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    Comunicação

    Transgressão

    oceanos onde possamos navegar, partir, tornar a voltar muitas fronteiras, novos horizontes em que nada se limite aos poucos sentidos nem se restrinja a moralidades, a códigos a crenças e princípios nem se submeta a leis, homens governos lugares comuns, discursos e ismos nem se afogue em mitos, lendas, ideologias. Nada dessa raça de indivíduos […]

    POR: Redação

    2 min de leitura

    oceanos onde possamos navegar, partir, tornar a voltar
    muitas fronteiras, novos horizontes
    em que nada se limite aos poucos sentidos
    nem se restrinja a moralidades, a códigos
    a crenças e princípios
    nem se submeta a leis, homens governos
    lugares comuns, discursos e ismos
    nem se afogue em mitos, lendas, ideologias.

    Nada dessa raça de indivíduos com pés, hábitos,
         [lágrimas, valores
    e mãos vazias tentando agarrar um inatingível deus
    tentando se esconder nas suas vestes
    se desculpar na sua misericórdia
    com oferendas, rituais e sacrifícios e toda essa farsa.

    Um lugar onde se fosse ao fim das coisas
    se penetrasse em cada uma delas até sugar-lhe o bagaço
    até chupar-lhe as vísceras
    sem medo algum, sem bloqueio, sem barreiras
    construídas pelas seitas e tabus.

    Continentes onde a fúria natural jorrasse livre
    sem que se paralise o pensamento
    onde se ouse a ação, o grito, a loucura, o drama,
    a gargalhada exploda em milhões de átomos e estrelas
          [e uivos
    de animais e agonias de angústia medonha e longa
    como a noite dos tempos,
    a paixão desenfreada, a dança.

    Que desmorone nas pessoas esse comportamento
          [adquirido
    condicionado, esses costumes de cultos formais
    a obrigação, a disciplina
    essa pontualidade com a vida
    essas mentiras todas herdadas,
    impostas, aceitas.

    Que se dissolva tudo. Que tudo escorra
    nos canais de irrigação.
    Que sejam os desejos insensatos e os vôos sublimes.
    Que sejam as cores, luzes, o som, o cheiro, o gosto, os
         [poros sexuados.
    Que fluam o sêmen, o sangue, os rios, a urina e as
          [palavras.
    Que se restaure toda a verdade
    tudo o que carrega o tempo e a gênese.
    Que tudo se purifique até alcançar
    o significado obsceno do êxtase.

    "No ritmo dessa festa"
    Bruna Lombardi
    Editora Círculo do Livro