Boas vindas ao Portal Grabois, conheça nossa marca
Boas vindas ao Portal Grabois, conheça nossa marca
O que você está procurando?

Bancos internacionais e especuladores lucraram 25% a mais em 2024 com ataques às moedas dos países emergentes

10 de janeiro de 2025

Saiba quem ganhou, quem perdeu e quanto os bancos lucraram com os ataques especulativos do dólar que desestabilizaram economias emergentes.

Crédito: 401kcalculator.org/CC
Crédito: 401kcalculator.org/CC

Evidências nos balanços e estudos recentes apontam que os bancos internacionais desempenharam um papel central em ataques especulativos, utilizando swaps cambiais e derivativos para lucrar com a desvalorização de moedas locais dos países emergentes. A literatura também indicou os impactos desproporcionais em países com economias mais abertas e dependentes de capital externo.

Em 2024, o cenário econômico global foi marcado por uma intensa valorização do dólar, que pressionou as moedas de diversos países emergentes. Essa dinâmica foi impulsionada por fatores como o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, tensões geopolíticas e a busca por ativos considerados seguros em momentos de instabilidade, que aprofundaram as fragilidades cambiais e macroeconômicas, com consequências significativas para suas populações, governos e mercados financeiros.

Este artigo busca avaliar os impactos desses ataques especulativos, identificar quem foram os principais beneficiários e prejudicados e quantificar os lucros obtidos pelos bancos internacionais. A análise está embasada em dados financeiros de bancos globais e organizações internacionais, bem como em analises econômicas que explicam as crises cambiais.

Mecanismos de especulação a moedas e a lucratividade Bancária

Quando um ataque especulativo ocorre contra a moeda de um país emergente, os especuladores e grandes instituições financeiras, como bancos de investimento internacionais, buscam tirar proveito da depreciação das moedas locais. O processo de especulação geralmente envolve a venda de grandes quantidades de uma moeda para apostar na sua desvalorização, o que, por sua vez, acelera a queda da moeda e permite que os especuladores obtenham lucros consideráveis ao recomprá-la mais tarde a um preço mais baixo.

Esses bancos não apenas ganham com a desvalorização das moedas, mas também se beneficiam com o aumento do valor de ativos denominados em dólares, como títulos da dívida soberana e ações de empresas expostas a flutuações cambiais. Em um cenário de alta volatilidade cambial, esses bancos obtêm lucros significativos, dada a grande movimentação de capital que ocorre nos mercados financeiros globais.

Lucros de Bancos de Investimento Internacionais

Os principais bancos de investimento que se beneficiaram de tais movimentos especulativos incluem grandes players globais como o JPMorgan Chase, Goldman Sachs, Citigroup, Bank of America, e Deutsche Bank. Essas instituições operam com grandes volumes de transações de câmbio e instrumentos financeiros derivados, o que lhes permite capitalizar sobre as flutuações das moedas dos mercados emergentes.

Embora os lucros exatos de cada banco sejam difíceis de calcular sem informações detalhadas de suas operações internas, estudos e estimativas indicam que esses bancos podem ter obtido dezenas de bilhões de dólares em lucros devido à especulação cambial em 2024. Por exemplo, o JPMorgan Chase, que possui uma forte presença nos mercados de câmbio e derivados, relatou ganhos consideráveis provenientes de suas operações de câmbio em seus relatórios financeiros trimestrais de 2024. Esses lucros ocorreram devido à alta volatilidade nos mercados de moedas, que é típica em períodos de ataques especulativos.

Isso se deveu ao aumento da volatilidade nas moedas de economias como Brasil, Argentina, Turquia, Rússia e África do Sul, que viram suas moedas se desvalorizar entre 15% a 30% frente ao dólar durante os picos de especulação.

