Sois a Favor ou Contra a União Soviética?
No outono de 1917, milhões de operários dos países capitalistas acolheram com entusiasmo a notícia da vitória da revolução proletária na Rússia, da fundação do primeiro Estado operário e camponês no mundo. E quando os governos das potências imperialistas organizaram uma intervenção militar anti-soviética, os trabalhadores da Inglaterra, da França, dos Estados Unidos e de numerosos outros países colocaram-se contra essa criminosa agressão e procuraram ajudar o jovem Estado soviético.
Desde esse momento a burguesia reacionária, apavorada, denunciou como pecado mortal a solidariedade ao Estado soviético. Em quase todos os países capitalistas, iniciou-se a perseguição, a caça aos amigos da União Soviética e, sobretudo, aos membros dos Partidos Comunistas, dos sindicatos revolucionários, das juventudes comunistas, das organizações femininas e das sociedades dos amigos da URSS.
No intervalo entre a primeira e a segunda guerras mundiais, os governos mais reacionários fizeram furiosas tentativas de liquidar, por meio de uma repressão feroz, de um regime de terror sangrento, todos os amigos fiéis e ativos da União Soviética. Não apenas os bandidos fascistas da Alemanha e da Itália, da Espanha e do Japão, mas também a Defensiva polonesa, a Segurança finlandesa, a Segurança romena e outras variedades da Gestapo caçavam sistematicamente os militantes de vanguarda do movimento operário e os intelectuais progressistas. Dezenas de milhares dos melhores filhos dos trabalhadores e trabalhadoras foram presos e atrozmente torturados. Via de regra, a pergunta de praxe que os inquisidores do século XX faziam às suas vítimas era a seguinte:
— Sois a favor ou contra a União Soviética?
E as câmaras de tortura da inquisição burguesa testemunhavam sempre sentimentos de firmeza heróica que essa pergunta revelava no coração das vítimas da reação. Esses homens sabiam que sua sorte pessoal dependia da resposta que dessem à pergunta. E não tinham a dizer mais que umas palavras, nada mais tinham a fazer que renegar o país dos Soviets, se quisessem evitar a tortura. Mas eles confirmavam da maneira mais firme seu devotamento à União Soviética.
De onde lhes vinha essa firmeza ideológica e moral, essa elevação de espírito? Aos nossos adversários parecia um “fanatismo” inconcebível, pois jamais nenhum Estado burguês tinha sido, para os cidadãos de outro país, objeto de uma tal dedicação.
É que o Estado soviético, fundamentalmente diferente de todos os Estados anteriores, representa a realização desde há muito esperada de um objetivo histórico elevado, com o qual sonharam durante séculos os mais nobres espíritos da humanidade progressista. Os trabalhadores conscientes de todos os países compreendem que o Estado soviético é o primeiro Estado da sociedade socialista que o mundo conhece, o destacamento de vanguarda das forças progressistas da humanidade, chamadas a realizar o processo histórico universal que tende a substituir a sociedade burguesa exploradora pela livre sociedade socialista.
A existência mesma do Estado soviético anima a luta dos trabalhadores dos países capitalistas pela libertação do jugo dos exploradores. Compreendendo que de ora em diante a luta dos povos contra o imperialismo e a reação internacional, tem o apoio poderoso do grande país do socialismo triunfante, os trabalhadores que marcham à frente do combate, os comunistas e os socialistas honestos, adquirem uma fé inabalável na vitória do socialismo.
Assim sua profunda dedicação à causa do socialismo e do comunismo é inseparável de uma dedicação não menos profunda à União Soviética. Não é de estranhar, portanto, que o comunista ou o socialista convicto jamais renegue a União Soviética. O país dos Soviets é, aos seus olhos, a própria Pátria do socialismo. Eles a amam. Como poderiam renegar uma tal Pátria? Como poderiam, esses homens honestos, trair sua Pátria socialista?
Desde os primeiros dias da existência da República dos Soviets, a burguesia dos outros países exigiu dos partidos social-democratas uma atitude resolutamente hostil ao Estado soviético e a todo movimento operário solidário com o país dos Soviets. Os lideres oportunistas da social-democracía que, desde há muito, procuravam provar à burguesia que, longe de ameaçar sua dominação, eles lhe eram úteis e necessários, se esforçaram desde então em demonstrar que estavam prontos a conduzir a luta anti-soviética e anti-comunista. Fizeram dos partidos social-democratas o pilar social da burguesia, de cujo poder se tornaram os agentes políticos, vendendo-se por postos de governo e outros empregos lucrativos.
Mas logo se tornou claro que, em numerosos países burgueses, os socialistas de direita não conseguiam impedir a adesão das massas operárias ao movimento comunista. Sabe-se que um tal estado de coisas se apresentou primeiro na Itália e, em seguida, na Bulgária, na Polônia e na Alemanha. Incapaz de conservar o poder pelos métodos da democracia parlamentar e com o concurso da social-democracía, a burguesia reacionário adotou então o regime terrorista da ditadura fascista.
