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    Prosa@Poesia

    Do ciclo os mistérios do ofício

    Não me importa o exército das odes, Nem o jogo torneado da elegia. Nos versos, tudo é fora de propósito. Não como entre as pessoas, – me dizia. Saibam vocês, o verso, é do monturo Que eles se alenta, sem vexame disso, Como um dente-de-leão pegado ao muro, Anserina, bardana, erva-de-lixo. Grito de zanga, um […]

    POR: Ana Akhmátova

    1 min de leitura

    Não me importa o exército das odes,
    Nem o jogo torneado da elegia.
    Nos versos, tudo é fora de propósito.
    Não como entre as pessoas, – me dizia.

    Saibam vocês, o verso, é do monturo
    Que eles se alenta, sem vexame disso,
    Como um dente-de-leão pegado ao muro,
    Anserina, bardana, erva-de-lixo.

    Grito de zanga, um travo de alcatrão,
    Um bolor misterioso que esverdinha…
    E eis o verso, furor e mansidão,
    Para alegria de vocês e minha.

    (1940) 

    Poesia russa moderna – Nova antologia
    Tradução de Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman
    Editora Brasiliense – 3ª edição, 1985