O que acontece quando colocamos a cultura no centro da política? Essa é a provocação que estrutura Cultura é poder, livro de estreia da artista e deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), lançado pela editora Oficina Raquel. A obra propõe uma abordagem crítica e combativa da política cultural brasileira — entendida como força estruturante na disputa de rumos do país.
O livro terá sua primeira apresentação ao público na próxima segunda-feira (2), às 19h, na Livraria da Travessa, em Ipanema, no Rio de Janeiro (RJ). Em junho, também estão previstos lançamentos em Recife (PE), Salvador (BA), Brasília (DF) e Niterói (RJ).
A publicação entrelaça reflexões sobre a cultura com a trajetória da autora como musicista, gestora cultural e parlamentar comunista. O texto dialoga com pensadores como Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Néstor García Canclini, Ynaê Lopes dos Santos e Eric Hobsbawm para analisar o papel da cultura nos processos históricos, econômicos e sociais do país — e construir uma crítica aos mecanismos de colonização e exclusão cultural que marcam a história brasileira.
“Quero que o leitor possa observar em que universo político-ideológico eu busco referências para formular políticas públicas, estruturar leis e construir uma visão crítica da práxis cultural brasileira”, afirma Jandira, que foi relatora da Lei Aldir Blanc, considerada a maior política cultural da história do Brasil.
A escrita da autora — comunista, médica, baterista, parlamentar e não institucionalizada na academia — confere ao livro um tom direto, político e vivencial. O prefácio é assinado por ninguém menos que a ministra da Cultura, Margareth Menezes. Para ela, o livro demonstra como a cultura se articula com temas centrais da vida social:
“Não se pode pensar a cultura de forma desvinculada da saúde, da educação, da economia, do meio ambiente, da segurança pública, do exercício da democracia e da própria construção do poder e da representação política. E foi pensando dessa forma que Jandira se tornou uma defensora incansável da cultura brasileira, articuladora tenaz e parceira de todas as horas. O livro também conta essa história”, escreve a ministra.
Contra a guerra cultural da extrema direita
Um dos fios condutores da obra é a denúncia da guerra cultural promovida pela extrema direita nos últimos anos. Jandira analisa como esse campo se tornou alvo de ataques conservadores, que enxergam na cultura uma ameaça à moral autoritária e à homogeneidade identitária que tentam impor.
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O livro também discute temas como racismo estrutural, diversidade e pluralidade cultural, defendendo uma política que valorize a criação popular, as expressões periféricas e as narrativas negras e indígenas — muitas vezes marginalizadas pelas estruturas oficiais.
Na orelha do livro, o dramaturgo, poeta e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), Geraldo Carneiro, escreve:
“Jandira destaca o presente e a memória de grandes orixás femininas da nossa cultura, como Elza Soares, Leci Brandão, Beth Carvalho, Conceição Evaristo e Carolina Maria de Jesus, figuras fundamentais para a construção de um futuro mais justo, diverso e inclusivo.”

Capa do livro Cultura é Poder – Reflexões sobre o papel da Cultura no processo emancipatório brasileiro, de Jandira Feghali. Editora: Oficina Raquel. Imagem: Reprodução
Cultura como emancipação
Cultura é poder propõe que a cultura seja compreendida como um campo estratégico para a emancipação do povo brasileiro. Mais do que entretenimento ou mercado, a cultura é tratada no livro como força viva de memória, identidade e transformação — uma arena de disputa política capaz de mobilizar consciências e reconstruir o país sobre outras bases.
Ao colocar a cultura no centro do projeto nacional, Jandira reafirma o papel do campo simbólico na luta por soberania, democracia e justiça social — em sintonia com os princípios que historicamente movem o pensamento marxista e o projeto político do PCdoB.
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Sobre a autora
Jandira Feghali é médica cardiopediatra, baterista, mãe de Helena e Thomaz. Exerce seu oitavo mandato como deputada federal pelo Rio de Janeiro (PCdoB-RJ). Foi secretária de Cultura da cidade do Rio de Janeiro (2009–2010) e secretária de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia de Niterói (2006–2007). É atualmente mestranda em Direitos Humanos, Interculturalidade e Desenvolvimento pela Universidade Pablo de Olavide e pela Universidade Internacional da Andaluzia (Espanha).
Serviço:
Livro: Cultura é Poder – Reflexões sobre o papel da Cultura no processo emancipatório brasileiro
Autora: Jandira Feghali
Editora: Oficina Raquel
Páginas: 204
Preço: R$ 72
Vendas online: Amazon
Agenda de lançamentos do livro Cultura é Poder
02 de junho – Rio de Janeiro (RJ)
Livraria da Travessa – Ipanema
19h
Endereço: R. Visconde de Pirajá, 572 – Ipanema
05 de junho – Recife (PE)
Livraria do Jardim
19h
Endereço: Av. Manoel Borba, 292 – Boa Vista
06 de junho – Salvador (BA)
Livraria LDM – Itaigara
19h
Endereço: Rua Rubens Guelli, 135 – Itaigara
09 de junho – Niterói (RJ)
Livraria da Travessa – Icaraí
19h
Endereço: Rua Dr. Tavares de Macedo, 240 – Icaraí
10 de junho – Brasília (DF)
Livraria Circulares – Asa Norte
19h
Endereço: CLN 113, Bloco A, Loja 7
13 de junho – Bienal do Livro Rio (RJ)
Riocentro – Estande da Secretaria Municipal de Cultura
14h
Endereço: Av. Salvador Allende, 6555 – Barra da Tijuca