Na vida das pessoas um acontecimento extraordinário merece registro, enquanto o desenrolar comum do dia a dia é apenas vivido.
O mesmo acontece nos meios de comunicação institucionais em que vigora a máxima (até onde o interesse se afirma) de que se um homem morde um cachorro, isto é notícia, enquanto o contrário não merece ser noticiado.
As comunicações por internet, chamadas de redes sociais, são bem diferentes já que um fato anódino pode passar a ser relevante e ter muita divulgação dependendo do empenho de alguns, assistidos por mecanismos robóticos multiplicadores.
O movimento sindical em sua normalidade, ou seja, enquanto exercita suas obrigações e tarefas costumeiras sem ocorrências espetaculares sofre uma dupla interação com os meios de comunicação: para a mídia grande (institucional) não é notícia e, em geral, nem mesmo merece registro e nas redes sociais seus dirigentes e ativistas são surpreendidos por notícias e postagens que viralizam e os desorientam.
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É preciso, portanto, que, ao continuarem a fazer o que deve ser feito e o que precisa ser feito, os dirigentes e ativistas persistam em uma aproximação crítica, amigável e compreensiva com a mídia grande, enfrentando sua alienação noticiosa e não se contaminando pela efervescência esporádica das redes de internet, aprendendo cada vez mais e com inteligência ao utilizá-las em sua comunicação com as bases.
Que a mídia grande não noticie o que o sindicato faz costumeiramente, que os robôs confundam os trabalhadores ao intoxicar as redes sociais , tudo isso deve ser considerado e enfrentado. No entanto, o que não é possível é que os próprios dirigentes não divulguem suas lutas, suas vitórias e suas conquistas.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo.
Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial da FMG.