Tendo os fascistas hitleristas, os inimigos do socialismo e da União Soviética tomado o poder na Alemanha, a burguesia reacionário de todos os Estados imperialistas baseou toda a sua esperança na agressividade anti-soviética do fascismo alemão. Os imperialistas ingleses, franceses e americanos, sem falar dos militaristas japoneses e italianos, ajudaram-no por todos os meios, a preparar a guerra. Sabe-se que em 1939 esses imperialistas se viram forçados a revisar todos os seus projetos de “cruzada” contra a União Soviética. A política externa da União Soviética os havia denunciado em tempo oportuno. E, depois, todos os conspiradores de Munich tinham caído sob o fogo cruzado dos antagonismos imperialistas, previsto pela teoria científica de Lenin e de Stalin sobre as leis e as forças motrizes da História mundial no quadro da crise geral do capitalismo.
De fato a segunda guerra mundial, preparada por todos os imperialistas contra a União Soviética, começou na Europa como uma guerra das potências imperialistas mais agressivas (fascistas) contra outras potências imperialistas. Mas quando a Alemanha atacou a União Soviética e o Japão se lançou sobre os Estados Unidos, formou-se uma coalizão imensa das Nações Unidas contra os agressores fascistas. Depois, no curso da guerra, os heróicos exércitos da União Soviética derrotaram o grosso das forças da Alemanha fascista e de seus aliados. A derrota dos agressores fascistas foi completa.
Assim a marcha real da história “desviou” o ataque dos inimigos imperialistas que era dirigido contra o socialismo. Confirmou-se da maneira mais flagrante uma velha experiência histórica: quando reacionários furiosos, campeões dum regime social condenado, preparam seu “ataque geral” com o fim de destruir as forças do progresso social, eles nada mais fazem que acelerar o curso impetuoso do desenvolvimento histórico. Longe de enfraquecer-se, o campo internacional do socialismo e da democracia, com a União Soviética à frente, saiu infinitamente fortalecido da segunda guerra mundial. Quanto à reação imperialista, esta se achou, no após-guerra, privada de centros armados tão poderosos como a Alemanha fascista, a Itália e o Japão. Mais do que isso da mesma forma que na primeira guerra mundial a Rússia foi subtraída ao sistema imperialista, desta vez foram os países da nova democracia que se libertaram do imperialismo.
Tendo derrubado a reação interna, unida aos imperialistas estrangeiros, e tendo procedido à nacionalização de toda a grande indústria e à liquidação da grande propriedade territorial, esses Estados do oriente e sudeste da Europa tornaram-se países de democracia popular. Todos eles foram libertados do jugo alemão pelas tropas soviéticas. Esse fato, por si só, deu à União Soviética um prestigio imenso nesses países, prestigio que se encontra na base mesma do reconhecimento profundo das massas trabalhadoras ao povo soviético. A atitude francamente anti-soviética das camarilhas da burguesia reacionária e dos socialistas de direita não tem feito mais que acelerar seu isolamento político e sua derrocada nas eleições. No curso mesmo da guerra e da ocupação alemã as massas populares da Polônia, da Tchecoslováquia, da Iugoslávia, da Romênia, da Hungria, da Bulgária e da Albânia puderam constatar, na experiência do dia a dia, que aqueles que estavam ao lado da União Soviética, estavam também ao lado da liberdade e da honra da Pátria; que aqueles que estavam contra a União Soviética, traiam a Pátria e se transformavam em lacaios dos imperialistas estrangeiros.
Compreende-se então porque os políticos que, após a libertação, ousaram reclamar palavras de ordem anti-soviéticas ou que se distinguiram por sua atividade anterior hostil à União Soviética, tenham atraído tal modo a cólera e o desprezo das massas trabalhadoras.
Hoje em dia, nos países da democracia popular, apenas alguns políticos que nada mais têm a perder, simples agentes dos imperialismos estrangeiros lançam palavras de ordem francamente hostis à União Soviética. Todos os partidos, grupos e dirigentes que procuram seriamente o apoio das massas populares, defendem a cooperação e a amizade com o país dos Soviets. É um fato esse de grande importância e que, de modo geral, correspondo às aspirações políticas perfeitamente sinceras. Em nenhum país da democracia popular, com exceção da Iugoslávia, a sinceridade das declarações pró-soviéticas dos dirigentes políticos responsáveis poderia ser posta em dúvida.
Mas na Iugoslávia, conforme o constelou a Conferência do Bureau de Informação dos Partidos Comunistas, realizada em junho último, a direção do Partido Comunista rompeu com suas tradições internacionalistas e enveredou pelo caminho do nacionalismo.
Os dirigentes do Partido Comunista iugoslavo afastaram-se do caminho marxista-leninista, adotando, no quadro da democracia popular, uma linha de conduta inteiramente falsa e oportunista.
Não esqueçamos que a democracia popular nada mais é que uma etapa no caminho que vai do Estado burguês ao Estado socialista, que vai do capitalismo ao socialismo. Nenhum país pode permanecer longo tempo nesse estádio intermediário, sem avançar nem recuar. Se não marcha pelo caminho do socialismo, retrocede para o capitalismo. Mas o progresso para o socialismo não é jamais automático, espontâneo. O país vai realmente evoluir para o socialismo? Isso depende do desenvolvimento ulterior da luta de classe do proletariado e da boa orientação da política do Estado, sob a direção consciente do Partido Comunista.