Estimativas de Lucros Durante o Ano de 2024

  • JPMorgan Chase: De acordo com o relatório de lucros do segundo trimestre de 2024, o JPMorgan Chase obteve ganhos líquidos de cerca de 4 bilhões de dólares em sua divisão de câmbio e derivativos, muito devido aos movimentos especulativos nos mercados emergentes. O banco aproveitou a desvalorização do real, da lira turca e do peso argentino, além da volatilidade nas moedas da Ásia e da África.
  • Goldman Sachs: O Goldman Sachs também reportou um aumento de 25% nos lucros provenientes de operações com câmbio, em grande parte devido à especulação contra as moedas de países emergentes. O banco lucrando com os movimentos de venda a descoberto nas moedas desses países, estimou que seus ganhos no segmento de câmbio em 2024 chegaram a cerca de 3,5 bilhões de dólares.
  • Citigroup e Bank of America: Outros grandes bancos, como o Citigroup e o Bank of America, observaram lucros significativos com a volatilidade cambial em 2024, estimados em 2 bilhões de dólares cada um. Esses lucros derivaram da apreciação do dólar frente as moedas de mercados emergentes e das operações com instrumentos financeiros derivados, como contratos futuros e swaps cambiais, que se beneficiam da desvalorização das moedas.

Benefícios das Flutuações de Moeda e Ativos em Dólares

Além da especulação direta contra as moedas emergentes, os bancos se beneficiaram de um aumento no valor de ativos denominados em dólares, como os títulos da dívida soberana de países emergentes. Como a moeda local se desvalorizava, o valor dessas dívidas em termos de moedas locais aumentava, fazendo com que os investidores que detinham esses ativos, incluindo grandes bancos, lucrarem com a reavaliação de seus ativos denominados em dólares.

Além disso, os bancos de investimento aproveitaram o aumento da demanda por dólares durante a crise cambial, o que resultou em uma valorização do dólar e em mais lucros provenientes das operações de câmbio.

Ataques especulativos contra moedas de países emergentes têm sido objeto de estudos desde crises como a asiática de 1997 e a crise da dívida na América Latina nos anos 1980. Segundo Krugman (1979), tais crises são frequentemente alimentadas por vulnerabilidades macroeconômicas, como baixas reservas internacionais e altos déficits fiscais. Stiglitz (2002) destacou o papel das políticas monetárias de países desenvolvidos, que podem exacerbar essas vulnerabilidades.

Após a crise de 2008, vários trabalhos acadêmicos e relatórios financeiros abordaram os efeitos da superemissão monetária pelo Federal Reserve (FED) e o uso desses recursos por grandes bancos americanos para comprar ativos e especular em mercados financeiros.

Alguns estudos relevantes incluem:

  1. Efeitos da Política Monetária Pós-2008:
    • Bernanke (2012): Avalia o impacto do “quantitative easing” (QE) na recuperação econômica e nos mercados financeiros globais. Destaca como a expansão monetária estimulou a valorização de ativos financeiros nos EUA e sua repercussão global.
    • Gagnon et al. (2011): Discutem os mecanismos pelos quais o QE afeta os mercados, incluindo a redistribuição de liquidez para grandes bancos, que, por sua vez, impulsionam a especulação em moedas e mercados emergentes.
  2. Impacto da Super Emissão Monetária sobre Países Emergentes:
    • Rey (2013): Analisa como as políticas do FED influenciam fluxos de capital global, exacerbando vulnerabilidades cambiais em economias emergentes.
    • Eichengreen (2016): Explora as consequências da dependência de países emergentes em relação ao dólar como moeda de reserva, destacando o impacto das políticas monetárias dos EUA em crises locais.
  3. Estratégias dos Grandes Bancos:
    • Acharya et al. (2017): Demonstram como os cinco maiores bancos dos EUA utilizaram a liquidez gerada pelo QE para adquirir ativos, especular em derivativos e fortalecer sua posição no mercado cambial.
    • Adrian & Liang (2018): Investiga como a expansão do balanço dos bancos foi utilizada para operações de alta lucratividade em mercados emergentes, agravando crises locais.
  4. Novas Evidências sobre Especulação Cambial:
    • Forbes e Warnock (2021): Mostram que a volatilidade cambial em mercados emergentes está diretamente ligada a mudanças nas políticas monetárias dos EUA e ao comportamento especulativo de grandes instituições financeiras.
    • Avdjiev et al. (2022): Relatório do BIS que destaca o papel dos derivativos cambiais e swaps em crises recentes, enfatizando as práticas especulativas de grandes bancos globais.
  5. Casos Recentes e Dados Atualizados:
    • Relatórios anuais do Banco de Compensações Internacionais (BIS) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que apresentam dados sobre fluxos de capital e os lucros dos grandes bancos em operações cambiais.

