ARTIGO: O realista olhar estrangeiro
Quando a presidente Dilma Rousseff lançou o bordão “Copa das Copas” houve quem o considerasse a idealização de uma ilha de otimismo varrida por um tsunami catastrofista. Aos nos aproximarmos das semifinais, o mundo chancela o lema e antecipadamente aprova a Copa de 2014 como a mais bem-sucedida de todas. Além do entusiasmo das centenas de milhares de turistas-torcedores de 56 países, cresce o reconhecimento de jornalistas estrangeiros veteranos de outras competições. Consultados pelo Uol, 38,5% apontaram o “Mundial brasileiro como o melhor já visto.” O de 2006, na metódica Alemanha, ficou em segundo lugar, com a metade do percentual de sucesso atribuído ao do Brasil.
O bom êxito da jornada da Copa reconecta ao arrojo nacional críticos que de boa-fé duvidavam da nossa capacidade de realização. E outros que, inoculados ao longo de séculos por um pessimismo antinacional, sofrem do famoso complexo de vira-lata. As cassandras recalcitrantes já não brigam tanto com os fatos, como o mostra a divulgação dessa pesquisa. Mas ainda supervalorizam percalços inerentes a um empreendimento gigantesco, nenhum criado nem agravado por ele, ao contrário, todos enfrentados com uma batelada de obras e serviços em período coincidente com o torneio da Fifa para servir ao povo brasileiro.
Ganhamos pontos na logística, no conceito internacional e na autoestima.
A Copa nos orgulha, mas dura um mês, embora seus efeitos positivos se estendam no tempo. Os jornalistas estrangeiros, profissionais da informação imunes às deformações político-partidárias locais, admitem sem hesitar: “Gostamos de tudo”, disse a maioria. Em fatias não deixaram de observar os “altos preços”, o “trânsito ruim”, a “sensação de insegurança” – antigos problemas do nosso quotidiano que o torneio, com os investimentos que proporciona e o legado de múltiplos valores, ajudará a reduzir.
Por enquanto, colhemos o reconhecimento internacional por realizarmos uma Copa com toda a infraestrutura exigida e, de quebra, o espetáculo da confraternização nos estádios e nas ruas, e um nível técnico que a Fifa considera superior. É reconfortante ver jornais especializados, como o Ole da Argentina e o Marca da Espanha, elogiarem a organização do torneio. E também verificar em uma publicação da importância da revista americana New York Review of Books a constatação de que só os sovinas vão questionar que esteja em curso “The Best World Cup Ever!”, a melhor Copa de todos os tempos.
*Aldo Rebelo é ministro do Esporte