O simpósio “Desafios brasileiros em direção ao novo ciclo de desenvolvimento soberano”, organizado pela Fundação Maurício Grabois, debateu, nesta terça-feira (8), a Segurança Pública, Crime Organizado e Milícias. O tema foi abordado na 13a. mesa do evento, que contou com a participação de Luiz Eduardo Soares, Marcelo Godoy e Thiago Rodrigues.
Essa mesa teve por objetivo debater os desafios estruturais da segurança pública no Brasil, à luz do fortalecimento do crime organizado, da persistência de práticas autoritárias nas polícias, da ausência de coordenação entre os entes federativos e da necessidade de construir uma política eficaz, democrática e voltada à justiça social.
Confira a programação e veja os vídeos dos debates já realizados
Reforma Institucional e Enclaves Autoritários
Luiz Eduardo Soares destacou a persistência de um modelo de segurança herdado da ditadura militar, com estruturas policiais autônomas, refratárias ao controle civil e frequentemente violadoras dos direitos humanos. Denunciou o “genocídio da juventude negra e pobre” e a ausência de responsabilização pelas mortes causadas por ações policiais. Criticou o artigo 142 da Constituição e relembrou experiências de formulação de políticas públicas no início dos anos 2000, que não foram plenamente aproveitadas.
Crime Organizado e Captura do Estado
Marcelo Godoy abordou a expansão do crime organizado e sua infiltração em setores do Estado, como o transporte público de São Paulo. Apontou o risco do populismo penal e criticou propostas autoritárias, como a importação do modelo salvadorenho. Defendeu o respeito à Constituição e alertou que a impunidade dos próprios agentes públicos é uma forma de desordem institucional. Para ele, o crime organizado representa uma ameaça direta à cidadania e ao Estado de direito.
Como municípios podem enfrentar a violência e o crime organizado?
O Papel da Esquerda no Debate sobre Segurança
Thiago Rodrigues propôs que o campo progressista assuma a agenda da segurança pública como central e urgente. Argumentou que a esquerda precisa ir além da crítica analítica e apresentar propostas concretas, com ações articuladas nacionalmente. Defendeu a criação de uma frente ampla das esquerdas para atuar na área, além de investir na formação de militantes e dialogar com a população de forma eficaz. Alertou para o risco de desconexão com os clamores populares e propôs uma comunicação mais eficaz e popular sobre o tema.
O debate teve coordenação de Marta Alves e comentários de José Carlos Pires.
Em breve a íntegra de todos os debates estará disponível na TV Grabois.