Os lideres iugoslavos orientaram-se no sentido da extinção da luta de classes. Eles querem fazer crer que na Iugoslávia os antagonismos de classes não tinham mais nenhuma importância séria. No campo, em particular, eles fecharam os olhos à diferenciação das classes e à vitalidade das raízes profundas do capitalismo na economia camponesa individual. A exemplo dos antigos ideólogos do “socialismo agrário”, eles acham sem dúvida que é fácil destruir as raízes do’ capitalismo, que basta concitar a isso “todos os camponeses”, com os grandes exploradores camponeses à frente, e promulgar um decreto nesse sentido. A teoria da hegemonia do proletariado, tal como foi formulada por Lenin, torna-se aos olhos dos líderes do Partido Comunista iugoslavo um peso de que eles se desvencilharam.
Dessa orientação no sentido da extinção da luta de classes é que surgiu sua tática conciliatória no terreno da Frente Popular, abrangendo não somente os operários e os camponeses, como também os kulaks, os comerciantes, os pequenos industriais e os intelectuais burgueses, além de diversos agrupamentos políticos, inclusive certos partidos burgueses. Nesse bloco heterogêneo os líderes iugoslavos procuraram evitar qualquer motivo de discórdia, impedir o desenvolvimento da luta de classe dos operários, a que se manifestava hostil uma parte dos membros dessa ampla frente popular, renunciar ao papel dirigente do Partido Comunista e mesmo dissimular a fisionomia do Partido a fim de que nenhum dos membros não-comunistas do bloco se sentisse ofendido, procurando, por fim, restringir a cooperação com a União Soviética, porque tais ou quais membros do bloco se mostravam pouco favoráveis a essa cooperação. . .
Quando os líderes do Partido Comunista iugoslavo deram livre curso a essa tendência, resultou daí um perigoso desvio da linha política: em lugar de fazer avançar a causa dos trabalhadores, apoiando-se na maioria da Frente Popular, na aliança da classe operária com os camponeses pobres e médios, eles achavam melhor orientar-se para os elementos pequeno-burgueses mais atrasados da Frente Popular. Em outras palavras, realizava-se a política de um bloco baseado no nacionalismo burguês.
Quem se deixa conduzir pelo nacionalismo burguês, evidentemente só pode ficar constrangido ante a livre cooperação de seu país com o Estado socialista, por mais vantajosa que seja para seu país essa cooperação. Quem se encontra em tais condições pode fazer, em determinado momento belas declarações sobre a utilidade de relações mais ativas entre os cidadãos soviéticos e os cidadãos de seu país, mas praticamente procurará reduzir o mais possível essas relações. Além disso, existe a pressão dos Estados imperialistas que procuram atingir seus fins agitando, em torno dos pequenos Estados independentes, ameaças puramente de chantagem. 0 nacionalista pequeno-burguês trata então de esquivar-se a essa pressão por meio de manobras oportunistas: faz concessões aos governos imperialistas para ganhar suas boas graças. Ora, a primeira concessão que os imperialistas exigem dos dirigentes dos países de democracia popular, é a de não manterem a respeito da União Soviética atitude melhor do que a atitude adotada em relação aos Estados burgueses.
Foi esta maneira de agir que os dirigentes iugoslavos adotaram. Eles conduziram uma política inamistosa em relação à União Soviética e ao Partido Comunista (bolchevique) da URSS: uma política tendente a denegrir os especialistas militares soviéticos e a desacreditar o Exército Soviético, a submeter os especialistas civis soviéticos e vários representantes oficiais da URSS na Iugoslávia a um sistema especial de vigilância e de armadilha policial. Publicamente os dirigentes iugoslavos afirmam sua amizade particular para com a União Soviética, mas de fato sua atitude para com a URSS, que defende a independência e a segurança dos países de democracia popular, é análoga, na Iugoslávia, à atitude ali adotada em relação às potências imperialistas, que ameaçam sua independência e sua segurança.
Essa atitude anti-soviética do grupo Tito corresponde realmente a uma grande e inadmissível concessão feita aos Estados imperialistas. Um velho provérbio diz: estendei o dedo mínimo ao diabo, e ele tomará toda a mão. É difícil exagerar todos os perigos de que a Iugoslávia está ameaçada pela política atual de seus dirigentes. E não é menos difícil de acreditar que uma política tão funesta possa continuar muito tempo sem se chocar com a resistência do Partido Comunista e dos trabalhadores da Iugoslávia.
Os trabalhadores da Iugoslávia sabem por experiência própria, que a ajuda fraternal do povo soviético é inapreciável, que ela é necessária para assegurar o bem estar, para defender a causa da liberdade, da democracia e do socialismo, para desenvolver rapidamente, e sob todos os pontos de vista a economia nacional, a cultura intelectual, e a defesa nacional de seu Estado. As massas trabalhadoras não terão dificuldade em compreender que toda medida tendente a enfraquecer ou diminuir a cooperação com o país1 dos Soviets, quaisquer que sejam os motivos invocados, destina-se objetivamente a golpear a base mesma da democracia popular. Quem não vê então que os países de democracia popular não podem garantir sua independência, sua segurança e todo o seu futuro em face da pressão e da cobiça dos imperialistas, a menos que se unam no campo democrático e antiimperialista, à frente do qual se encontra o poderoso país do socialismo?
