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Sustentabilidade: COP29 e o Brasil – Caminhos para a Liderança Climática na COP30

5 de dezembro de 2024
"O Brasil desempenhou um papel estratégico como mediador na COP29, reafirmando seu compromisso com a liderança climática", aponta Neide Freitas.

“O Brasil desempenhou um papel estratégico como mediador na COP29, reafirmando seu compromisso com a liderança climática”, aponta Neide Freitas.

A 29ª Conferência das Partes (COP29), realizada em Baku, demonstrou a complexidade e os desafios da governança climática global. Apesar de avanços pontuais, como a operacionalização do Artigo 6 do Acordo de Paris e na definição inicial da Meta Global de Adaptação, o compromisso com metas de financiamento que atendam às reais necessidades dos países em desenvolvimento ficou muito aquém das expectativas, transferindo grandes responsabilidades para a COP30, em Belém.

A Nova Meta Global de Financiamento Climático foi uma das pautas mais acirradas, culminando em um acordo insuficiente, embora aponte numa direção progressiva. A determinação de triplicar o financiamento climático até 2035 e a promessa de mobilizar US$ 1,3 trilhões para países em desenvolvimento são metas a perseguir, assim como os desafios de implementação.

Para o Brasil, esse é um momento importante para influenciar o desenho de mecanismos de financiamento que atendam não só às necessidades de mitigação, mas também às demandas de adaptação e desenvolvimento sustentável. O setor produtivo brasileiro pode se beneficiar, por exemplo, de investimentos em infraestrutura verde, tecnologias limpas e projetos de bioeconomia.

Leia mais: Inamara Mélo: COP29, um copo meio vazio

Outro ponto que merece destaque é a definição na operacionalização do Artigo 6 do Acordo de Paris, um dos poucos avanços substanciais da COP29, que abre caminhos para a criação de mercados globais de carbono. As novas regras estabelecem diretrizes para transações de créditos de carbono, com salvaguardas ambientais e sociais que prometem integridade e inclusão. Para o Brasil, que possui um potencial imenso em projetos de carbono florestal e tecnologias agrícolas sustentáveis, esse mercado representa uma oportunidade econômica significativa. Projetos voltados para a Amazônia e outras biomas podem atrair investimentos e criar empregos qualificados, além de fortalecer o protagonismo do país no combate às mudanças climáticas.

Nesse cenário, a COP30, em Belém, já é vista como um ponto de inflexão na governança climática global e um teste de liderança para o Brasil, diante da expectativa de transformar as discussões das COPs de Dubai e Baku em ações concretas. O êxito exige grande esforço governamental e diplomático, além do engajamento do setor produtivo e da sociedade civil.

O Brasil desempenhou um papel estratégico como mediador na COP29, reafirmando seu compromisso com a liderança climática. Agora, temos a oportunidade de transformar a COP30 em um marco histórico, alinhar os sólidos e fortes compromissos ambientais e o setor produtivo com as metas do clima e as oportunidades da economia verde global, alavancando a bioeconomia, o mercado de carbono e a adaptação climática para fortalecer o papel do Brasil no cenário global e dar passos sólidos na ambição de frear o aquecimento global.

Vamos a Belém!

Neide Freitas é Mestranda em mudanças climáticas. Líder de projeto na Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa sobre Transformação ecológica e diversificação energética da Fundação Maurício Grabois.

Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial dFMG.