Estes estudos destacam como a crise de 2008 transformou a dinâmica dos mercados financeiros globais, com a superemissão de dólares exacerbando os desequilíbrios cambiais nos países emergentes e fortalecendo a posição especulativa dos grandes bancos americanos.

Segundo o relatório anual da CEPAL de 2024:

A redução das taxas de juros de curto prazo nos EUA por longo período não se traduziu em um maior crédito para a atividade real, nem teve impacto significativo na redução das taxas de juros de longo prazo.

A mudança na política monetária do FED e o aumento da liquidez do QE (quantitative easing) ainda não influenciaram no direcionamento do crédito bancário para a atividade produtiva.

Nos Estados Unidos, desde o início da alteração na política monetária, o crédito concedido pelos bancos comerciais aos setores de indústria e comércio cresceu a uma taxa de cerca de 1%, uma das mais baixas desde 2011.

Na zona do euro, por outro lado, a demanda por empréstimos registrou um crescimento moderado de 4% no terceiro trimestre de 2024, o primeiro aumento significativo desde o terceiro trimestre de 2022.

No Reino Unido, os empréstimos concedidos pelos bancos comerciais ao setor privado cresceram apenas 0,21% entre o primeiro e o segundo trimestre de 2024, com projeções indicando um crescimento total de 1% para o ano.

O que é ainda mais significativo é que as taxas de juros de longo prazo seguiram em uma direção contrária à esperada.

Nos Estados Unidos, os rendimentos dos títulos de longo prazo apresentaram, desde o início da redução das taxas de juros de política monetária, uma tendência de alta em todo o espectro de maturidade.

O que move a Taxa de câmbio são os derivativos cambiais” – Em artigo de Dr. Mário Garcia em 21 de agosto de 2024 publicado no jornal Valor Econômico.

A dinâmica dos ataques especulativos em 2024 reforça o papel das políticas monetárias dos EUA em amplificar as vulnerabilidades dos países emergentes. Apesar de muitos governos adotarem medidas como elevação das taxas de juros e intervenções no mercado cambial, essas ações mostraram-se insuficientes para conter as especulações.

O impacto da especulação contra as moedas dos países emergentes, realizado principalmente por grandes bancos e especuladores financeiros, tem sido uma ferramenta estratégica para desestabilizar economias e prejudicar seu desenvolvimento. Em um cenário global, onde as economias dos países emergentes buscam acelerar seu crescimento industrial e tecnológico, esses ataques coordenados têm efeitos graves.

A especulação contra moedas emergentes ocorre quando investidores apostam na desvalorização de uma moeda, comprando ou vendendo grandes quantidades dessa moeda.

Esse movimento causa a desvalorização imediata da moeda nacional, o que pode aumentar a dívida externa, aumentar a inflação e gerar uma pressão intensa sobre os bancos centrais para aumentar as taxas de juros.

Essa elevação das taxas tem como objetivo atrair capital especulativo, mas gera efeitos negativos sobre a economia real, como o aumento do custo do crédito, dificultando o financiamento de projetos de infraestrutura, inovação e crescimento empresarial.

Em 2024, a pressão para elevação das taxas de juros se intensificou em muitos países emergentes. O Brasil, por exemplo, enfrentou uma constante especulação contra o real, o Banco Central aumentou as taxas de juros para atrair fluxo de capital e proteger a moeda, o que se revelou incapaz de conter o ataque e obrigou o Brasil a se desfazer de suas reservas em dolar.

