China fecha acordo em Frankfurt e o yuan consolida-se como divisa mundial
A guerra de divisas escalou um novo patamar com o acordo fechado terça-feira em Frankfurt entre o governo chinês e o principal centro financeiro da Europa. O Banco da China convidou os bancos alemães a utilizarem o seu serviço de compensação em yuans e o Deutsche Bank assinou como o seu primeiro cliente. Este anúncio consolida para a China a criação de um centro europeu de comércio em yuans, após o realizado em Londres com a libra esterlina. Frankfurt, a capital financeira da Alemanha, prevaleceu sobre Paris e Luxemburgo neste novo avanço do gigante asiático para fazer do yuan uma divisa mundial.
A Europa representa 10 por cento do comércio global em yuans e os pagamentos nesta moeda duplicaram no Reino Unido e na Alemanha durante este ano, de acordo com os dados da Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias SWIFT, da sua sigla em inglês). Um terço de todas as transações a nível mundial (mais de 1,3 biliões de dólares), é processado pelo Banco da China, de acordo com o seu presidente Chen Siqing. Daí que o sistema de compensação inaugurado em Frankfurt seja importante para a otimização do comércio entre China e Europa.
Em fins de março, a Alemanha e a China tinham chegado a acordo para estabelecer em Frankfurt um centro financeiro para os negócios em yuans. A operação foi inaugurada ontem coincidindo com a visita do presidente do Banco da China, Chen Siqing, a Frankfurt. Para o Banco da China, o principal objetivo é promover a internacionalização do yuan e gerir o intercâmbio económico nesta moeda com a Europa.
Nos próximos dias, o Banco da China assinará os acordos detalhados sobre o uso deste banco de compensação que vai começar a operar em setembro. O estabelecimento de centros de negócios em yuans fora da Ásia é chave para a China, que já realiza transações na sua moeda com vários países asiáticos.
Com este novo centro de negócios em yuans no coração de Europa, a China desfere um duro golpe ao dólar, que começa lentamente a perder a sua hegemonia económica de 70 anos. Foi com os acordos de Bretton Woods, em 1944, que o dólar se alçou ao lugar de principal moeda de reserva e a divisa para o comércio internacional. O dólar é o principal produto de exportação dos Estados Unidos, e com este novo avanço do yuan chinês começa a viver o ocaso da sua história.
Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net