O simpósio “Desafios brasileiros em direção ao novo ciclo de desenvolvimento soberano”, organizado pela Fundação Maurício Grabois, debateu, nesta quinta-feira (27/03), a Hegemonia Neoliberal e Dependência: composição, convergências e contradições. O tema foi abordado na décima mesa do evento, que contou com a participação dos professores Elias Jabbour, Luiz Rodrigues e Carlos Pereira.
Essa mesa teve por objetivo analisar as características e as contradições das frações da burguesia brasileira diante da hegemonia neoliberal e da dependência econômica. A mesa buscou discutir os limites dessas frações para compor um projeto nacional de desenvolvimento e a necessidade de reconstrução do papel do Estado e da hegemonia cultural da esquerda.
Confira a programação e veja os vídeos dos debates já realizados
A Fragmentação da Esquerda e o Papel do Estado
Elias Jabbour argumentou que a maior fragmentação está na esquerda, não nas frações da burguesia. Defendeu que o surgimento de uma burguesia nacional depende de um Estado forte, como demonstram os exemplos históricos da Alemanha, Japão e Coreia do Sul. Relembrou a industrialização brasileira sob Juscelino e criticou o neoliberalismo dos anos 1990 por desmontar o parque industrial, substituindo a burguesia industrial por frações financeiras e comerciais. Ressaltou que é preciso recuperar a hegemonia cultural com ideias nacionalistas e desenvolvimentistas.
Agronegócio, Lei Cambial e Reforma Tributária
Luiz Rodrigues focou no agronegócio, destacando seu controle por grandes grupos industriais e financeiros. Apontou sua diversidade interna, mas também sua hostilidade a projetos nacionais de desenvolvimento. Criticou a antiga lei cambial que valorizava excessivamente a moeda nos anos 2000 e lamentou sua recente reforma tímida via OCDE. Ressaltou, por outro lado, o avanço representado pela reforma tributária baseada na cobrança no destino, que pode beneficiar a indústria.
Produção versus Rentismo e Alianças Estratégicas
Carlos Pereira defendeu que a luta de classes atual é entre produção e rentismo. Propôs um pacto nacional de reindustrialização e destacou o apoio da CNI, FIESP e centrais sindicais a essa agenda. Criticou duramente o neoliberalismo por seus dogmas e efeitos desastrosos. Enfatizou a necessidade de recuperar o Estado Nacional e retomar o nacional-desenvolvimentismo como projeto de união entre empresários e trabalhadores em torno da soberania e do crescimento.
O debate teve coordenação de Nilson Araújo e moderação de Carlos Lopes.
Em breve a íntegra de todos os debates estará disponível na TV Grabois.