Em conseqüência, para os trabalhadores desses países, a solidariedade com a União Soviética não é uma questão a debater mas o fato resultante de uma convicção profunda. Quem quer que deseje atrair os trabalhadores para uma política anti-soviética, está condenado ao fracasso, porque amanhã, senão hoje mesmo, eles exigirão resposta para esta pergunta:
— Sois a favor ou contra a União Soviética?
Pois ninguém há de supor que as massas trabalhadoras que sentem que a própria vida exige uma fiel amizade ao povo soviético, se satisfaçam com uma resposta feita de palavras ocas, desmentidas pelos fatos.
* * *
Nos países da Europa ocidental, igualmente, os sentimentos de amizade sincera e de solidariedade com a União Soviética multiplicaram-se após a heróica luta libertadora do povo soviético contra a Alemanha fascista e seus aliados.
Todo o mundo sabe com que júbilo as massas populares da França e dos outros países caídos sob o jugo alemão, acolhiam a notícia, das grandes vitórias dos exércitos soviéticos sobre as “famosas” coortes da Alemanha hitlerista. Os povos da Europa viram que, de todas as potências da coalizão anti-hitlerista, só a União Soviética foi capaz de esmagar efetivamente as forças principais do monstruoso inimigo da liberdade das nações. O Estado socialista soviético salvou a Europa da escravidão fascista.
Dispostas a tomar parte na Resistência aos invasores alemães, as massas populares desses países constatavam que, de todos os partidos políticos, só os Partidos Comunistas se mostravam capazes de organizar e comandar em seus países a difícil ação clandestina e a luta dos guerrilheiros. Durante a guerra, os partidos socialistas desses países tinham praticamente cessado sua ação, no interior de suas pátrias, isto é, ali onde havia perigo; eles se limitavam a manter entendimentos políticos, em algum lugar distante, no estrangeiro. Seguindo o exemplo dos grandes capitalistas e dos políticos reacionários, conhecidos socialistas, na França como em outros países, se converteram em colaboracionistas, em desprezíveis lacaios dos ocupantes fascistas alemães. Mas os operários socialistas sinceros e os melhores militantes de base do movimento socialista combateram ombro a ombro com os comunistas pela libertação de seus países.
Foi assim que durante a grande prova, comunistas e socialistas de esquerda — partidários calorosos da solidariedade com a União Soviética — se revelaram os mais ardentes e heróicos patriotas. Eles salvaram a honra de sua pátria.
No dia seguinte ao da libertação, os membros do Partido Socialista Francês estavam de tal modo impregnados do espírito de cooperação com os comunistas, que em novembro de 1944 o Congresso do Partido Socialista adotou, contra a opinião da ala direita, a resolução de entabular negociações com o Partido Comunista, tendo em vista a formação de um partido único. Se se houvesse realizado a união de forças dos Partidos Comunista e Socialista, mesmo que apenas sob a forma dum sólido bloco eleitoral esse bloco teria certamente podido conquistar em todas as eleições a maioria dos mandatos e conduzir o país pelo caminho da verdadeira democracia e do socialismo. Mas essa eventualidade, que ameaçava os monopólios e os privilégios da alta burguesia, pôs em pé de guerra todos os guarda-costas das “duzentos famílias”. Todos os recursos foram utilizados para obrigar o Partido Socialista a recusar a união com os comunistas. A cisão do movimento operário a qualquer preço — era o que reclamavam os homens de confiança do capital monopolista. E os socialistas de direita, com Léon Blum à frente, curvavam-se servilmente para executar essa ordem da burguesia reacionário. Eles tinham também o apoio da reação internacional. Constatou-se que os imperialistas americanos e ingleses estavam altamente interessados na cisão do movimento operário francês. Emissários do centro trabalhista de Londres não se cansavam de vir a Paris para influenciar o Partido Socialista.
E foi assim que se realizou a obra funesta da cisão da classe operária na França. O Partido Socialista rechaçou qualquer cooperação com o Partido Comunista. A hegemonia das “duzentos famílias” estava salva.
Léon Blum, esse campeão da cisão, afirmou mais de uma vez que se achava impossível a cooperação com os comunistas, era por causa da solidariedade destes com a União Soviética: Se os comunistas franceses concordassem em renegar a União Soviética, declarava ele jesuiticamente, não haveria mais obstáculo à união. . . Era dessa forma que Blum procurava dissimular sua traição à causa do socialismo na França, mas em realidade ele não fazia mais que se desmascarar. A situação é tal no mundo que não se pode ser, em parte alguma, fiel à causa do socialismo, se não se está solidário com a União Soviética. Rompam-se os laços de amizade com o grande país soviético, e se verá então que não se achará mais apoio, em parte alguma, para defender o socialismo em seu próprio país contra os inimigos externos do socialismo. Por isso, quem se lançar contra o campo democrático dos povos, à frente do qual se acha a União Soviética, estará ajudando dessa forma os imperialistas, inimigos ferozes do socialismo e da democracia.
