A Heróica Luta do Povo da Coréia do Sul pela Unificação e a Independência da Pátria
O POVO coreano foi libertado do jugo do imperialismo japonês pelas forças do valoroso Exército Soviético que desempenhou um papel decisivo no esmagamento dos agressores fascistas, tanto no Ocidente como no Oriente.
Foi graças à União Soviética, que desenvolve uma luta conseqüente pela verdadeira democracia e que defende a independência, a liberdade e a soberania dos povos, grandes e pequenos, que se abriu diante do povo coreano, ou seja 27 milhões de habitantes, o caminho de uma vida livre e feliz, o caminho da recuperação e do desenvolvimento de seu Estado nacional.
Em conseqüência dessa grande reviravolta na vida da Coréia, despertaram as forças criadoras do povo coreano, antes esmagadas sob a bota do militarismo japonês, e o povo coreano lançou-se resolutamente à realização de suas aspirações seculares: criar um Estado democrático independente da Coréia. Não tinha ainda decorrido um mês da libertação quando os coreanos instauraram em todas as regiões do país, comitês populares — órgãos verdadeiramente democráticos do poder — e proclamaram a criação de seu Estado soberano: a República Popular da Coréia. Tendo tomado o poder em suas mãos, os comitês populares destruíram pela raiz o aparelho administrativo colonial dos invasores japoneses e introduziram sem protelações novas disposições democráticas.
Na vanguarda da luta patriótica do povo coreano encontrava-se o Partido Comunista(2), defensor conseqüente dos interesses nacionais do povo coreano e organizador de sua luta pela completa independência e pelo desenvolvimento democrático do país. Sob a direção do Partido Comunista, o povo coreano reuniu-se em torno dos comitês populares, e os inimigos do povo, os elementos pró-japoneses, traidores do país, tremerem por sua sorte em face desta formidável força popular.
Com a criação da República Popular coreana, realizaram-se transformações democráticas decisivas: reforma agrária; nacionalização dos principais ramos da indústria; lei progressista sobre o trabalho; liberdade de trabalho, de imprensa, de reunião e de organização; igualdade de direitos para as mulheres; ampliação da instrução pública; renascimento da cultura nacional.
Tendo entrado na Coréia do Norte, em agosto de 1945, para esmagar os ocupantes japoneses, o grande Exercito Soviético não somente encorajou as aspirações patrióticas e as reivindicações democráticas do povo coreano, mas ajudou pôr todos os meios e de modo desinteressado a realização dessas reivindicações. Durante sua permanência em território coreano, o Exército Soviético surgiu ao povo coreano como o campeão fiel dos grandes princípios da política exterior leninista-stalinista, uma política de respeito pela soberania dos povos grandes ou pequenos. O povo coreano adquiriu a convicção de que o Exército Soviético não tem outro objetivo que assegurar sua independência e o seu desenvolvimento democrático. Saudou-o por isso como um exercito amigo, um exército libertador, tanto quando entrou como quando partiu da Coréia.
Graças à ajuda fraternal da União Soviética, as aspirações do povo coreano se realizaram inteiramente na Coréia do Norte depois de sua libertação. Eis porque, atualmente, é exatamente na Coréia do Norte que a unidade, a liberdade e a independência do povo coreano receberam uma sólida base.
Não há nenhuma dúvida que se os imperialistas americanos não se tivessem imiscuído nos assuntos internos da Coréia, e não tivessem pisoteado a vontade do povo, há muito o povo coreano teria realizado em escala nacional as transformações democráticas que, no momento, só existem na Coréia do Norte. O poder popular teria sido instaurado, igualmente, na Coréia do Sul e toda a Coréia se teria tornado um Estado democrático unido e independente.
I — Os Ianques Instauram o Terror Fascista
INFELIZMENTE, diante do povo coreano ergueu-se o imperialismo americano com a mesma cobiça colonizadora que nosso povo já sofrerá tão amargamente sob a dominação japonesa. Já nos primeiros dias de sua ocupação da Coréia do Sul, as tropas americanas revelaram seus objetivos e suas verdadeiras intenções. As autoridades militares americanas começaram por maltratar o povo e dissolver os comitês populares que ele tinha criado.
Sobretudo, com sua repressão, as tropas americanas procuraram destruir a aspiração dos coreanos de restabelecer sua soberania nacional. O general Arnold, chefe da administração militar americana, declarou cinicamente, a 10 de outubro de 1945, que, na Coréia do Sul, a soberania não pertencia ao povo coreano, mas à administração militar americana. Essa declaração foi imediatamente confirmada por medidas militares tendentes a sufocar a vontade do povo coreano. Os americanos declararam ilegal a República Popular coreana e perseguiram seus dirigentes. Era realmente uma declaração de guerra ao povo coreano; significava privá-lo pela violência de uma soberania que de direito cabia aos coreanos, depois da expulsão dos ocupantes japoneses. Os americanos mobilizaram todas as suas forças para sufocar os comitês populares.
No lugar destes comitês, restabeleceram o aparelho administrativo, odiado pelo povo, da época japonesa; e os elementos pró-japoneses, que se tinham enriquecido explorando e oprimindo o povo, colaborando com os ocupantes japoneses, reapareceram, refeitos de seu pavor inicial e convencidos de que a mudança de senhores não prejudicava em nada sua prosperidade. Depois de ter conseguido a proteção dos colonizadores americanos, os traidores do povo ganharam coragem outra vez e se puseram a reunir e a consolidar as forças reacionárias. Com a colaboração dos reacionários locais os americanos instituíram na Coréia do sul um regime policial, terrorista, tendo por objetivo sufocar a atividade dos partidos democráticos e das organizações sociais, e retirar dos coreanos suas liberdades políticas.
A intenção dos americanos era dificultar a unificação das forças democráticas sob a direção do Partido Comunista e provocar uma cisão no país. O mercenário americano Singman Ri que tinha sido mantido em reserva com esse objetivo, entrou então em cena e foi posto à frente da camarilha de elementos pró-japoneses.
No que diz respeito às medidas dos americanos no domínio econômico, nada do que pertencera aos japoneses foi devolvido ao povo coreano, mas inteiramente açambarcado pelos americanos. A realização da reforma agrária, baseada na confiscação das terras dos grandes proprietários territoriais e dos traidores, e na repartição gratuita das mesmas entre os camponeses, foi categoricamente recusada. O camponês da Coréia do Sul continuou, como no passado, sob o jugo da exploração e da opressão. A lei que fixava em oito horas a jornada de trabalho não foi aplicada.
A cólera e a indignação do povo coreano cresceram ainda mais quando os norte-americanos fizeram fracassar deliberadamente a execução das decisões tomadas pelos ministros das Relações Exteriores na Conferência de Moscou, decisão que previa a criação de um governo único, democrático, na Coréia. A não aplicação das decisões da Conferência de Moscou pelo governo americano e a interrupção dos trabalhos da comissão mista soviético-americana, reunida para aplicar aquela resolução, acentuaram a divisão da Coréia e provocaram novos sofrimentos para o povo coreano.
A despeito das promessas de liberdade para a ação democrática, a administração militar americana expediu um mandado de prisão contra os dirigentes do Partido Comunista coreano, e numerosos militantes patrióticos, que tinham lutado abnegadamente durante dezenas de anos contra os ocupantes japoneses, foram jogados sem nenhum motivo nas prisões.
A política colonizadora dos americanos na Coréia tomou um caráter aberto. A fim de vender o que chamava de excedentes militares, os americanos impuseram aos coreanos um “crédito” de 26 milhões de dólares. Requisitaram pela força e enviaram para o Japão a colheita de arroz e dos outros produtores agrícolas, condenando assim à fome a população da Coréia meridional.
As violências dos americanos, suas medidas colonizadoras, provocaram em toda a Coréia do Sul a explosão de um movimento de resistência popular das massas. O primeiro grande movimento deste gênero foi a greve de 40.000 operários da Coréia do Sul, em outubro de 1946, que em certos lugares, se transformou numa insurreição armada.
Durante este movimento, os americanos e seus lacaios assassinaram mais de 300 patriotas; feriram mais de 2.600 pessoas; mais de 3.600 coreanos desapareceram (realmente a maior parte foi morta), e mais de 25.000 foram encarcerados. Mas, apesar dos assassinatos e dos derramamentos de sangue, mais de 2 milhões de trabalhadores, de camponeses, de jovens estudantes e de pequeno-burgueses das cidades participaram desta ação popular.
Essa heróica ação do povo da Coréia do Sul, sob a direção da classe operária assinalou o início de uma luta organizada das massas de patriotas coreanos contra a política americana de escravização do nosso país.
