Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Economia

    Brasil de Lula acelera o PIB e bate recorde de emprego formal

    Com crescimento de 3,5% em 12 meses e recorde de formalização, dados do IBGE apontam efeitos das políticas de inclusão social, valorização do trabalho e do investimento público

    POR: Flávio Tonelli Vaz

    6 min de leitura

     Presidente Lula durante visita a sítio no assentamento Santo Antônio da Fartura. Campo Verde - MT, 24/05/2025. Foto: Ricardo Stuckert / PR
    Presidente Lula durante visita a sítio no assentamento Santo Antônio da Fartura. Campo Verde - MT, 24/05/2025. Foto: Ricardo Stuckert / PR

    Ao contrário de todo o discurso oposicionista, inclusive da grande mídia, o Brasil continua crescendo, e bem. Os resultados do 1º trimestre de 2025 dão conta que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,4% em relação ao último trimestre de 2024 e 3,5% na média dos últimos quatro trimestres. Esse valor foi ligeiramente acima do resultado de 2024 (recalculado em 3,4%) — o PIB de 2023 foi recalculado para 3,2%.

    Com esse resultado, o Brasil se destaca no cenário mundial. Apenas Índia (7,4%), China (5,4%), Indonésia (4,9%) e Cingapura (3,9%) apresentaram melhores resultados. Outras grandes economias alcançaram valores inferiores, como Canadá (2,4%), EUA (2,1%), Japão (1,7%), Rússia (1,4%), Reino Unido (1,3%), Zona do Euro (1,2%) e Alemanha (0%).

    O destaque vem da agricultura, o que ocorre quase sempre nesse período, devido à colheita de grandes safras sazonais (soja, arroz, milho e fumo). Assim, o PIB do setor cresceu 12,2% nos três primeiros meses de 2025, em comparação com o último trimestre de 2024. Em volume, o aumento foi de 10,2% em relação ao mesmo trimestre de 2024 (janeiro, fevereiro e março, quando eventos adversos prejudicaram a produção) e de 4,1% em relação ao mesmo período de 2023.

    Leia também: Triângulo Rússia, Brasil e China alimenta o mundo

    Tabela apresenta variações do PIB e de seus componentes (agropecuária, indústria, serviços, FBCF, consumo das famílias e do governo) em três comparações: com o trimestre anterior, com o mesmo trimestre do ano anterior e no acumulado de quatro trimestres. Ao final, constam os valores correntes e as taxas de investimento e poupança no período. Crédito: IBGE

    No acumulado em quatro trimestres, em relação ao mesmo período anterior, o crescimento da produção foi de 1,8% para a agropecuária; 3,1% para a indústria (sendo 4% para a indústria de transformação e 4,6% para a construção); 3,3% para os serviços (sendo 3,6% para o comércio). A produção foi puxada pela indústria e pelos serviços. Na demanda, os motores foram o consumo das famílias, que aumentou 4,2%, e os investimentos na produção (FBCF), que cresceram 8,8% (o maior valor desde 2021). Contrariando o discurso oposicionista e da grande mídia, o consumo do governo apresentou o menor valor desde 2021: 1,2%.

    Acesse aqui os detalhes do PIB divulgados pelo IBGE em 30 de maio

    O consumo das famílias reflete o bom momento do mercado de trabalho, complementado por benefícios sociais.

    Os dados relativos a abril de 2025 da PNAD-C apontam que, em doze meses, a população ocupada cresceu em 2,5 milhões de trabalhadores, que se somam aos 2,8 milhões apurados nos doze meses anteriores. Desde abril de 2023, nesses 24 meses, a população ocupada passou de 98 milhões para 103,3 milhões — um acréscimo de 5,2 milhões (5,3%).

    E foi um aumento qualificado da ocupação. Nesses dois anos, houve um incremento de 2,8 milhões de trabalhadores com carteira assinada (de 36,8 milhões para 39,6 milhões — 7,7% de aumento). Os trabalhadores por conta própria aumentaram bem menos: 773 mil, pouco mais de um quarto do crescimento da carteira assinada. O quantitativo de pessoas ocupadas com insuficiência de horas trabalhadas foi reduzido em 386 mil trabalhadores.

    Nesse cenário, a remuneração real média de todos os ocupados cresceu de R$ 3.229 para R$ 3.487 (+8%). Para os empregados com carteira assinada, essa renda real foi de R$ 2.970 para R$ 3.148 (+6%).

    O retorno da política de valorização real do salário mínimo, os aumentos na ocupação, na formalização e na renda real do trabalho produziram um incremento acima da inflação de 14% na massa salarial habitualmente recebida nesses dois anos. Com maior renda do trabalho, o rendimento real per capita das famílias cresceu 3,2% apenas em 2024.

    O que (realmente) mudou nas relações de trabalho?

    O mercado de trabalho em 2024 apresentou avanços importantes. No conjunto, 40% dos trabalhadores ocupados receberam mais de dois salários mínimos de renda habitual mensal, segundo os dados da PNAD-C. De 2012 a 2023, apenas 30% dos trabalhadores estavam nessa condição. E, perdurando políticas de distribuição de renda, de valorização do trabalho e de crescimento econômico, a expectativa é que a renda média continue crescendo e aumente a parcela de trabalhadores que ganham mais de um, dois e três salários mínimos.

    Merece ser destacado que a retomada da produção industrial em 2023 e 2024, quando a variação dos índices de produção industrial (PMI, IBGE) foi de 0,3% e 2,7%, respectivamente, já elevou o rendimento médio real dos trabalhadores do setor industrial em 10,5% (quando se comparam os valores médios reais em doze meses, em abril de 2025 e em abril de 2023).

    Meta de inflação e juros altos: Entenda como a política monetária prejudica o Brasil 

    A renda do trabalho e o aumento de benefícios sociais mudaram a realidade social. Ainda não existem dados detalhados de 2024 sobre a pobreza. Segundo o IBGE, ao final de 2023, em 19% dos domicílios havia algum beneficiário do programa Bolsa Família (em 2022, era 16,9%, e em 2019, 14,3%). O aumento proporcional das famílias foi acompanhado pela elevação dos valores dos benefícios.

    Esses efeitos foram fundamentais para a redução das desigualdades em nosso país. Entre 2019 e 2023, nos domicílios que recebiam o Bolsa Família, o rendimento per capita cresceu 42,4% (de R$ 446 para R$ 635). Já para os que não recebiam esse benefício, a variação foi de 8,6% (de R$ 2.051 para R$ 2.227). Esse maior aumento para os mais pobres diminuiu a extrema pobreza e melhorou a distribuição de renda. O índice de Gini do rendimento mensal real domiciliar per capita foi de 0,518 — o menor da série histórica — revertendo a grande desigualdade de 2018, a maior da série (0,545).

    O Brasil não está quebrado, como afirmam a oposição e a grande mídia. O país está melhorando, se industrializa e o PIB está em alta. O trabalho responde positivamente. A formalização aumenta. A renda do trabalho cresce. A pobreza cai. A desigualdade diminui.

    Flávio Tonelli Vaz é advogado e especialista em orçamentos públicos. Coordena a assessoria legislativa da bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados.