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    China

    DeepSeek vs. ChatGPT: entenda como são treinadas e por que IA chinesa muda o jogo

    Artigo analisa como a inteligência artificial "made in China" está desafiando o domínio dos EUA com inovação e eficiência, podendo redefinir a supremacia militar e a influência global dos países

    POR: Allan Kardec Duailibe Barros Filho

    DeepSeek é apenas o começo! – O modelo de inteligência artificial (IA)  chinês DeepSeek chegou e causou uma revolução no mundo! 

    Há vários aspectos que têm de ser analisados para tentarmos ter uma ideia do que acontece hoje no planeta.

    Vamos pelo começo. A inteligência artificial generativa tem o potencial de contribuir significativamente para os ganhos de produtividade na próxima década, facilitando um crescimento econômico mais robusto.

    Essa tecnologia pode impulsionar a humanidade em uma transformação profunda e abrangente, análoga à Revolução Industrial, que alterou radicalmente a economia e a sociedade. 

    Por um lado, os Estados Unidos implementaram restrições significativas à exportação de chips avançados para a China, visando limitar o acesso deste país às tecnologias de IA mais sofisticadas. Essa estratégia teve como objetivo impedir que a IA avançada da China.

    No entanto, a China continua a inovar e a desenvolver suas próprias tecnologias de IA, mesmo com a falta de acesso aos melhores chips. A atuação chinesa é caracterizada por ganhos de eficiência e a produção em maior escala, o que pode permitir que seus modelos de IA se tornem competitivos, apesar das limitações impostas.

    A grande novidade foi o DeepSeek! Causou um estrago de US$ 1 trilhão de dólares nas empresas de tecnologia estadunidenses – que, diga-se de passagem, controlavam até ontem o mercado de IA.

    A DeepSeek é extraordinariamente mais barata do que as outras propostas, que exigem dezenas de milhões de dólares em investimento, enquanto o modelo chinês custou menos que US$ 6 milhões de dólares para ser desenvolvida.

    O nome da inteligência artificial chinesa significa a junção das palavras Deep (profundo) e Seek (buscar).  Tim Reckmann/Flickr/CC

    A simplicidade dessa proposta se deve ao fato – que tenho defendido – que as redes neurais artificiais são inspiradas no funcionamento do cérebro, enquanto as propostas atuais, como a do ChatGPT, são baseadas no modelo conhecido como “força bruta” – em que os neurônios funcionam todos ao mesmo tempo.

    Esse modelo estadunidense está extraordinariamente longe do funcionamento cerebral, que é dividido, esparso, em que cada neurônio age eventualmente conforme a demanda. Isso também justifica a imensa necessidade de energia, com data centres gigantescos.

    O DeepSeek subverte a lógica da força bruta e usa a tecnologia de “dividir pra conquistar”, onde a rede é treinada e operada com recursos otimizados, em que as tarefas são customizadas. 

    Leia também: Deepseek abala Big Techs e desafia hegemonia dos EUA

    De fato, o progresso recente da China em IA é impressionante, e modelos chineses, como o QwQ do Alibaba, estão se aproximando rapidamente dos melhores modelos estadunidenses. Isso faz com que os formuladores de políticas dos EUA se sintam pressionados, pois a China está revolucionando o setor e desenvolvendo soluções mais econômicas.

    Os EUA temem que o avanço da IA na China possa resultar não apenas em benefícios econômicos, mas também em uma vantagem militar significativa, o que torna a questão da IA uma prioridade de segurança nacional.

    Essas dinâmicas colocaram os EUA em uma posição de alerta, onde a inovação e o controle da tecnologia de IA se tornam cruciais para manter a liderança global.

    Com a IA, a China poderá processar e analisar grandes volumes de dados de forma mais eficiente, melhorando suas capacidades de inteligência, vigilância e reconhecimento. 

    Há também o fato de que se a China se aproximar da superinteligência por meio da IA, isso poderia lhe dar uma vantagem esmagadora, especialmente em cenários onde a dinâmica do “vencedor leva tudo” se reinstitui. 

    Esses fatores ressaltam como a IA não é apenas uma ferramenta tecnológica, mas uma força estratégica que pode redefinir a supremacia militar e a influência global dos países.

    Allan Kardec Duailibe Barros Filho, é doutor em engenharia da informação pela Universidade de Nagoya (Japão), professor titular da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Foi diretor da ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e atualmente é presidente da Gasmar – Companhia Maranhense de Gás

    Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial da FMG.

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