Desde então, essa luta ampliou-se e continuou a se desenvolver constantemente; ela mostra a coragem sem limites, a coesão e abnegação dos patriotas coreanos. Hoje, a luta heróica do povo da Coréia do Sul, para salvar o país, tornou-se uma força formidável, invencível, que parece, segundo as próprias palavras de Singman Ri, “um incêndio de floresta”. Este incêndio varrerá todas as forças reacionárias que tentem impedir a unificação da Coréia e lhe arrebatar a liberdade .
II — Uma Derrota Fragorosa dos Imperialistas e Seus Lacaios
O MOVIMENTO de outubro de 1946, a greve geral de 22 de março de 1947, a luta das massas do povo da Coréia do Sul para que chegassem a um resultado os trabalhos da comissão mista soviético-americana, em 1947, a luta de todo o povo pela aplicação da proposta soviética sobre a retirada simultânea das tropas americanas e soviéticas da Coréia e a concessão ao povo coreano do direito de organizar ele próprio seu governo unificado: tudo isso obrigou os americanos a compreender que não lhes era possível dominar diretamente na Coréia do Sul.
Os americanos procuraram então o meio de enganar o povo coreano de modo a poder, continuando a agir nos bastidores, não somente se imiscuir sem embaraço nos negócios internos da Coréia, mas ainda chegar a desmembrá-la definitivamente, a fazer dela uma colônia. Com esse objetivo, impuseram a discussão da questão coreana à Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas e forçaram a adoção de uma decisão ilegal sobre a organização de eleições separadas na Coréia do Sul, sob o controle de uma pretensa comissão da ONU. Por meio destas eleições, os americanos procuraram impor ao povo coreano o poder da camarilha de Singman Ri, a eles vendida. Tratava-se de um projeto celerado para mascarar, sob a égide da ONU, a política americana de escravização da Coréia.
Mas os imperialistas americanos não conseguiram enganar ao povo coreano; não conseguiram, como se diz numa fábula coreana, “tocar os sinos tapando os ouvidos”. O povo coreano compreendeu perfeitamente que a criação, na Coréia do Sul, de um governo separado de fantoches americanos só contribuiria para acentuar a divisão da .Coréia, para agravar as condições de vida do povo no sul do país, para aumentar o terror e as arbitrariedades policiais, para consolidar a dominação americana no Sul.
Quando a pretensa comissão da ONU chegou à Coréia do Sul, os_operários de Seul desencadearam um movimento de protesto contra sua chegada. A 7 de fevereiro de 1948, os operários da Coréia do Sul iniciaram a greve geral. Em seguida, desenvolveu-se uma heróica luta de massas pela salvação da pátria, sob as palavras de ordem de “Abaixo a Comissão da ONU!”, “Dêem ao povo coreano o direito de formar por si mesmo seu governo unificado!”. Durante estas jornadas, 1.300.000 pessoas participaram das greves e demonstrações contra a comissão da ONU.
O movimento contra a atividade da comissão da ONU desenrolou-se em meio a um terror sangrento; os patriotas que iam às demonstrações arriscavam sua vida. Numerosos heróis populares caíram sob as balas do exército americano e da camarilha vendida de Singman Ri. Todavia, o movimento tomou uma grande amplitude, o que demonstra a vontade inquebrantável do povo coreano de lutar contra as novas tentativas de dominação de sua pátria. Mais uma vez essa luta tomou a forma de resistência armada do povo.
A 3 de abril de 1948, na região mais meridional do país, na ilha de Tchedchudo (Chejú) ascendeu-se a chama da luta popular dos guerrilheiros. Apropria comissão da ONU não pôde esconder as causas que levaram os habitantes da ilha a erguer-se contra o novo jugo colonial. No seu informe à quarta sessão da Assembléia Geral da ONU a comissão indica que o que está na origem dos fatos, foi o ataque e o espancamento, por policiais e membros da União da juventude do Nordeste (organização terrorista reacionária), de pessoas suspeitas de pertencer ao Partido Comunista. Na sua fúria contra os habitantes da ilha de Tchedchudo, que aspiram à unificação e à liberdade, a polícia reacionária criada pelos americanos realizou mais de 10.000 prisões e torturou até a morte centenas de pessoas. Não podendo suportar as arbitrariedades policiais, os habitantes tomaram das armas e revoltaram-se contra seus novos inimigos.
