Para Sérgio Ribeiro, do Partido Comunista de Portugal (PCP), a idéia de uma moeda mundial deve ser repensada diante da crise. “Que tipo de moeda nós temos hoje? Ela está baseada no ouro. Neste sentido, a cesta de moedas é uma proposta muito interessante. É preciso repensar essa lógica perversa da moeda mundial que está aí”, afirmou Ribeiro durante o Seminário Internacional Sobre a Crise Mundial, encerrado neste domingo (21).

Para Sérgio Ribeiro, do Partido Comunista de Portugal (PCP), a idéia de uma moeda mundial deve ser repensada diante da crise. “Que tipo de moeda nós temos hoje? Ela está baseada no ouro. Neste sentido, a cesta de moedas é uma proposta muito interessante. É preciso repensar essa lógica perversa da moeda mundial que está aí”, afirmou Ribeiro durante o Seminário Internacional Sobre a Crise Mundial, encerrado neste domingo (21).

O comunista português foi convidado para o painel “Os impactos da crise na União européia e a reação dos governos”, realizado no sábado (20), durante o seminário que contou com a participação de 250 pessoas e foi promovido por PT, PCdoB, Fundação Maurício Grabois, Fundação Perseu Abramo e Ipes/Corint.

Sobre a alternativa à crise, o português afirma que os problemas econômicos não serão resolvidos com a injeção de dinheiro no sistema financeiro. Além disso, Ribeiro reflete que a alternativa pode se dar não através de um modelo, mas com ações em diversas frentes de luta em que estão inseridos os partidos políticos e os movimentos.

“Em Portugal não temos nenhum modelo. Nós temos uma luta nas frentes de luta que existem”, explicita. Essas lutas foram importantes para os resultados eleitorais positivos obtidos pelo PCP. Porém, “nossa luta vai muito além da disputa eleitoral e nunca se reduzirá ao gesto de um voto numa caixa”.

Ao falar sobre as eleições para o parlamento da União Européia (UE), Ribeiro lembra que o PCP foi contra a adesão de Portugal pela desigual relação de poder proposta na UE. “Há ainda a criminalização de partidos comunistas na região. Portanto, toda a leitura que se faça da eleição tem que levar em consideração esse traço antidemocrático”, enfatiza.

Para o membro do PCP, a análise sobre a crise precisa ser multicafetada. “Estamos dando muita importância às questões financeiras, às suas estruturas. Muitas vezes nos concentramos apenas nas instituições internacionais que estão ligadas ao dinheiro, mas a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), a Unesco?”, provoca.

As escolhas do governo brasileiro

Logo após a apresentação de Ribeiro, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda do governo Lula, Nelson Barbosa, discorreu sobre “Os organismos internacionais frente à crise”. Barbosa enumerou diversas mudanças discutidas nas instituições internacionais após a eclosão da crise e o fim da ilusão de que o mercado se autorregula.

“Hoje há uma visão menos otimista da autorregulamentação do mercado. O exemplo vivo mostra a necessidade de intervenção do Estado. Na queda desse modelo, quem decide o tamanho e a proporção das mudanças econômicas? É preciso organizar um apoio mútuo de políticas”, explica. Esse cenário aponta para um mundo mais multipolar, daí a importância de que se revestiram as instituições internacionais diante da crise. “Os G20 se tornaram um fórum mais privilegiado”, defende. Porém, ele encontra limites inerentes a sua natureza.

“É muito difícil você colocar 20 países para concordar com alguma coisa. Além disso, há uma certa competição. De um lado você tem os BRICs (países como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), de outro os G8, que tentam trazer de volta o seu protagonismo.”

A polêmica em torno da crise do dólar também foi tema da apresentação de Barbosa. “Criou-se um medo de que o dólar poderá se desvalorizar. Agora isso ganha mais força porque há economias fora dos G8 que são mais fortes. Porém, mudanças súbitas do padrão internacional só ocorrem após guerras. Como essa alternativa não existe, há um processo de convergência e a ausência de alternativas. A administração ainda passa pela moeda americana, mas com menor poder”, analisa.

De São Paulo,
Carla Santos