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    Internacional

    Xi, Putin e Modi unidos na OCX desafiam hegemonia com nova ordem global

    Cúpula na China expõe fragilidade da OTAN, amplia integração no BRICS e abre caminho para novos mecanismos financeiros globais

    POR: Ana Prestes

    4 min de leitura

    Presidentes Vladimir Putin (Rússia) e Xi Jinping (China) em conversa com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, durante a Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCS), em Tianjin. Foto: Divulgação / X – Primeiro-Ministro Narendra Modi
    Presidentes Vladimir Putin (Rússia) e Xi Jinping (China) em conversa com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, durante a Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCS), em Tianjin. Foto: Divulgação / X – Primeiro-Ministro Narendra Modi

    A cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), encerrada na segunda-feira (1º), na China, reuniu o presidente chinês Xi Jinping, o presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

    A Organização de Cooperação de Xangai existe desde 2001 por iniciativa da China. Criada inicialmente para tratar principalmente sobre temas de segurança relacionados ao terrorismo, ela conta com uma série de países da Eurásia. A OCX está construindo uma aproximação com o BRICS, mas também anunciou que pretende criar o seu próprio BRICS.

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    É uma organização que busca trabalhar as questões de segurança, tem uma estrutura antiterrorista regional. Pode ser considerada um contraponto à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), mas, obviamente, pela dinâmica do mundo atual, ganha outros contornos que extrapolam a questão da segurança.

    Podemos dizer que o BRICS e a OCX são complementares e com pontos em comum, principalmente por conta do papel da China.

    Essas reuniões bilaterais entre Xi Jinping e Vladimir Putin e entre Xi Jinping e Narendra Modi podem ser consideradas reuniões históricas.

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    Xi Jinping falou para Narendra Modi que eles são o dragão e o elefante, simbolizando cada um dos países e dizendo que eles precisam caminhar juntos. Isso é algo muito mais acelerado do que se imaginava sobre a aproximação entre a China e a Índia e pode ser tributado aos ataques do Trump, principalmente à Índia.

    Essas reuniões bilaterais que aconteceram na China também demonstram a fragilidade da Aliança Atlântica. Embora ela continue incontestavelmente com uma força bélica e militar gigantesca, apresenta uma fragilidade moral e uma profunda contradição, um profundo rompimento em alguns aspectos.

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    Por outro lado, temos a construção de uma unidade muito forte do Sul Global, simbolizada por essas organizações como o BRICS e a Organização de Cooperação de Xangai mostrando que, neste ano de 2025, parece que as placas tectônicas da geopolítica mundial estão mesmo se movimentando e a gente está caminhando para um processo de multipolarização, um processo de transição para uma nova ordem do sistema mundial.

    A gente não sabe ainda exatamente quais serão os contornos, mas já há elementos muito fortes do caminhar para a desdolarização, a construção de novos mecanismos de execução do comércio, do crédito e das transações financeiras internacionais, algo que fragiliza e demonstra a debilidade dos Estados Unidos neste momento de decadência relativa.

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    É uma decadência relativa que parece estar sendo acelerada com a presidência do Donald Trump, por seu componente bastante imprevisível, bastante imponderável, de fazer guerra generalizada contra todos e que acaba expondo também as fragilidades internas dos Estados Unidos.

    Assista ao programa Sul Global com Ana Prestes na TV Grabois

    Ana Prestes é pesquisadora do Observatório Internacional, Grupo de Pesquisa da Fundação Maurício Grabois, e Secretária de Relações Internacionais do PCdoB. Todas as sextas-feiras, comanda o programa Conexão Sul Global, exibido pela TV Grabois.

    *Análise publicada originalmente no programa Conexão Sul Global (TV Grabois), em 03/09/2025. O texto é uma adaptação feita pela Redação com suporte de IA. 

    **Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial da FMG.