Aqui, mostrei pontos que não foram considerados na análise do Copom:

1. O primeiro trimestre foi alavancado pela recomposição de estoques, decorrente da melhoria da atividade econômica. Passada a recomposição, o ritmo de crescimento seria menor.

2. Outro fator foi a antecipação de compras de automóveis e geladeiras, por conta do final da isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

3. Um terceiro foi a antecipação de despesas públicas em função das eleições. A partir do segundo semestre haverá queda natural de despesas devido ao período eleitoral.

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bsp; se confirmando.

No entanto, ontem foi divulgado o Relatório de Inflação Trimestral do BC, que faz um interessante jogo retórico para justificar a elevação dos juros.

Consiste no seguinte: quando os dados do presente forem contra sua tese, recorra a apostas sobre o futuro; quando as apostas sobre o futuro se mostrarem contrárias, insista nos dados do presente.

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Entenda esse jogo retórico.

Com o crescimento de 9% no primeiro trimestre, para que o crescimento no ano fique em 7,3%, significa que nos três trimestres seguintes

Mesmo sabendo-se que o ritmo de crescimento do PIB, na ponta, (ou seja, o todo) será inevitavelmente menor, o relatório insiste em pegar partes para sustentar a hipótese do crescimento excessivo.

Aponta «desempenho rosbusto no mercado de trabalho», «elevados índices de confiança dos empresários e consumidores» e «expansão do crédito». Tudo bem! Só que, somando isso tudo, o crescimento do PIB será inevitavelmente menor no segundo semestre pelas próprias projeções do mercado.

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Um dos fatores de aumento da demanda doméstica foi o “crescimento acentuado dos investimentos”, devido ao patamar elevado de confiança dos empresários.

Na equação das metas inflacionárias, um dos itens que acende luz amarela da inflação é nível de utilização da capacidade instalada da indústria. Ora, se há “crescimento acentuado” nos investimentos, significa que parte dessa demanda futura será atendida pelos investimentos em curso.

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Outro ponto minimizado pelo relatório é o desaquecimento das economias desenvolvidas – o que reduzirá a pressão sobre as exportações brasileiras e, provavelmente, sobre o preço das commodities. “Até o momento as eventuais repercussões têm sido limitadas”. Como se o desaquecimento previsto pudesse ser captado em tempo real pelos indicadores.

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Ponto relevante do atual quadro econômica é a vulnerabilidade externa – fruto do câmbio fora do lugar. Mesmo com a elevação dos preços dos produtos primários de exportação, o superávit comercial registrou recuo de 39,6% nos cinco primeiros meses de 2010, em relação ao mesmo período de 2009.

É um quadro complicado porque, lucros em alta e câmbio favorável estimularão as remessas líquidas de lucros e dividendos.

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Fonte: Luis Nassif Online