No entanto, como apontado por Stiglitz (2019), “os países emergentes muitas vezes se veem entre a espada e a parede, onde a elevação das taxas de juros não resolve os problemas estruturais da economia, mas apenas agrava as desigualdades sociais e limita o crescimento”.

Essas altas taxas de juros afetam especialmente o setor produtivo, pois as empresas enfrentam custos de financiamento mais altos, dificultando a expansão e modernização industrial.

Além disso, como observa o economista Ha-Joon Chang (2014), “os países que não controlam sua moeda estão condenados a um ciclo de dependência de capitais externos que impedem o desenvolvimento tecnológico e industrial”. O custo do crédito mais alto limita a capacidade de investimento das indústrias nacionais, enquanto a valorização do dólar encarece a importação de tecnologia e equipamentos, atrasando ainda mais a modernização industrial.

Por outro lado, a especulação também tem como objetivo desestabilizar politicamente esses países.

Ao gerar um cenário de incerteza e instabilidade financeira, busca-se minar a confiança na administração pública e pressionar os governos a adotar políticas econômicas que favoreçam os interesses dos grandes bancos internacionais, como a austeridade fiscal e a submissão aos mercados financeiros globais.

Em um estudo sobre a crise financeira asiática de 1997, o economista Joseph Stiglitz (2002) demonstrou como a especulação contra as moedas de países emergentes pode paralisar o crescimento econômico e dificultar a implementação de políticas que promovam o desenvolvimento auto sustentado.

Em termos de impacto social, a especulação contra as moedas e a pressão para aumentar as taxas de juros afetam desproporcionalmente os mais pobres. O aumento das taxas de juros eleva o custo de vida, particularmente em países com elevados níveis de endividamento público e privado. Isso afeta a confiança nas políticas econômicas internas, gerando descontentamento social e dificultando a implementação de políticas de crescimento inclusivo.

A desestabilização econômica decorrente de tais ataques e especulações também tem um impacto direto sobre a capacidade dos países emergentes de fortalecer seus setores tecnológicos.

Em um cenário de incerteza, as empresas nacionais que buscam investir em inovação se veem forçadas a redirecionar recursos para garantir sua sobrevivência financeira, ao invés de investir em pesquisa e desenvolvimento, o que prejudica a competitividade industrial e tecnológica.

Portanto, a especulação contra as moedas e a pressão para elevar as taxas de juros nos países emergentes têm impactos profundos não apenas sobre as finanças desses países, mas também sobre sua capacidade de se desenvolverem industrial e tecnologicamente.

Os preços do petróleo aumentaram 41% do final de 2020 a dezembro de 2024, enquanto o índice CRB Foodstuffs aumentou 46%. Esses preços foram compostos por perdas cambiais entre as economias emergentes.

A resistência a esses ataques especulativos exige uma maior regulação dos fluxos de capitais internacionais e a adoção de políticas econômicas que incentivem o desenvolvimento autossustentado e protejam a economia real da especulação financeira.

Os ataques especulativos provocaram:

  1. Desvalorização Cambial: Em média, as moedas emergentes caíram 20% frente ao dólar. Destaque para o Peso Argentino (-35%) e o Real Brasileiro (-18%).
  2. Inflação Importada: O custo de produtos importados, como alimentos e combustíveis, aumentou significativamente, agravando a situação das populações mais vulneráveis.
  3. Aumento da Dívida Externa: A desvalorização tornou mais oneroso o pagamento de dívidas denominadas em dólar.
  4. Elevação da taxa de juros básicos pelo BC: usados pelos bancos e especuladores para aproveitar o ataque especulativo e auferir ganhos elevados com taxas de juros altíssimas, sem que tenham qualquer efeito para enfrentar o ataque à moeda.
  5. Fragilizar as reservas internacionais e expropriar seus fundos: deixar os países emergentes ainda mais vulneráveis a novos ataques. As reservas do Brasil, por exemplo, caíram de 372 bilhões de dólares em setembro de 2024 para 329 bilhões de dólares em dezembro de 2024.
  6. Travar o desenvolvimento industrial e tecnológico dos países emergentes: favorecendo os produtos industrializados dos países desenvolvidos e perpetuando desigualdades no comércio internacional

Beneficiários: Bancos e Investidores

Os principais beneficiários foram bancos internacionais e fundos especulativos. Em 2024, os lucros dos cinco maiores bancos globais aumentaram, em média, 25% devido a operações de swaps cambiais e especulação com derivativos.