Apesar das condições geográficas desfavoráveis de uma terra isolada pelo mar, apesar também de precariedade de armamento e da tática cruel de terra queimada empregada por um inimigo bem armado que recebia constantemente todos os abastecimentos de que necessitava, os heróicos habitantes da ilha conseguiram impedir em seu território a realização de eleições separadas a 10 de maio de 1948. Na ilha não se realizaram eleições.
As autoridades de Singman Ri lançaram contra os habitantes da ilha de Chejú poderosas forças armadas que procederam com uma crueldade inaudita contra os patriotas. A própria comissão da ONU não pôde esconder os atos de ferocidade cometidos pelos bandidos de Singman Ri contra os habitantes da ilha de Tchedchudo. No seu informe à quarta sessão da Assembléia Geral da ONU, ela declara: “Com o objetivo de pacificação, o governo enviou para essa ilha numerosas tropas, mas as desordens não se acalmaram antes do início de 1949. As operações militares prosseguiam ainda em maio de 1949. As povoações foram reduzidas a cinzas, e os danos em prédios, gado doméstico e plantações montam a vários bilhões de vons”.
A luta armada dos habitantes de Chejú favoreceu o rápido reforçamento da luta de todo o povo da Coréia do Sul, luta que se iniciou com as ações de outubro de 1946.
A luta cada vez mais ampla de todo o povo coreano contra a política colonizadora dos Estados Unidos, levou os chefes dos partidos políticos e das organizações sociais das mais diversas tendências a conjugar seus esforços contra as tentativas de eternizar a divisão temporária da Coréia.
O congresso dos representantes dos partidos políticos e das organizações sociais do Sul e do Norte, que se instalou a 29 de abril de 1948 em Penian, concitou todo o povo coreano, em nome da liberdade e unificação da pátria. a boicotar as eleições separadas organizadas a 10 de maio pela camarilha de Singman Ri.
Respondendo a este apelo, e apesar do engodo, das ameaças e do terror, a população da Coréia do Sul travou a luta contra as eleições separadas. Em numerosas cidades e povoações da Coréia do Sul, as “urnas eleitorais” e “os postos de votação” foram destruídos pelo povo. Na véspera das eleições, centenas de milhares de pessoas esconderam-se nas florestas e nas montanhas para não participar delas. Essas famosas eleições fracassaram vergonhosamente. Menos de 30% dos eleitores participaram delas. Quanto aos votantes, é um fato constatado que a maior parte deles foi constrangida pela força e a mentira.
Foi preciso que os americanos e seus agentes da comissão da ONU recorressem a uma falsidade grosseira para declarar que as “eleições” tinham sido coroadas de êxito para constituir com a camarilha de Singman Ri um governo fantoche da Coréia do Sul.
Na ocasião da instauração, no sul, do regime anti-popular de títeres de Singman Ri, os patriotas coreanos, em luta pela unidade e pela democratização da pátria, se viram diante da tarefa de criar um governo central da Coréia verdadeiramente popular. Na conferência de representantes dos partidos políticos e das organizações sociais do Norte e do Sul, realizada cm junho de 1948, decidiu-se proceder, em agosto do mesmo ano, a eleições democráticas gerais em todo o território do país. A camarilha de Singman Ri fez tudo que lhe era possível para impedir as eleições populares no sul. Durante as eleições, 291 pessoas tombaram vítimas do terror do Singman Ri e 9.081 foram presas. Contudo, 6 712.407 votantes de um total de 8.601.746 eleitores, ou seja 77,52% participaram das eleições clandestinas no Sul. Na Coréia do Norte, em que as liberdades democráticas são garantidas, 99,98% dos eleitores participaram das eleições. Os resultados das eleições mostram a atividade política sem precedentes das massas e a notável unanimidade do povo coreano. Depois destas eleições, a República Popular Democrática da Coréia foi proclamada, e criado um governo central que tem à sua frente Kim Ir Sen, herói nacional do povo coreano.
O governo da República Popular Democrática da Coréia tem número igual de representantes do Sul e do Norte, entre os quais se encontram os representantes das diferentes tendências políticas e camadas sociais da Coréia. O estabelecimento de um governo central é uma das principais vitórias do povo coreano na luta pela unidade e a liberdade.
