Esta sexta-feira, 2 de maio, marca os 80 anos da libertação da Alemanha — e também do mundo — pelo Exército Soviético.
Aqui, abordo a importância da União Soviética e do Exército Vermelho no fim da Segunda Guerra Mundial. Escolhi destacar a histórica Batalha de Berlim, travada exatamente nesta época do ano, entre meados de abril e o início de maio de 1945. A ofensiva se estendeu até 2 de maio, data da capitulação da cidade.
É fundamental trazer esse tema porque, nos últimos anos, temos percebido um apagamento crescente do papel desempenhado pelo Exército Vermelho na derrota do nazismo de Hitler. Há uma tentativa, principalmente na Europa, de reescrever essa parte da história e minimizar a relevância da União Soviética nesse processo. Por isso, compartilho alguns dados históricos sobre os 80 anos do fim da guerra.
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Estive recentemente na Rússia, em Moscou, para participar do II Fórum Internacional Antifascista, realizado de 22 a 25 de abril. Pude sentir de perto o peso simbólico dessa vitória para o povo russo. A cidade está tomada pelas comemorações do 9 de maio, data que marca a rendição oficial da Alemanha nazista. Voltei de lá com a nítida sensação de injustiça diante da forma como o sacrifício do povo soviético vem sendo ignorado.

Ana Prestes ao lado de lideranças internacionais durante o II Fórum Internacional Antifascista, em Moscou. Da esquerda para a direita: Tatiana Desiatova (chefe da Comissão Internacional do Comitê da Cidade de Moscou do PCFR), Sergey Timokhov (chefe da assessoria da bancada do PCFR na Duma de Moscou), Nikolay Zubrilin (líder da bancada do PCFR na Duma de Moscou) e o camarada Shiran (membro do Comitê Central do Partido Comunista do Sri Lanka). Foto: Arquivo Pessoal de Ana Prestes
No 2 de maio de 1945, o Exército Vermelho anunciou a capitulação de Berlim, após a rendição das últimas unidades nazistas. Essa foi a última grande ofensiva da Segunda Guerra Mundial, coroando uma longa jornada de resistência e contraofensiva iniciada em batalhas como a de Stalingrado — onde milhões de soviéticos perderam a vida.
Assista ao episódio completo A bandeira soviética sobre Berlim: o dia em que a URSS derrotou o nazismo, do programa Conexão Sul Global, da TV Grabois:
Ao repelir a invasão nazista, as tropas soviéticas avançaram pelo Leste Europeu e pela Europa Central, até chegarem ao coração do regime de Hitler: Berlim. O desfecho foi o suicídio de Hitler e o colapso do regime nazista.
Durante minha visita, acompanhei delegações que prestavam homenagens aos soldados no monumento ao soldado desconhecido. Foram mais de 26 milhões de soviéticos mortos na guerra. Somando-se às perdas de outros países europeus, esse número ultrapassa 35 milhões de vidas.

Chama eterna no Túmulo do Soldado Desconhecido, em Moscou, símbolo da memória dos milhões de soviéticos mortos na Segunda Guerra Mundial. O monumento está localizado junto à muralha do Kremlin e é um dos principais locais de homenagem na Rússia.
Crédito: Oleg Bor – Obra própria, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons.
Soldados soviéticos registraram com lápis e giz seus nomes e cidades de origem nas ruínas de Berlim — uma marca viva da história. Visitei o impressionante Museu da Guerra em Moscou, que guarda imagens e relatos emocionantes da luta desse povo contra o maior ataque já feito à humanidade.
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Neste 2 de maio de 2025, é essencial reafirmar a importância de reconhecer o sacrifício do povo soviético na derrota do nazismo. Eles doaram seus jovens, seu sangue, para libertar o mundo. Negar esse papel histórico é uma forma de injustiça que precisa ser combatida.
Em tempos de reativação de células neonazistas e fascistas que ameaçam as democracias em todo o mundo, refletir sobre a Batalha de Berlim e o papel da União Soviética é mais atual do que nunca. É uma forma de garantir a memória e fortalecer a luta pela paz, pela soberania e pela segurança dos povos.
A ameaça fascista ainda está à espreita. Lembrar dessa história é essencial para que nunca mais se repita.
Ana Prestes é pesquisadora do Observatório Internacional, Grupo de Pesquisa da Fundação Maurício Grabois, e Secretária de Relações Internacionais do PCdoB. Todas as sextas-feiras, comanda o programa Conexão Sul Global, exibido pela TV Grabois.
*Análise publicada originalmente no programa Conexão Sul Global (TV Grabois) em 2 de maio de 2025. O texto é uma adaptação feita pela Redação com suporte de IA, a partir do conteúdo do vídeo.
**Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial da FMG.