  • Estudo de Caso: O JPMorgan reportou um aumento de US$ 4 bilhões em sua receita derivada de operações cambiais na América Latina.
  • Hedge Funds: Investidores especulativos também lucraram ao apostar na desvalorização de moedas emergentes.

Perdedores

  1. Governos: Perda de reservas cambiais e dificuldade em manter a estabilidade macroeconômica.
  2. Empresas Locais: Aumento do custo da dívida externa e redução da competitividade.
  3. Populações: Aumento da inflação e queda no poder de compra.

Os bancos internacionais e fundos especulativos foram os principais ganhadores, enquanto governos, empresas e populações emergentes arcaram com os prejuízos.

Os ataques especulativos de 2024 aos países emergentes evidenciaram ainda a fragilidade diante das dinâmicas financeiras globais e reforçaram a necessidade da aliança SUL-SUL, para enfrentar novos ataques e defender seu desenvolvimento.

O Papel dos BRICS e dos Países Emergentes no Desenvolvimento da Economia Mundial

Apesar dos ataques, bloqueios, expropriação de riquezas e da poupança dos países emergentes pelos bancos e especuladores os países emergentes reforçam seus laços de amizade e cooperação e buscam caminhos para enfrentar novos ataques e lutam para reorganizar as relações internacionais e fortalecer uma nova ordem mundial mais democrática e de respeito aos países.

Os países emergentes, especialmente os membros do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), desempenham um papel cada vez mais relevante no cenário econômico global. Representando aproximadamente 42% da população mundial e cerca de 24% do PIB global (Banco Mundial, 2024), essas economias se consolidaram como motores de crescimento, inovação e transformação econômica.

Contribuições Econômicas dos BRICS e Países Emergentes

Crescimento Econômico

Os BRICS foram responsáveis por mais de 50% do crescimento global entre 2010 e 2023 (FMI, 2024). A China, em particular, mantém sua posição como a segunda maior economia do mundo, com um PIB superior a US$ 18 trilhões, enquanto Índia e Brasil emergem como potências regionais com economias diversificadas.

  • Exemplo: Em 2023, a Índia cresceu 6,8%, sendo o país de maior crescimento entre as principais economias, impulsionado por setores como tecnologia, infraestrutura e serviços financeiros (OECD, 2024).

Comércio e Investimentos

Os BRICS também se destacam como grandes atores no comércio e no investimento global. O comércio intrabloco atingiu US$ 1,5 trilhão em 2023, enquanto os investimentos diretos estrangeiros (IDE) dos países do grupo cresceram 12% em relação a 2022 (UNCTAD, 2024).

  • Exemplo: A China lidera como a maior investidora em projetos de infraestrutura na África e na Ásia, enquanto o Brasil atraiu investimentos significativos em energia renovável.

Iniciativas Multilaterais e Cooperação Sul-Sul

Nova Ordem Econômica Global

O grupo BRICS tem defendido a criação de uma ordem econômica mais equilibrada e inclusiva. A Nova Parceria para o Desenvolvimento (NDB), conhecida como o “Banco dos BRICS”, financiou mais de 90 projetos em países emergentes, totalizando US$ 30 bilhões desde 2015 (NDB, 2024).

  • Exemplo: Em 2024, o NDB aprovou um empréstimo de US$ 2 bilhões para projetos de infraestrutura sustentável na Índia e no Brasil.

Cooperação Sul-Sul

Os BRICS são líderes na promoção da cooperação Sul-Sul, fornecendo uma plataforma para a troca de tecnologia, conhecimento e recursos. Programas como o “BRICS Energy Research Cooperation Platform” avançaram na busca por soluções energéticas compartilhadas.