III — O Povo Odeia a Camarilha de Singman Ri
A CAMARILHA traidora de Singman Ri foi levada ao poder com o auxílio das armas americanas. Sem a intromissão americana, sua existência seria simplesmente inconcebível. A camarilha de Singman Ri está isolada do povo, que a despreza. Diante do ódio geral que o povo coreano lhe [de]vota, Singman Tii e seus asseclas não vêm sua salvação senão no emprego constante da violência e num terror sangrento contra os patriotas. Mas estes meios anti-populares, que permitem à camarilha de Singman Ri manter provisoriamente seu regime putrefato, aceleram ao mesmo tempo sua derrota. O regime de Singman Ri está condenado.
A torrente de remodelações ministeriais, as divergências na “Assembléia Nacional”, toda a política do governo de Singman Ri mostram a instabilidade e a podridão do regime anti-popular dos títeres da Coréia do Sul.
Sentindo a fragilidade de suas posições, a camarilha de Singman Ri fez todos os esforços para manter em nosso solo o exército americano de ocupação. Ela está pronta para entregar aos americanos todas as riquezas do país, como também sua liberdade, contanto que seja protegida pelas armas contra o povo indignado com sua política.
Expressando a vontade do povo coreano, a Assembléia Popular Suprema da República Popular Democrática da Coréia, se dirigiu, quando de sua primeira sessão, aos governos da URSS e dos Estados Unidos para lhes pedir a aplicação da proposta soviética e a retirada de suas tropas do território da Coréia. O governo da União Soviética respondeu com solicitude ao pedido da Assembléia Popular Suprema da Coréia, e, indo ao encontro dos interesses nacionais do povo coreano, retirou suas tropas da Coréia do Norte em dezembro de 1948. Esta medida do governo soviético teve grande importância histórica para a Coréia.
Na ocasião da partida da Coréia das unidades do glorioso Exército Soviético, o povo coreano endereçou ao generalíssimo Stálin, guia dos povos e salvador da Coréia, uma carta de agradecimento que reuniu 9.900.009 assinaturas. somente na Coréia do Sul.
A recusa do governo dos Estados Unidos de aceitar a proposta soviética desmascarou completamente os objetivos agressivos dos imperialistas americanos que se esforçam por prolongar a ocupação da Coréia do Sul para fazer dela uma colônia e uma base militar dos Estados Unidos. A decisão do governo soviético de retirar suas tropas da Coréia e a luta crescente do povo coreano para afastar do país as tropas americanas, encheram de medo a camarilha de Singman Ri e a colocaram, bem como a seus patrões americanos, numa situação difícil. Em ligação com isso, uma série de acordos militares foram concluídos entre os Estados Unidos e os homens de Singman Ri e, na “Assembléia Nacional” da Coréia do Sul, com o auxílio de ameaças e provocações, representou-se às pressas uma comédia inspirada pelos americanos, e suplicou-se aos Estados Unidos que prolongassem a permanência das tropas americanas na Coréia do Sul.
A camarilha de Singman Ri contrapôs à vontade do povo um terror reacionário de uma extensão e ferocidade inauditas.
Começando por Seul, Singman Ri aplicou em toda a Coréia do Sul o sistema chamado de caução solidária. Trata-se de um sistema de perseguição sem exemplo na história. Três ou cinco casas vizinhas formam um mesmo elo desta cadeia. Todos os moradores destas três ou cinco casas ficam obrigados a espionar-sc reciprocamente e a denunciar imediatamente à polícia ou aos “destacamentos da auto-defesa” as suspeitas que lhes surgirem e as visitas que receberem os moradores destas casas. Se essa obrigação não for cumprida, os moradores destas três ou cinco casas são presos, torturados, deportados e seus bens confiscados. Quando se descobre que alguma casa recebeu algum suspeito, a família em questão é exterminada.
Nas regiões em que operam destacamentos de guerrilheiros, os habitantes são evacuados à força. Essa evacuação é feita de modo tão desumano, que os próprios membros reacionários da “Assembléia nacional” da Coréia do Sul demonstram inquietação a esse respeito. Assim é que Tcho
Han En, do partido “povo de Han” (Kuomintang coreano), declarou, a 8 de outubro de 1949: “No distrito de Bonghua, na província do Kengsan setentrional, existem ao todo 8 cantões. Com exceção de 36 localidades (isto é, um quarto de todo o distrito), todos os habitantes receberam ordem das autoridades militares de evacuar o lugar entre 3 e 8 de outubro. A população não sabe para onde ir”.