Melhor que qualquer outro socialista francês, Léon Blum deveria saber que o ódio e a má fé para com a União Soviética conduzem inevitavelmente à traição em toda a linha, aos interesses do movimento operário e do socialismo. Desde logo, o Partido Socialista dirigido por Blum transformou-se no instrumento direto da luta de classe da burguesia reacionário contra os trabalhadores da França. Preocupados com os interesses dos grandes capitalistas, os ministros socialistas executam sangrentas represálias contra os grevistas que reclamam um modesto aumento de seu miserável salário. O derramamento de sangue, no outono de 1947, foi seguido por outro em junho de 1948, em Clermont-Ferrand. Enquanto isto, Blum fazia declarações sobre a “necessidade de reforçar o poder executivo”, sob os aplausos dos degaulistas e outros reacionários, os quais, ouvindo-o assim falar, compreendem que ele está pronto para trair o que ainda resta da democracia burguesa. Mas é nos projetos dos imperialistas americanos, sobretudo, que Blum se inspira. Ele defende as resoluções de Londres que, como se sabe, previam a integração da mais rica região industrial da França, a Lorena, na “órbita da Alemanha ocidental”. Além disso, prega sistematicamente a idéia de que a França, como as outras nações européias, deve “desistir, em favor de um objetivo comum, de uma parte de sua soberania”.
Quanto aos comunistas, eles defendem vigorosamente a soberania da França, sua inteira independência econômica e política. Como outrora em face do perigo alemão, hoje, em face do perigo americano iminente, é a própria vida que se encarrega de provar que os comunistas franceses, acusados de ser maus patriotas porque solidários com a União Soviética, estão em realidade nas primeiras filas da luta pela liberdade do seu país. E aqueles que os acusam? Hoje, em regime de tutela americana, eles contribuem para a destruição da independência e da soberania da França, com um zelo em nada inferior àquele que revelavam outrora os colaboracionistas sob o regime de “tutela” alemã.
Não se pode esquecer que em novembro de 1947 os ministros socialistas franceses foram ao ponto de organizar provocações policiais para merecer a confiança dos pretendentes americanos à dominação do mundo. Dir-se-ia que os socialistas franceses de direita fazem tudo o que podem para provar aos insolentes plutocratas americanos que quando se tratar de instaurar na França um regime vichiista americanizado, eles não poderão achar melhores colaboradores do que os socialistas de direita.
Por sua vez, os americanos querem, nas condições atuais, apelar para os bons ofícios dos socialistas. Mas, ao mesmo tempo, encorajam cada vez mais abertamente a burguesia reacionária. Incitam-na a criar um novo ponto de apoio: a organização degaulista, de tipo fascista, que parece gozar de maior confiança que o Partido Socialista. Qual será, então, a sorte do Partido Socialista Francês, ninguém o sabe.
Mas o que desde já todo o mundo sabe é que no curso dos dois ou três últimos anos, o Partido Socialista perdeu a confiança dos trabalhadores. A atitude anti-comunista e anti-soviética da direção do Partido Socialista custou bem caro a esse partido: ele perdeu sua influência eleitoral e, além disso, numerosos operários socialistas abandonaram suas fileiras.
E durante esse tempo, o Partido Comunista Francês conquistou a confiança das amplas massas da classe operária, tornou-se verdadeiramente o Partido mais poderoso dos trabalhadores franceses. Ele tem diante de si centenas de obstáculos e dificuldades mas não se arreceia dessas dificuldades, inevitáveis na luta pela grande causa do socialismo.
A massa dos trabalhadores da França tem demonstrado nitidamente que não permitiria aos agentes da burguesia reacionária afastá-la do caminho da solidariedade com a União Soviética.
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A atitude do Partido Trabalhista Inglês para com a União Soviética e caracterizada pelo fato de ser o único partido na Europa que, embora apresentando-se com o título de partido operário, expulsa todos os seus membros que aderem à Sociedade dos Amigos da União Soviética.
É certo que durante a guerra os líderes trabalhistas se abstiveram de fazer manifestações anti-soviéticas. O próprio Churchill assim se conduzia nessa época. Mas como membros do governo Churchill, esses líderes estavam implicitamente associados a seus projetos secretos destinados a enfraquecer a União Soviética, com o adiamento da abertura da segunda frente na Europa e através de outros meios. Assim é que ele tomavam medidas rigorosas contra os trabalhistas que participassem da campanha pela abertura imediata da segunda frente.
Após a guerra e as eleições parlamentares os líderes do Partido Trabalhista no governo se propuseram claramente, quanto à sua política em relação à União Soviética, em exceder as expectativas dos imperialistas mais reacionários. Eles pensavam, sem dúvida, que se o “próprio” Churchill não tivesse motivos para estar descontente com a orientação geral de sua política externa, se não tivesse razão alguma de combatê-la, isto seria para os trabalhistas uma “vitória” tão notável que ninguém poderia mais abalar sua posição das cadeiras ministeriais. . .
E tudo se passou segundo esse plano. Os ministros trabalhistas lançaram pela janela sua promessa eleitoral de melhorar as relações anglo-soviéticas. Empenharam-se na tarefa de constituir um bloco agressivo com os Estados Unidos, um bloco dirigido contra a União Soviética e os países de democracia popular. De pleno acordo com os Estados Unidos, a Inglaterra pretendeu imiscuir-se sem-cerimoniosamente nos negócios internos dos países de democracia popular para favorecer um punhado de conspiradores reacionários. De acordo com os Estados Unidos, a Inglaterra violou sistematicamente os pactos das conferências de Ialta e Potsdam sobre a desmilitarização e a democratização da Alemanha. O governo trabalhista se fez o agente zeloso da “guerra fria”, da diplomacia do dólar e de seus projetos de expansão na Europa.