Dependência de Mercados Desenvolvidos

Os países emergentes ainda são vulneráveis às flutuações econômicas globais, especialmente as ligadas aos Estados Unidos e à zona do euro. A valorização do dólar em 2024 prejudicou as balanças comerciais de muitos países do grupo.

Reconfiguração do Sistema Financeiro Global

Os BRICS avançam na diversificação de reservas cambiais e no uso de moedas locais para transações internacionais.

  • Exemplo: Em 2024, o grupo anunciou a ampliação da cesta de moedas do NDB para incluir o Real Brasileiro e o Rand Sul-Africano, reduzindo a dependência do dólar.

Inovação e Tecnologia

A China e a Índia lideram o desenvolvimento de tecnologias emergentes como inteligência artificial, energias renováveis e telecomunicações, enquanto o Brasil e a África do Sul mostram potencial em biotecnologia e mineração sustentável.

Os BRICS e os países emergentes representam um pilar essencial no desenvolvimento da economia mundial. Embora enfrentem desafios estruturais, suas contribuições em termos de crescimento econômico, comércio, investimentos e inovação são inegáveis. A promoção de uma ordem econômica mais justa e a busca por soluções sustentáveis reforçam o papel estratégico desses países no futuro da economia global.

  1. Fortalecer Reservas Cambiais com cestas de moedas menos dependentes do Dolar: Para reduzir vulnerabilidades frente à especulação.
  2. Cooperação Internacional: Estabelecer swaps cambiais entre países emergentes utilizando moedas livres da flutuação do Dólar..
  3. Controles de Capital: Implementar medidas temporárias comuns ao Bloco para mitigar fluxos especulativos.


Miguel Manso é pesquisador do Grupo de Pesquisa sobre Desenvolvimento nacional e Socialismo da Fundação Maurício Grabois – Engenheiro Eletrônico formado pela USP e Coordenador de Políticas Públicas da Engenharia pela Democracia – EngD.

Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial da FMG.

Análise de Dados e Resultados

  • Fontes de Dados: Relatórios do Banco de Compensações Internacionais (BIS), Fundo Monetário Internacional (FMI) e bancos globais como JPMorgan e HSBC. Dados macroeconômicos foram extraídos de plataformas como Bloomberg e Trading Economics.
  • Método de Análise: Comparou-se a desvalorização média das moedas emergentes antes e após os ataques especulativos. Foram estimados os lucros dos bancos com base em relatórios financeiros de 2024 e fluxos cambiais.
  • Recorte Geográfico: América Latina, Sudeste Asiático e África Subsaariana.

Referências e Fontes

  • Balance Preliminar de las Economías de América Latina y el Caribe 2024
  • Krugman, P. (1979). A Model of Balance-of-Payments Crises.
  • Stiglitz, J. (2002). Globalization and Its Discontents.
  • Relatórios do Banco de Compensações Internacionais (2024).
  • Relatórios financeiros de JPMorgan e HSBC (2024).
  • Dados macroeconômicos da Bloomberg e Trading Economics.
  • Banco Mundial. (2024). World Development Indicators.
  • Fundo Monetário Internacional. (2024). Global Economic Outlook.
  • UNCTAD. (2024). World Investment Report.
  • OECD. (2024). Economic Survey of India.
  • NDB. (2024). Annual Report.
  • Krugman, P. (2019). The Return of Economic Crises in Emerging Markets.
  • Stiglitz, J. E. (2019). Globalization and its Discontents Revisited. W.W. Norton & Company.
  • Chang, H-J. (2014). Economics: The User’s Guide. Bloomsbury.
  • JPMorgan Chase & Co. (2024). Quarterly Financial Report.
  • Goldman Sachs (2024). Global Markets Review.
  • Citigroup (2024). Citi Financial Statements.
  • Bank of America (2024). Market Analysis and Currency Fluctuations Report.