Transferências forçadas de população realizam-se nas regiões de Tebiacsank, de Tchirisan, na parte meridional da província de Tcholla do Sul, nas regiões de Odesan, de Uhmusan, nas regiões montanhosas do centro da província de Kengsan do Norte, nas regiões de Sobiaksan, etc. A população da Coréia do Sul, visada por essa ordem feroz de transferência, eleva-se pelo menos a 4 milhões de pessoas. Estes quatro milhões de habitantes pacíficos, privados de seus lares, de seus bens, de seu gado e de suas sementes foram forçados, num prazo de cinco dias, a abandonar a região natal e a se transformarem em miseráveis vagabundos. De tal ordem são as medidas draconianas do “governo” de Singman Ri.
Se a população resiste a essa transferência forçada, os homens de Singman Ri fazem uso de suas armas, A 8 de outubro de 1947, na “Assembléia Nacional”, Kim Kuan Dum declarou a esse respeito: “Se os habitantes não se submetem à transferência forçada realizada presentemente pelos organismos militares, nas diferentes regiões, são passíveis, como elementos reacionários, de medidas de repressão que podem ir até a execução”. (Jornal — “Seul Synmun”, de 9 de outubro de 1949).
Não ficou nem mesmo a sombra das liberdades democráticas prometidas. O terror e o arbítrio policial reinam na Coréia do Sul. São esses os resultados da atividade dos representantes da “democracia” americana e de seus agentes, na Coréia do Sul. Em 1945, 15 coreanos foram mortos; em 1946, mais de 4.200; em 1947, 3.800; em 1948, 32.000; em 1949, até o fim de julho, 53.000. Ao todo foram mortos mais de 93.000 patriotas coreanos. Por outro lado, até o fim de julho de 1949, 478.000 pessoas foram atiradas nas prisões. Atualmente, o número de presos eleva-se a 154.000. A pretensa “comissão da ONU”, ela mesma, não pôde conservar o silêncio diante da arbitrariedade de Singman Ri, esse carrasco do povo. Ela indicou no seu informe que em virtude da “lei de segurança do Estado”, que prevê uma longa prisão e mesmo a pena de morte por atividade democrática, “99.710 pessoas foram presas no período decorrido de 4 de setembro de 1948 a 30 de abril de 1949”. Não é de espantar que as prisões da Coréia não possam conter todos os patriotas presos, tão grande é o seu número. O “governo de Singman Ri constrói às pressas novas prisões e amplia as já existentes. Todos os locais que podem servir para esse fim, inclusive os depósitos das fábricas, são transformados em prisões; apesar disso, como a constatou a comissão de juristas, nas prisões da Coréia do Sul há de seis a oito presos por pen (um pen é igual a 3,3 metros quadrados).
IV — O Governo Fantoche Conduziu o País à Ruína
ALÉM do desencadeamento de um feroz terror policial, a ruína econômica da Coréia é uma rude prova para o povo da Coréia do Sul. A «ajuda americana” em torno da qual de faz uma publicidade tão escandalosa não melhorou a situação econômica da Coréia do Sul. Ao contrário, a destruição premeditada da economia prossegue e a Coréia do Sul cai sob a dependência crescente dos Estados Unidos. Eis o que dizia, a 1.° de junho de 1949, o jornal de Singman Ri, “Enhab Synmun”, a propósito da situação da indústria da Coréia meridional: “No que diz respeito a nossa atividade industrial, não se pode negar que ela se encontra numa situação verdadeiramente triste… No centro industrial de Endopo, que pode ser considerado como coração do Estado de Han (antigo nome da Coréia retomado pelos reacionários), e que é uma aglomeração compacta de duzentas fábricas e usinas grandes e pequenas, somente 55 estão em atividade atualmente, uma dezena das quais garantem aos operários salários estáveis, horas de trabalho e lhes pagam o dinheiro que ganharam”. Assim, não mais de 5% das empresas industriais de Endopo funcionam de modo normal. São esses os benefícios da “ajuda econômica” fornecida pelos “benfeitores” americanos à Coréia do Sul. Em conseqüência da ruína industrial, centenas de milhares de operários foram lançados à rua e condenados ao desemprego.
