“O nosso desafio é conformar uma nova maioria política e social no Brasil com vistas a atualizarmos o nosso projeto nacional de desenvolvimento, soberano, democrático e inclusivo”, destacou a presidenta do PCdoB e ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos no informe político ao 16º Congresso do PCdoB nesta sexta-feira (17), em Brasília (DF).
Duas grandes tarefas foram elencadas para o horizonte do PCdoB:
- Uma nova vitória política da nação e da classe trabalhadora em 2026, com a reeleição do presidente Lula.
- A tarefa estratégica de transformação profunda das bases econômicas, sociais e institucionais do Brasil.
“O nosso Projeto de Resolução Política, enriquecido por nossa inteligência coletiva, busca compreender a singularidade do atual período histórico com vistas a formular nossa linha política tática e estratégica. É a nossa bússola para as batalhas políticas que se avizinham”, destacou a presidenta do PCdoB.
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Mudanças estruturais para o Brasil do século XXI
Para garantir a vitória de Lula em 2026, Luciana Santos destacou a necessidade de consolidar uma ampla aliança, tendo a esquerda no papel de vanguarda, e que seja sustentada pela unidade e pela mobilização popular, a partir da formação de uma frente ampla e plural, capaz de articular setores da esquerda ao centro e à centro-direita, a partir de um programa comum que tenha como centrais a defesa da democracia, o desenvolvimento nacional e a soberania.
“Essa construção deve combinar amplitude com firmeza de princípios, buscando isolar e derrotar a extrema-direita e as forças reacionárias, que operam em favor da dependência externa, do autoritarismo e da concentração de riqueza.”
Nesse sentido, Luciana Santos ressaltou o papel do PCdoB na construção dessa frente sob o impulso da unidade e mobilização do povo. A força desta frente está na pujança do governo e no impulso da unidade e mobilização do povo. Em ressonância com o discurso do presidente Lula na abertura do 16º Congresso na noite de quinta-feira (16), Luciana chamou a atenção para a necessidade de ampliar a expressão do partido nas esferas do Executivo e do Legislativo nas próximas eleições.
“Precisamos de uma bancada maior, de um número mais expressivo de vereadores, prefeitos, deputados estaduais, federais e chefes do executivo. O nosso projeto eleitoral para o ano de 2026, terá de ser ousado e focado no objetivo de ampliar e fortalecer o papel do PCdoB no quadro político brasileiro.”
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Big techs e o fascismo
A presidenta do PCdoB destacou em sua fala a relação entre a exploração do ressentimento e da frustração de parcela significativa da população pelas big techs com o fortalecimento das forças de extrema-direita e fascistas, que, no Brasil, se incorporam à corrente bolsonarista.
“As big techs são, hoje, o ‘ovo da serpente’ do fascismo. Sustentam uma onda política que rejeita as instituições, contra a democracia, radicalmente conservadora e xenófoba. Isso gera uma desintegração do tecido social, promove o que a gente chama de ‘guerra cultural’ para impor visões estereotipadas e espalhar uma campanha de ódio e intolerância, que vem sustentando a escalada da direita fascista e oprimindo movimentos progressistas e projetos nacionais que buscam autonomia. Nesse sentido, o enfrentamento ao neofascismo e à extrema-direita não será fácil nem rápido, mas, certamente, começa com a regulação das plataformas digitais e das big techs.”

Empresários do setor de tecnologia, incluindo Mark Zuckerberg (Meta), Jeff Bezos (Amazon), Sundar Pichai (Google), Elon Musk (X e Tesla) e Tim Cook (Apple), estiveram entre os presentes na cerimônia de posse de Donald Trump. Imagem: Congresso dos Estados Unidos / Domínio Público.
Cenário internacional
As big techs também foram vinculadas como ferramentas de guerra ideológica fomentada pela extrema-direita nos Estados Unidos, principal força política do governo de Donald Trump.
Durante o informe, a presidenta do PCdoB avaliou:
“Na tentativa de recuperar sua posição, os Estados Unidos de Trump seguem a cartilha da extrema-direita. Adotam uma política de guerra comercial, ameaçam outros países com o uso da força, rompem preceitos do multilateralismo criados pelos próprios EUA, constrangem antigos aliados e promovem uma política de perseguição a imigrantes.”
Na mais recente investida contra a região da América Latina, Trump autorizou operações secretas da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), contra a Venezuela. Ataques contra embarcações no mar do Caribe, pelo governo dos EUA, causaram a morte de pelo menos 27 pessoas.
“Ressoam nas últimas horas as trombetas da guerra na região do Caribe e da América Latina. Repudiamos com total veemência as ameaças diretas e as ingerências realizadas contra o irmão povo da Venezuela, e ao Presidente Nicolás Maduro”, ressaltou Luciana Santos durante o discurso.
No informe, avalia a presidenta do PCdoB que a América Latina enfrenta um embate político intenso entre a resistência progressista e a pressão do imperialismo. “A situação se agrava com as investidas militares dos EUA, que enviam navios de guerra e tropas à costa da Venezuela e ameaçam ocupar o Canal do Panamá — atos que representam uma provocação à soberania latino-americana”, alertou.
O presidente Lula abordou a questão venezuelana durante a abertura do 16º Congresso. “O Brasil nunca será a Venezuela, e a Venezuela nunca será o Brasil. Cada um será ele próprio. O que nós defendemos é que o povo venezuelano é dono do seu destino, e não é nenhum presidente de outro país que tem que dar palpite sobre como vai ser a Venezuela ou Cuba”, destacou o presidente brasileiro.
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Gaza
As ações desse imperialismo em decadência aparecem também no genocídio promovido pelo governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu. Apesar do cessar-fogo alcançado com a intervenção de Donald Trump, a presidenta do PCdoB ressalta a necessidade de responsabilização do primeiro-ministro de Israel pelos crimes contra a humanidade cometidos na região.
“O recente cessar-fogo é um alívio, deve ser saudado, mas não apaga os horrores da ofensiva sobre Gaza. O governo de Netanyahu cometeu crimes de guerra e contra a humanidade, e deve ser responsabilizado por cada vida palestina perdida. Tudo isso ocorreu com a cumplicidade ativa dos EUA. Nesta ocasião reafirmamos nossa solidariedade com a luta do povo palestino, exigindo o fim da política de extermínio e constituição do Estado Palestino independente e soberano.”
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Socialismo no século XXI
Enquanto o imperialismo em decadência busca formas agressivas de se manter no poder, a presidenta do PCdoB destaca que o socialismo recupera seu prestígio no século XXI a partir das experiências da China, do Vietnã, de Cuba, do Laos e da República Popular Democrática da Coreia.
“O socialismo no século XXI está cada vez mais associado ao desenvolvimento sustentável e inclusivo, à inovação tecnológica e às novas formas de planejamento econômico. É a alternativa à barbárie civilizacional que o capitalismo tem produzido, é a bandeira da esperança dos povos ao redor do mundo. Por isso, no PCdoB, nosso lema é: ‘Fortalecer a nação, lutar pelo socialismo'”, ressaltou.
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