A origem da vida é uma das grandes questões científicas da Humanidade e tem sido abordada pelos mais ilustres pensadores há milênios. O defensor mais famoso dessa hipótese na Antiguidade foi Aristóteles, há mais de 2 mil anos. O filósofo grego defendia a hipótese da "geração espontânea". Em sua versão, supunha a existência de um "princípio ativo" dentro de certas porções da matéria inanimada. Esse princípio seria responsável, por exemplo, pelo desenvolvimento de um ovo no animal adulto, cada tipo de ovo tendo um princípio organizador diferente, de acordo com o tipo de ser vivo. Esse mesmo princípio organizador também tornaria possível que seres vivos completamente formados eventualmente surgissem a partir da "matéria bruta".

Durante a Idade Média, a hipótese contou com defensores ilustres, como Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, Réné Descartes e Isaac Newton.

Um dos primeiros opositores foi o médico e naturalista florentino Francesco Redi (1626-1698). Em resposta a Aristóteles, Redi demonstrou experimentalmente que só aparecem larvas de moscas na carne podre, quando deixamos moscas pousar nessa carne.

A teoria da "geração espontânea", tal como formulada por Aristóteles, só foi refutada definitivamente no século XIX, graças ao trabalho de Louis Pasteur.

Ideias antigas de abiogênese – outro nome para geração espontânea – foram, há muito, descartadas pela ciência. O consenso científico atual é que a abiogênese ocorreu aproximadamente entre 4,4 bilhões de anos, quando vapor de água condensou-se pela primeira vez na Terra, 2,7 bilhões de anos atrás. Estas teorias supõem que a origem da vida ocorreu em alguma altura nos últimos 13,7 bilhões de anos da evolução do Universo desde o Big Bang.

No século XVI, Paracelso descreveu diversas observações acerca da geração espontânea de diversos animais, como sapos, ratos, enguias e tartarugas, a partir de fontes como água, ar, madeira podre, palha, entre outras.

O médico belga J. B. Van Helmont chegou a prescrever uma "receita" para a produção espontânea de camundongos em 21 dias. Segundo ele, bastava que se jogasse, num canto qualquer, uma camisa suja (o princípio ativo estaria no suor da camisa).

A invenção e aperfeiçoamento do microscópio renovaram aceitação da abiogênese. Em 1683, Anton van Leeuwenhoek descobriu os microrganismos, e logo foi notado que não importava o quão cuidadosamente a matéria orgânica fosse protegida por telas, ou fosse colocada em recipientes tampados, uma vez que a putrefação ocorresse, era invariavelmente acompanhada de uma miríade de bactérias e outros organismos. Não se acreditava que a origem desses seres estivesse relacionada a reprodução sexuada, então sua origem acabou sendo atribuída à geração espontânea.

Em 1745, John Needham realizou novos experimentos que vieram a reforçar a hipótese de a vida poder originar-se por abiogênese. Consistiam em aquecer em tubos de ensaio líquidos nutritivos, com partículas de alimento. Fechava-os, impedindo a entrada de ar, e os aquecia novamente. Após vários dias, nesses tubos proliferavam enormes quantidades de pequenos organismos. Em 1768, Lazzaro Spallanzani demonstrou que Needham falhou em não aquecer suficientemente a ponto de matar os seres pré-existentes na mistura.

Foi principalmente devido ao biólogo francês Louis Pasteur, em 1862, que a ocorrência da abiogênese no mundo microscópico foi refutada tanto quanto a ocorrência no mundo macroscópico. Contra o argumento de Needham sobre a destruição do princípio ativo durante a fervura, ele formulou experimentos com frascos com "pescoço de cisne", que permitiam a entrada de ar, ao mesmo tempo em que minimizavam consideravelmente a entrada de outros micróbios por via aérea.

Dessa forma, demonstrava que a fervura em si, não tirava a capacidade dos líquidos de manterem a vida, bastaria que organismos fossem neles introduzidos. O impedimento da origem da vida por falta do princípio ativo, também pode ser descartado, já que o ar podia entrar e sair livremente da mistura.

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Com informações do website ateus.net

Fonte: Opera Mundi