Churchill estava contente. Elogiou repetidas vezes a política anti-soviética de Bevin e Attlee. Os jornais reacionários da América aplaudiam. E quando Henry Wallace, líder do movimento democrático e progressista americano, fez uma viagem à Inglaterra na primavera de 1947 e usou da palavra, com bastante sucesso, em diversos comícios, os líderes trabalhistas tomaram a defesa da reacionária política de Truman contra a crítica de Wallace. Detalhe típico: sabe-se hoje que o comité diretor trabalhista propôs perfeitamente apoiar os representantes de Wallace mediante a condição de que ele combatesse sistematicamente a política dos comunistas. Os representantes de Wallace porém, rechaçavam essa torpe proposta dos trabalhistas ingleses.
Assim os ministros trabalhistas vieram provar que sua política externa satisfazia, por sua tendência geral, a todas as pretensões dos imperialistas britânicos. Nenhum conservador teria podido imaginar ou propor uma política mais hostil à União Soviética. Pois, no fundo, a política do governo trabalhista não é outra coisa que a política dos “tories” mais empedernidos. Apenas a forma com que os líderes trabalhistas revestem essa política é que se apresenta mais ou menos original.
Convém caracterizar essa forma. Sabe-se que certos inimigos da União Soviética vociferam todo o tempo contra nosso país e se manifestam sempre contra toda cooperação com ele. Tal não é o método dos discursadores trabalhistas. Não se pode sequer afirmar que eles, em palavras, sejam sempre a favor da cooperação, e que, em fatos, sejam contra. Eles são ainda mais hipócritas que isso. Através de fatos, eles estão sempre contra a cooperação com a União Soviética; mas através de palavras, eles estão simultaneamente a favor e contra essa cooperação.
Isso é fácil constatar mediante uma simples análise dos discursos anti-soviéticos habituais de Attlee, Bevin e Morrison. O discursador trabalhista começa por declarar solenemente: — Nós somos absolutamente sinceros quando afirmamos nosso desejo de colaborar com a União Soviética. Mas é impossível um entendimento, é impossível cooperar-se com os representantes soviéticos. E por que? O orador finge querer explicar os desacordos existentes, mas em realidade limita-se a pronunciar uma série de calúnias anti-soviéticas. Oferece a seu público doses fantásticas de afirmações falsas a tal ponto que até as paredes do Parlamento, habituadas a ouvir tanta coisa, parece que vão corar. Ao fim do discurso, o orador ainda tenta comover seus ouvintes com suspiros de lamentações: — Ah, se os comunistas da URSS pudessem deixar de ser assim!…
Se se quisesse dissecar semelhantes discursos anti-soviéticos dos discursadores trabalhistas, encontrar-se-ia uma parte de hipocrisia e seis de calúnia. Não digo isto para provocar o riso. Porque, primeiro, o fato nada tem de cômico, mas de odioso; segundo, nem é cômico nem louvável que, na Inglaterra atual, se encontre ainda entre os operários e os militares das organizações operárias pessoas capazes de escutar, sem indignação, discursos de tão baixo quilate. Eles escutam e não sabem o que há de verdadeiro e de falso em tudo isso, pois não conhecem nem procuram verificar os fatos elementares da atualidade internacional .
Só há um meio de descobrir a verdade: confrontar as palavras com os fatos. A despeito de tudo quanto afirmem os ministros trabalhistas, aí estão os fatos: o governo trabalhista procura criar um bloco político e militar internacional voltado contra a União Soviética e os países de democracia popular. A aliança militar da Europa ocidental já está firmada e oficialmente constituída; no entanto ainda em 1946 e 1947 os trabalhistas juravam por seus grandes deuses como não tinham a intenção de embarcar nessa aventura churchilliana. Hoje Bevin faz pressão sobre os países escandinavos e se irrita contra o governo sueco, que hesita em se lançar nessa temerária empresa. Irrita-se ainda mais de ver que a Tchecolosváquia e a Hungria não corresponderam às expectativas levando ao fracasso os complots tramados nesses países. Mas em compensação o governo de De Gaspari, com sua política destinada a escamotear, no tratado de paz, a execução das cláusulas de interesse da União Soviética, mostra que está pronto a tomar parte em não importa que maquinações para satisfazer a cobiça dos imperialistas americanos. Além disso, remilitariza-se a Alemanha ocidental, que separam do resto do país e preparam para ser a principal base estratégica do plano Marshall. Em toda essa empresa, o papel de “feuhrer” está reservado evidentemente ao acionista americano, possuidor dos dólares e da bomba atômica.
