial de energia e contribuir para a estabilidade dos preços no mercado interno.
De fato, é bom lembrar o programa “Gás para Empregar”, recentemente instituído pelo governo brasileiro, uma iniciativa estratégica que visa promover a reindustrialização do país através de um melhor aproveitamento do gás natural produzido nacionalmente.
Este programa se concentra em aumentar a oferta de gás natural no mercado doméstico, melhorando o retorno econômico e social da produção nacional de gás. Isso envolve aumentar a disponibilidade de gás para produção de fertilizantes e produtos petroquímicos, reduzindo a dependência de insumos estratégicos importados.
Além disso, o Brasil anunciou recentemente um acordo de importação de gás natural com a Argentina, que começará a fornecer ao Brasil a partir de 2025. Este acordo não apenas fortalece os laços energéticos entre os dois países, mas também contribui para a diversificação das fontes de gás natural do Brasil, ajudando a estabilizar a oferta e potencialmente moderar os preços no mercado interno.
Segundo especulações da imprensa, o gás seria vendido pela Argentina a US$ 2,00 dólares por milhão de BTUs e poderia chegar ao Brasil em torno de US$ 8,00 dólares.
Como pagamos em torno de US$ 14,00 dólares hoje no Brasil, há fortes expectativas de mudança no mercado do país, com o preço caindo.
Adicionalmente, o fracking poderia impulsionar a autossuficiência energética do Brasil.
A expansão da produção nacional de gás não só reduziria a vulnerabilidade às flutuações de preços internacionais, mas também fortaleceria a segurança energética nacional.
Os desafios políticos e ideológicos também são fatores relevantes. O debate sobre o uso do fracking no Brasil é frequentemente polarizado, com fortes resistências em várias regiões do país, especialmente em estados que já proibiram essa prática devido a preocupações ambientais e impactos sobre outras atividades econômicas, como a agricultura.
Investimentos em pesquisa e desenvolvimento são fundamentais para abordar esses desafios.
A tecnologia e a inovação podem oferecer soluções para minimizar os impactos ambientais do fracking, possibilitando uma exploração mais segura e sustentável dos recursos naturais.
O Brasil, ao considerar o fracking como parte de sua matriz energética, deve também avaliar cuidadosamente as regulamentações e práticas de governança que garantam um equilíbrio entre crescimento econômico e proteção ambiental.
A adoção de práticas de fracking seguras e regulamentadas pode ajudar o Brasil a alcançar seus objetivos energéticos e econômicos, mas isso deve ser feito com uma consideração cuidadosa dos custos e benefícios, tanto imediatos quanto de longo prazo.
Allan Kardec Duailibe Barros Filho, 55 anos, é doutor em engenharia da informação pela Universidade de Nagoya (Japão). É professor titular da UFMA (Universidade Federal do Maranhão). Foi diretor da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e atualmente é presidente da Gasmar (Companhia Maranhense de Gás). É pesquisador do Grupo de Pesquisa sobre Transformação ecológica e diversificação energética da Fundação Maurício Grabois.
Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial da FMG.