Já era noite de quarta-feira (8) quando o mundo recebeu, com alívio e esperança, a notícia do que pode representar o início de um verdadeiro acordo de paz em Gaza. O entendimento foi alcançado nas negociações realizadas no Egito, com a mediação do Catar, do Egito e da Turquia.
Pressionados por um crescente isolamento internacional — consequência direta do genocídio cometido contra o povo palestino — os Estados Unidos e Israel finalmente propuseram um cessar-fogo imediato, a retirada progressiva das tropas israelenses da Faixa de Gaza e a libertação de centenas de prisioneiros palestinos, muitos deles condenados à prisão perpétua. Em contrapartida, o Hamas deverá libertar duas dezenas de israelenses ainda vivos e entregar os corpos dos que morreram em consequência dos bombardeios sionistas.
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Foram dois anos de martírio para a população palestina: quase 70 mil mortos confirmados — sem contar os que permanecem sob os escombros —, 170 mil feridos, e a destruição de 80% de Gaza, incluindo todo o sistema de saúde e educação e grande parte do seu pessoal dessas áreas.
É uma hipocrisia inimaginável que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — cujo país investiu 22 bilhões de dólares em armamentos para que Israel perpetrasse esse genocídio — ainda reivindique o Prêmio Nobel da Paz por um acordo arrancado pela resistência e pela luta heroica do povo palestino!
Quem esquece do vídeo divulgado pelo próprio Trump, em que propõe transformar os escombros da Faixa de Gaza em uma luxuosa “Riviera”, com hotéis, cassinos e resorts erguidos sobre o território devastado por Israel?
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Agora, é preciso que o acordo se concretize e que o próximo passo seja a solução definitiva do conflito, com o reconhecimento do Estado Palestino nas fronteiras de 1967, conforme determinam as resoluções da ONU.
Para celebrar essa vitória da humanidade, compartilho o belíssimo concerto Canções Contra o Genocídio, que dá voz a figuras simbólicas de diferentes nações, culturas e lutas — um coro universal em defesa da vida e da dignidade dos povos.
O povo palestino vencerá!
Raul Carrion é historiador e militante do PCdoB há 55 anos. Atualmente, é membro da Comissão Política do PCdoB-RS, da Secretaria Nacional de Relações Internacionais e da Escola Nacional João Amazonas. Foi presidente da Fundação Maurício Grabois no Rio Grande do Sul entre 2013 e 2023.
Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial da FMG.