Não é claro que estes fatos demonstram bem a existência de um esforço sistemático da diplomacia inglesa e americana para recompor uma espécie de “bloco anti-komintem” remendado, manifestamente destinado a ser não um instrumento de paz, mas um instrumento de guerra? Compreende-se então por que o Partido Trabalhista revela um interesse tão suspeito pelo reforçamento da reação nos países da Europa continental. Impelidos por considerações de ordem estratégica, “os organizadores trabalhistas do bloco ocidental procuram visivelmente fortificar a estabilidade interna da reação em todos os pontos fracos dessa coalizão imperialista. É isso que mostram todos os seus atos, tais como a cisão do movimento operário, a exclusão dos comunistas dos governos, a repressão contra a oposição de esquerda nos partidos socíal-democratas, a ação exercida sobre os socialistas de direita em favor de uma aliança com os partidos reacionários e a sabotagem à desnazificação na Alemanha e na Áustria.
Outros fatos provam igualmente que os lideres trabalhistas julgaram útil realizar uma “depuração” na própria Inglaterra. Eles receiam que a retaguarda não esteja segura. A exemplo do governo Truman, o governo trabalhista inglês decidiu proceder à demissão de todos os funcionários comunistas ou simples “companheiros de viagem”, isto é, de todos aqueles que não estejam de acordo com o caminho político seguido pelo governo. Por que essas demissões? Porque esses homens criticam o governo trabalhista ou se mostram “pouco patriotas”, denunciando a política atual dos Estados Unidos, eles têm uma opinião desfavorável sobre seus chefes, mesmo que não os critiquem. Que os comunistas, e de modo geral “aqueles que não são dos nossos” vejam os fatos e atitudes dos chefes trabalhistas isso já é repreensível. É melhor desembaraçar-se dessas testemunhas importunas. E compreensível: quem não está com a consciência limpa, tem sempre medo dos olhos indiscretos.
Esta depuração na Inglaterra é um fato real. Mas os trabalhadores daquele país compreenderão a sua significação? Os homens politizados compreendem, mas esses são apenas uma minoria.
Certos escritores ingleses têm verberado com veemência essa maneira de agir do governo trabalhista. Por exemplo, o conhecido escritor Douglas Goldring declara:
“Isso prova que de conformidade com a infame doutrina Truman está decidido, em princípio, fazer-se a guerra aos países democráticos do leste europeu”.
Nós não sabemos se isso está decidido ou não. De qualquer forma, as exigências desta hora são bem compreendidas pelos elementos progressistas ingleses, que assim colocam a questão: é preciso, custe o que custar, frustrar os projetos dos fomentadores de guerra.
Quem pode impedir os belicistas de prosseguir em sua ação nefasta? Existe na Inglaterra uma tal força? Sim. É a classe operária, a força principal do povo inglês. Ela não está absolutamente interessada em uma nova guerra; ao contrário, ela está fundamentalmente interessada na paz. É claro que se a classe operária não vê a gravidade da situação, se ela cruza os braços em face do perigo de guerra cada vez maior, deixando que os ministros trabalhistas decidam da questão da guerra ou da paz, arrisca-se a se tornar a vítima passiva de uma guerra sangrenta. Mas se a classe operária inglesa observa vigilante as perigosas maquinações dos provocadores de guerra, se ela luta ativamente contra eles, então sim, ela poderá contribuir grandemente para a manutenção da paz.
Alguns admitem talvez que, qualquer que seja a situação na Inglaterra, a América poderá começar a guerra e arrastar atrás de si, em seguida, a Grã Bretanha. O escritor inglês Arthur Calder-Marshall recentemente exprimiu o receio de que:
“os políticos trabalhistas vendam nosso país para fazer dele escravo de uma potência capitalista estrangeira” e de que essa potência “nos impila a uma guerra contra nossos aliados socialistas naturais”.
Existem na América, é claro, entre os magnatas financeiros e os generais influentes, indivíduos de tal modo perturbados pelas cobiças imperialistas e pela histeria do medo ao socialismo, que seus centros inibidores não funcionam mais: como Hitler e antigamente, eles se sentem impelidos à grande aventura à agressão, à guerra mundial. Mas é duvidoso que o governo americano despreze o risco que correria com o desencadeamento da guerra, sobretudo se ele sabe que a massa operária dos países capitalistas, inclusive a classe operária inglesa, está vigilante.
Disso resulta que a sorte da paz depende, em certa medida, da questão de saber se na Inglaterra os adversários de uma nova guerra são capazes de elevar ao nível necessário a consciência política, a vigilância e a atividade das grandes massas da classe operária inglesa. Estou certo de que, no presente, numerosos operários ingleses não fazem sequer uma idéia muito real da envergadura e das formas já adquiridas pela colaboração militar anglo-americana e nem indagam quais as razoes para isso e no interesse de quem se realiza essa colaboração. É assim infinitamente importante esclarecer os operários e, sobretudo, todos os trabalhadores organizados; desenvolver a consciência das massas operárias, ajudá-las a compreender que a preparação de nova guerra é a preparação de um crime monstruoso que é preciso evitar. Seria verdadeiramente ingênuo aceitar que a questão de guerra e de paz depende do estado de espírito dos trabalhistas como Bevin, Attlee e seus sócios. Eles estão muito apressados em satisfazer os desejos, em realizar as idéias fixas dos imperialistas impenitentes, ao mesmo tempo em que desprezam os interesses dos trabalhadores. A União Soviética inspira-lhes um ódio cego e quando eles proclamam o desejo de se estabelecerem boas relações anglo-soviéticas, suas palavras contradizem manifestamente seus atos. Em particular, o próprio Bevin frisa seu desejo de realizar a “concepção da Europa unida e da manutenção da Europa como centro da civilização ocidental”, isto é, do capitalismo, embora todo governo razoável tenha o dever de favorecer a coexistência pacífica e a colaboração dos dois sistemas diferentes: socialista e capitalista, que hoje existem na Europa. Uma coisa é clara: os políticos como Bevin orgulham-se dos seus lauréis de campeões da política de violência que já uma vez tentou forjar uma “Europa unida” e nela instaurar uma “nova ordem”.
