Como elevar ainda mais o papel das Nações Unidas – O mundo atual enfrenta sérios desafios à paz e ao desenvolvimento. Por um lado, em diversas regiões, disputas territoriais, conflitos étnicos e divergências religiosas têm alimentado guerras, causando sofrimento humano incalculável.
Por outro, a recuperação econômica global segue frágil, com escassez de impulso para o crescimento, enquanto alguns países, movidos por interesses próprios, recorrem a tarifas adicionais e barreiras comerciais, comprometendo o livre fluxo do comércio e dos investimentos, além de desestabilizar as cadeias globais de produção e abastecimento. Esses desafios pairam como nuvens sombrias sobre o caminho da humanidade, afetando profundamente o destino de todos os países e indivíduos.
Diante disso, as Nações Unidas — a organização intergovernamental de maior universalidade, representatividade e autoridade — precisam desempenhar um papel ainda mais central na promoção da paz e do desenvolvimento mundiais. Quanto mais complexa e volátil for a conjuntura internacional, maior deve ser o apoio dos países ao fortalecimento do papel das Nações Unidas.
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Para ampliar ainda mais sua relevância, é necessário adotar as seguintes medidas:
1. Defender os princípios de respeito mútuo e igualdade entre os Estados.
O respeito mútuo e o tratamento em pé de igualdade são exigências inescapáveis da atual era, fundamento das novas formas de relações internacionais e um dos princípios centrais da Carta da ONU. Nenhum país deve monopolizar o poder de decisão sobre os assuntos globais, determinar o destino de outros Estados, promover o hegemonismo ou recorrer à intimidação. Tampouco deve fazer uso abusivo de sua força econômica ou militar no cenário internacional.
2. Praticar o conceito de comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.
Em um mundo tão vasto e interconectado, o destino de cada povo, país e indivíduo está estreitamente entrelaçado. Por isso, os países devem buscar o diálogo e a negociação para construir um mundo de paz duradoura; adotar o princípio de construção e partilha para garantir a segurança comum; promover a cooperação com ganhos mútuos para alcançar prosperidade compartilhada; incentivar o intercâmbio e o aprendizado recíproco para edificar um mundo aberto e inclusivo; e adotar práticas sustentáveis para preservar um planeta limpo e belo.
3. Seguir rigorosamente a Carta das Nações Unidas.
Os propósitos e princípios da Carta da ONU são diretrizes fundamentais para lidar com as relações internacionais e constituem um pilar essencial da ordem internacional. Devem ser firmemente defendidos. A coordenação entre os interesses e relações dos países deve ser baseada em instituições bem estruturadas e regras claras. As grandes potências, em especial, devem liderar como defensoras do Estado de Direito internacional, honrando seus compromissos, rejeitando o excepcionalismo e os padrões duplos. Não se pode distorcer o direito internacional a bel-prazer, tampouco utilizá-lo como pretexto para violar os direitos legítimos de outros países e prejudicar a paz e a estabilidade globais.
4. Prosseguir com a reforma das Nações Unidas.
As Nações Unidas já contribuíram significativamente para a paz e o desenvolvimento mundiais, mas enfrentam também diversos desafios, como baixa eficiência operacional, capacidade limitada de execução, sub-representação no Conselho de Segurança e dificuldades orçamentárias. Essas questões não podem ser resolvidas de forma imediata, exigindo, portanto, esforços conjuntos da comunidade internacional. Ao promover a reforma da ONU, é essencial substituir o confronto pelo diálogo, a coerção pela negociação e a mentalidade de soma zero por soluções de benefício mútuo.
A China foi o primeiro país a assinar a Carta das Nações Unidas. É membro fundador da organização e o único país em desenvolvimento com assento permanente no Conselho de Segurança. A China já desempenha — e continuará a desempenhar — um papel ativo na defesa da centralidade das Nações Unidas nos assuntos internacionais, contribuindo de forma significativa para a paz e o desenvolvimento global.
Jiang Shixue é professor da Universidade de Xangai, China.
Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial da FMG.