Os dados apurados pela advogada e investigadora Eva Golinger mostram que nos últimos oito anos o grande capital já canalizou para as mãos dos grupos contra-revolucionários venezuelanos cerca de 50 milhões de dólares.

Em artigo recentemente publicado, Golinger escalpeliza as informações constantes num relatório da Fundação para as Relações Internacionais e o Diálogo Exterior (FRIDE). No texto, admite-se que a assistência política e financeira prestada a partidos venezuelanos como o Primero Justicia, Un Nuevo Tiempo e Copei iniciou-se em 2002, isto é, após a derrota do golpe de Estado que tentou arredar Hugo Chávez da presidencia da República substituindo-o pelo testa-de-ferro dos patrões venezuelanos, Manuel Rosales.

No documento, o executivo bolivariano é classificado como «autoritário», «ditatorial» e «violador dos direitos humanos», palavreado que serve para justificar o apoio aos referidos grupos com o fim de «restaurar a democracia».

O Instituto FRIDE de Espanha confirma ainda que a «assistência» é prestada por um conjunto de agências internacionais, com a norte-americana National Endowment for Democracy (NED) a assumir um papel de destaque.

Mais se explica que devido aos «perigos» que enfrentam os grupos venezuelanos bafejados pela «ajuda», foi constituída uma rede de organizações internacionais sediadas, por exemplo, no Canadá, em Espanha e na Alemanha, através das quais se procura ocultar o rasto dos fundos.

Muitas das organizações venezuelanas que recebem as quantias, na prática, não existem, sendo apenas um nome, uma fachada através das quais o dinheiro é canalizado para os partidos políticos, explica Eva Golinger.

Áreas de influência

No artigo, a investigadora sintetiza as áreas de influência das agências envolvidas neste processo contra-revolucionário. A Development Alternatives Inc (DAI) entrega dinheiro a ONG’s para formar e descobrir «líderes políticos», apoiar «movimentos estudantis», campanhas mediáticas e «assuntos sociais», área em que a NED também actua financiando temas como a «democracia» ou a «liberdade de expressão».

Do âmbito dos «direitos humanos» ocupa-se a Freedom House, ao passo que a Pan-American Development Foundation (PADF) trata do «fortalecimento da sociedade civil».

O National Democratic Institute (NDI) e o International Republican Institute (IRI) entregam somas directamente aos já citados partidos Copei, Primero Justicia e Un Nuevo Tiempo, e a Open Society Institute ocupa-se da promoção de organizações com foco eleitoral, desde a publicação de pesquisas e estudos de opinião, à monitorização de sufrágios.

Milhões em 2010

A campanha que desde 2002 se desenvolve prevê, para 2010, um «orçamento» de 6 milhões de dólares, diz Golinger, distribuídos «generosamente» pela United States Agency for International Development (USAID), NED, Carter Center, IRI, NDI, Freedom House, PADF e OSI.

Esta última, propriedade do especulador George Soros, ficou conhecida por financiar as chamadas «revoluções coloridas» na Sérvia, Ucrânia ou Georgia.

Direitos humanos?

A promoção dos «direitos humanos» é um dos argumentos da campanha suja movida pela grande burguesia nacional e estrangeira através das suas agências. Antes do início do processo bolivariano, pouco ou nada se falava de direitos humanos na Venezuela. Tudo era aparentemente democrático, aberto, livre e assegurado. Tudo natural como o ar que se respira.

A realidade das profundas transformações que ocorrem actualmente na Venezuela e as conquistas revolucionárias mostram, no entanto, todos os dias, que não era assim. Um simples exemplo ilustra tal facto.

Uma das chamadas Metas do Milénio definidas pelas Nações Unidas é garantir o acesso da esmagadora maioria da população a água potável. Somente em 2006, e por iniciativa do governo bolivariano liderado por Hugo Chávez, a Venezuela alcançou esse objectivo.

A semana passada, o ministro do Poder Popular para o Ambiente anunciou que, neste momento, já 96 por cento do povo venezuelano tem garantido o acesso a água potável em sua casa.

Um humano direito conquistado pela revolução bolivariana que nada interessa ao grande capital multinacional.

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Fonte: jornal Avante!