Hoje o mês é de maio,
O dia é azul-tristeza,
Porque algo irreparável
Acaba de acontecer:
Faleceu CATARINA POMAR,
Heroína humilde
– Como tantas –
Desse imenso Brasil.

Já tinha partido
Pedro Ventura F.
De Araújo Pomar – o marido –
Insigne revolucionário,
Herói maior,
Assassinado na Lapa,
Num claro mês de dezembro,
Pelos esbirros da defensa
Dos biltres abutres.

(Catarina:
Suma – mulher, alicerce e grimpa,
Chorou a morte, chorou,
Mas, como de outras vezes,
Enxugou as lágrimas,
E prosseguiu na porfia.)

Catarina de firme semblante,
Testa ampla,
Não só heróica porque Pedro,
E também – porque Pedro –
Permaneceu.
Siga em paz para as estrelas,
Heroína anônima:
E que este poema
Não seja a última lembrança
– Para todo o sempre –
De sua passagem por esta vida

São Paulo 05/011/2002 (2ªed.)
Antônio Draetta