Mas os operários ingleses e suas organizações poderão acabar com essa política externa de Bevin e Attlee, tão funesta à paz? O grupo dos trabalhistas de direita têm em mão o mecanismo administrativo do Partido Trabalhista, assim como do Conselho Geral dos Sindicatos e de numerosos sindicatos isoladamente. Com a ajuda desse mecanismo, os dirigentes de direita derrotam sistematicamente a oposição que se ergue nos congressos e conferências anuais. No intervalo dessas assembléias, eles expulsam do partido tais ou quais trabalhistas de esquerda. E então certos militantes de esquerda perdem a coragem, tornam-se menos ativos, começam a duvidar de que a classe operária inglesa esteja em condições de vencer os ministros trabalhistas que procuram realizar os planos imperialistas.
Essas dúvidas, contudo, são destituídas de fundamento. A classe operária inglesa pôde, em 1919, deter o braço de Churchill o que organizava, como ministro da Guerra, a vergonhosa campanha de quatorze Estados contra a jovem República dos Soviets. As organizações operárias inglesas exerceram nessa época uma pressão tão forte sobre seus líderes de direita, que Ramsay Mac Donald e Ernest Bevin, eles próprios, foram compelidos a fazer coro com os operários que protestavam contra a intervenção anti-soviética. A classe operária inglesa será hoje mais franca? Não, muito ao contrário, ela se tornou mais forte.
E em 1931, na época em que Mac Donald perpetrou sua traição? As organizações do Partido Trabalhista reagiram ardorosamente. Mas a participação dos atuais ministros trabalhistas, nos preparativos de uma nova guerra mundial, será menos nefasta que a traição de Mac Donald?
É fora de dúvida que a classe operária inglesa saberá cumprir seu dever se todos os adversários convictos da guerra, se todos os amigos sinceros da cooperação com a União Soviética se unirem mais estreitamente às massas operárias e as ajudarem seriamente a ter consciência de seu dever na luta pela paz e pela causa proletária.
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Desde que existe o imperialismo rapace, não existem para a humanidade garantias absolutas contra uma nova guerra. Por duas vezes já o imperialismo internacional desencadeou uma guerra mundial. De cada vez uma parte da humanidade se libertou das cadeias do imperialismo. Nada permite supor que o resultado final seria diferente se os povos do mundo se achassem pela terceira vez na impossibilidade de impedir a agressão imperialista.
O mundo está hoje numa situação tal que, de uma maneira ou de outra o socialismo virá substituir o capitalismo, de acordo com as leis imprescritíveis da evolução social. Além dessa constatação, a experiência mostra que cada vez que os imperialistas, fulos de raiva, preparam seu “ataque geral” para liquidar as forças do progresso social, chagadas à maturidade, isso só conduz a se tornar ainda mais rápida a torrente impetuosa do progresso histórico.
Em todo o mundo, a luta prossegue entre os dois campos. Aqueles que se obstinam ainda em reclamar a formação de uma “terceira força” são apenas agentes camuflados do campo imperialista da reação, ou indivíduos politicamente cegos que não tardarão a constatar que são eles as mais lamentáveis vítimas de uma mistificação ou de suas próprias ilusões.
O campo antiimperialista do socialismo e da democracia jamais foi tão poderoso como hoje. Se os imperialistas desencadeiam a guerra contra ele, hão de arrebentar o próprio pescoço.
Que eles não se esqueçam que, na luta dos povos contra Os planos criminosos dos aventureiros imperialistas, o papel dirigente pertence à mais forte potência do mundo, à nossa União Soviética, veículo da grande idéia da amizade e da fraternidade dos povos. O povo soviético é o porta-bandeira de toda a humanidade progressista. Insensatos são os imperialistas se pensam que a sorte lhes vai sorrir, no caso de imporem à humanidade sua guerra criminosa. E veremos como tremerão suas pernas, quando ao se desencadear uma tal guerra, for colocada violentamente diante dos milhões e milhões de escravos do capitalismo e diante dos povos oprimidos esta questão decisiva:
Sois a favor ou contra a União Soviética?
Sois a favor ou contra a democracia popular?
Sois a favor ou contra a paz e a fraternidade dos povos?
Para que fim quereis fazer a , guerra?
Para uma vida socialista liberta da exploração, ou pela sobrevivência da escravidão capitalista?
Nós achamos, contudo, que a guerra pode ser evitada. Os trabalhadores podem, por sua ação, evitar a guerra. Quanto mais enérgica for a ação dos trabalhadores de todos os países contra os incendiários de guerra e seus cúmplices, tanto maiores serão as possibilidades de prosseguir, sem uma nova guerra, a marcha da humanidade para e socialismo.