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    Política e Estado

    Para atrair bolsonaristas, Tarcísio trai o Brasil

    Em ato no 7 de setembro marcado pela submissão aos EUA, governador de São Paulo reforça aliança com golpismo e disputa a herança do bolsonarismo para disputar eleições presidenciais em 2026

    POR: Walter Sorrentino

    3 min de leitura

    Manifestante bolsonarista exibe cartaz com os dizeres “SOS Trump — Bolsonaro Free” e bandeira dos EUA durante ato na Avenida Paulista em 7 de setembro de 2025. O protesto exigia anistia para golpistas e reafirmava a subserviência ao trumpismo, mesmo diante das ações hostis dos Estados Unidos contra o Brasil. Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil
    Manifestante bolsonarista exibe cartaz com os dizeres “SOS Trump — Bolsonaro Free” e bandeira dos EUA durante ato na Avenida Paulista em 7 de setembro de 2025. O protesto exigia anistia para golpistas e reafirmava a subserviência ao trumpismo, mesmo diante das ações hostis dos Estados Unidos contra o Brasil. Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil

    Habemus candidato.

    Tarcísio de Freitas engatou seta à extrema-direita no ato dos bolsonaristas na Avenida Paulista, domingo (7). O feito tem tanto de cálculo político — em sintonia com as forças reacionárias no Congresso que clamam por anistia e revanche — quanto de vassalagem.

    Num momento em que a extrema-direita busca reorganizar suas forças, o governador de São Paulo se mostrou disposto a ajoelhar no altar do golpismo para herdar os votos de seu criador.

    A mensagem é esquizofrênica. Tarcísio acusa o Supremo Tribunal Federal (STF) de instaurar uma “ditadura” no Brasil — paradoxalmente, para conquistar os votos dos eleitores de Bolsonaro, quem sempre clamou por uma nova ditadura militar.

    Convenhamos: o pântano da extrema-direita nos “deu bandeira” neste 7 de Setembro. Curvaram-se à bandeira dos agressores da soberania do Brasil, os Estados Unidos — como se não bastasse terem apoiado explicitamente o tarifaço de Trump, ostentando bonés com o slogan do dito cujo: Make America Great Again. E aqui, “América” não é o continente: trata-se de fazer os EUA grandes novamente — e, para isso, não é preciso crescer, basta estrangular os demais países, inclusive os da América Latina, inclusive o Brasil. A vassalagem ao império não conhece limites.

    Leia mais:

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    Não será fácil para Tarcísio sustentar-se como candidato de “centro-direita” numa campanha presidencial. O vetusto Estadão cravou hoje no editorial “Tarcísio e o pós-Bolsonaro” o “mêlée que redefinirá a direita brasileira” sem o seu maior líder: “uma candidatura que tinha tudo para ser razoável esteja sendo construída com bases tão condenáveis… a genuflexão pusilânime a um golpista contumaz.”

    Manifestante com bandeira do Brasil nas costas, onde se lê “Brasil é dos brasileiros”, participa de ato do 7 de Setembro na Praça da República, em São Paulo. Outras pessoas seguram bandeiras de movimentos sociais, como a da UJS. Praça da República, São Paulo (SP), 07/09/2025. Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil

    Enquanto bolsonaristas aderem aos símbolos dos Estados Unidos, bandeira do Brasil foi destaque no ato promovido por centrais sindicais e movimentos sociais. Praça da República, São Paulo (SP) – 07/09/2025. Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil

    Enquanto isso, o minueto entre direita e extrema-direita exibe seus tropeços no tabuleiro latino-americano. Na Argentina, Javier Milei engoliu o macrismo e arrastou parte da direita tradicional para o abismo do ultraliberalismo delirante. A resposta veio da base: nas eleições legislativas deste domingo, a centro-esquerda peronista venceu com folga na província de Buenos Aires — não por acaso intitulada FORÇA PÁTRIA.

    É o que o Governo do Brasil está plantando.

    Walter Sorrentino é presidente da Fundação Maurício Grabois e vice-presidente nacional do PCdoB.

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