Os desempregados se encontram numa situação insustentável. A vida dos operários, que só acidentalmente encontram trabalho, é extremamente penosa. O mesmo jornal “Enhab Synmun” escreve: “A situação material dos trabalhadores dos principais ramos industriais é indescritível… A situação dos operários é tal que é difícil imaginar como conseguem subsistir”. A vida não é absolutamente mais fácil para os camponeses a quem a reforma agrária é obstinadamente recusada e que gemem, como no passado, sob o jugo dos latifundiários. O jornal “Enhab Synmun” escrevia a 16 de junho de 1949:”Na agricultura, não se trata de aumentar a produção. Os camponeses continuam cultivando seu lote de terra para prolongar ainda um pouco sua existência, porque é duro morrer; eles hipotecam tudo que pode ser hipotecado e fazem empréstimos a juros muito elevados que variam de 10% a 20%”. Assim é a vida dos camponeses, esse é o estado da agricultura da Coréia do Sul. O próprio órgão de Singman Ri não pode esconder os horrores da vida das massas populares na Coréia do Sul que sofrem o duplo jugo do imperialismo americano e da reação interna.
O povo da Coréia do Sul tem uma missão histórica e realizar: liquidar o bando de Singman Ri, expulsar os imperialistas americanos, obter assim a unificação rápida de sua pátria e a criação de um Estado coreano democrático e independente.
O programa de unificação pacífica do país, proposto pela Frente Única Democrática da Pátria, que agrupa as melhores forças patrióticas da Coréia, expressou a aspiração legítima de todo o nosso povo à unidade e à independência. Todo o povo coreano, tanto no Norte como no Sul saudou esse programa. A 20 de julho de 1949, os trabalhadores da Coréia do Sul fizeram uma greve geral de duas horas para apoiar esse programa de unificação pacífica da Frente Única Democrática da Pátria. Os operários de todos os ramos industriais da Coréia do Sul tomaram parte na greve, e os camponeses, os estudantes e a pequena-burguesia das cidades a ela responderam com um poderoso movimento de vários milhões de homens.
Contudo a camarilha de Singman Ri, temendo perder o poder, rejeitou o programa de unificação pacífica do país, aumentou o terror contra os patriotas e prepara abertamente um grande exercito equipado e instruído pelos americanos, visando a uma cruzada contra o Norte. A camarilha de Singman Ki procura atiçar a guerra civil na Coréia. Com esse objetivo, ela organiza sem cessar incidentes em torno do Paralelo 38 que separa a Coréia do Norte da Coréia do Sul, e envia para o Norte bandos de espiões e de agentes diversionistas.
V — Ergue-se o Povo Coreano Pela Sua Liberdade
EM RESPOSTA à política sangrenta de Singman Ri, o povo coreano reúne suas forças e desenvolve uma luta cada vez mais encarniçada pela liberdade e a independência.
A luta armada dos guerrilheiros que, juntamente com o movimento de massas dos operários, dos camponeses e da pequena-burguesia, não para de se ampliar na Coréia do Sul, é a brilhante expressão do patriotismo e da abnegação do povo.
A 20 de outubro de 1948, no porto de Iosu, no qual as forças armadas foram embarcadas para a ilha de Chejú, o 14.º regimento do exército de Singman Ri revoltou-se. Esse regimento uniu-se aos guerrilheiros e a luta armada no sul tomou maior impulso. Nessa época, as montanhas de Tchirisan na província de Tcholla do Sul, a região marítima do Sul e a ilha de Chejú foram as principais regiões em que se desenvolveu a atividade dos guerrilheiros. O “governo” de Singman Ri mobilizou grandes forças armadas para lançar contra os guerrilheiros e convidou para isto os oficiais do exército americano, na qualidade de conselheiros.
No início de 1949, o “governo” de Singman Ri desencadeou, por ordem do embaixador americano Muccio, as campanhas militares de março e abril contra os guerrilheiros, querendo exterminá-los antes da primavera. Conforme é indicado no informe da comissão da ONU, estas campanhas do exército de Singman Ri na província de Tcholla meridional, “atingiram” 23.000 pessoas. Além disso, “todas as povoações da ilha de Tchedchudo foram incendiadas”, Mas as crueldades de Singman Ri não detiveram os patriotas. Singman Ri não conseguiu apagar a chama da luta popular.
Até o verão de 1949, a ação dos guerrilheiros consistia essencialmente em atacar os postos de polícia e em liquidar os funcionários de Singman Ri nas províncias. Os guerrilheiros operavam em pequenos destacamentos de 50 a 100 pessoas. Seus armamentos eram bastante débeis: raramente possuíam metralhadoras leves.
Graças à extensão do movimento de massa, em ligação com a greve geral de duas horas, realizada a 20 de julho de 1949, pelos operários da Coréia do Sul para apoiar o programa de unificação pacífica do país estabelecido pela Frente Única Democrática da Pátria, a luta dos guerrilheiros tomou um novo impulso. Depois disso, tornou-se cada vez mais organizada e pujante. Os destacamentos de guerrilheiros multiplicam-se cada dia.
Destacamentos de mais de 400 a 500 homens agem nas montanhas de Tchirisan, na região meridional da província de Tcholla meridional, nos montes Tebiaksan, na parte meridional da província do Kengsan do Norte, nos montes Odesan, que são as regiões centrais das operações de guerrilha. Eles já atacam as sedes administrativas dos distritos, as chefaturas de polícia c as bases centrais do exército de Singman Ri. Nos combates vitoriosos contra o inimigo, os destacamentos de guerrilheiros apoderam-se de vultoso espólio de guerra e adquirem assim, às expensas do exército de Singman Ri, armamentos de todas as espécies, inclusive lança-minas, metralhadoras pesadas c peças de artilharia.
Assim, em agosto de 1949, mais de 44.000 guerrilheiros participaram de 759 combates. Os guerrilheiros atacaram 9 sedes do distritos, 6 chefaturas de polícia, tomaram 523 metralhadoras pesadas e leves, e 17.000 cartuchos.
Em setembro, os guerrilheiros que tomaram parte de operações militares somavam 77.000. Travaram 1.184 combates.
Nas regiões de guerrilha, os camponeses aplicam, por suas próprias mãos, a reforma agrária. Distribuem as terras confiscadas dos proprietários territoriais. Amplia-se o movimento pela reconstituição dos comitês populares, dissolvidos pela administração militar americana.
Portanto, na Coréia do Sul, o movimento dos guerrilheiros, essa terrível força armada do povo, desfere golpes cada vez mais sérios no regime de títeres de Singman Ri.
Sofrendo de incurável megalomania, Singman Ri não pode mais esconder seu medo dos guerrilheiros. Durante recente entrevista com o vice-presidente da agência “United Press”, queixava-se de que os guerrilheiros lhe causam dores de cabeça e que, por conseguinte, precisa tremendamente de armas (jornal “Seul Synmun” de 8 de outubro de 1949).
Durante uma entrevista coletiva à imprensa, a 21 de outubro, Singman Ri reconheceu abertamente o fracasso das expedições punitivas contra os guerrilheiros, quando declarou que “era difícil livrar o país dos guerrilheiros somente com as forcas do exército e da polícia”. (Informação da agência de Seul, “Hanguk”, dc 22 de outubro de 1949). Essa confissão é significativa.
VI – A Contribuição da Coréia à Causa da Paz
A HERÓICA luta armada sustentada pelo povo da Coréia do Sul, pela liberdade e unificação de sua pátria, amplia-se e nenhuma força da reação conseguirá vencê-la, porque os guerrilheiros coreanos são movidos por um ardente patriotismo, porque surgiram do povo, porque defendem interesses do povo e gozam de seu apoio e amor ilimitados. Os heróicos combatentes da Coréia do Sul são ainda galvanizados pelos êxitos da construção democrática na Coréia do Norte onde são lançadas as bases políticas e econômicas sólidas para a independência da Coréia democrática.
A edificação democrática pacífica no Norte, o trabalho político de massa e a luta armada contra os colonialistas no Sul, tais são as fases da luta travada pelo povo coreano com vistas ao mesmo objetivo: a criação de uma Coréia democrática, independente e unida. Reunido em torno do governo da República Democrática Popular da Coréia, o povo coreano atingirá, a despeito de todos os obstáculos, o fim que almeja ardentemente e terá assim realizado sua melhor contribuição à obra da paz geral e da democracia.
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Notas:
(1) Vice-Presidente do Partido do Trabalho na Coréia do Sul e Ministro do Exterior da República Popular da Coréia.
(2) — Em ] 947, depois de fundir-se com os outros partidos democráticos, o Partido Comunista tomou o nome de Partido do Trabalho.
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“Exijamos que os agressores norte-americanos saiam da Coréia. Que a voz dos operários nas fábricas, dos camponeses nas fazendas, dos soldados e marinheiros nos quartéis e nos navios, dos estudantes nas escolas, das mulheres que defendem a vida de seus filhos, pais e maridos, se levante num protesto vigoroso que tenha que ser ouvido e temido pelo imperialismo e seus agentes no país.
LUIZ CARLOS PRESTES