Os Homens de FHC – banqueiros e testas de ferro do imperialismo
O capitalismo brasileiro, a partir dos governos Collor e Fernando Henrique, adquiriu uma nova feição. O presidente Fernando Henrique tenta acelerar o "ajuste" da economia brasileira à nova ordem mundial, seguindo os cânones do pensamento hegemônico sistematizado e disseminado por organismos internacionais como FMI e Banco Mundial. Tal ajuste não tem sido tarefa fácil para o governo, pois se trata de mexer profundamente numa economia que está entre as dez maiores do mundo, que tem um produto interno bruto (PIB) de cerca de US$ 800 bilhões, uma dívida pública de US$ 300 bilhões, um conjunto de empresas estatais de grande porte e uma população de 170 milhões de pessoas.
O ambiente externo e interno também é complexo: em plano mundial, sucessivas ondas de crise vêm provocando instabilidade geral, derrubando moedas, abalando países e causando destruição de forças produtivas e desemprego. E, no plano interno, este ajuste tem requerido intensas negociações do governo com O Congresso, pois, apesar de FHC ter sido o presidente que mais abusou na edição de medidas provisórias, seu projeto tem implicado na modificação de aspectos essenciais da Constituição de 1988, sobretudo no que se refere ao papel do Estado, ao pacto federativo, aos direitos sociais, aos mecanismos de sucessão do poder (emenda da reeleição), entre outros. O principal critério adotado no levantamento deste "quem é quem" foi o de procurar listar o rol de operadores relevantes do projeto do governo FHC, entre os quais políticos, burocratas, banqueiros, empresários, enfim, o conjunto de pessoas que opera o projeto e estabelece pontes com o mercado financeiro internacional, com o grande empresariado nacional e com as principais oligarquias regionais espalhadas pelos diferentes partidos que compõem a chamada base política do governo.
Trata-se, evidentemente, de levantamento sujeito a revisões, que procurou agregar informações relevantes sobre personalidades públicas no sentido de oferecer um serviço de caráter jornalístico dentro dos critérios perseguidos pelo projeto Oficina de Informações*.
O grupo da PUC/Rio onde predominam os economistas-banqueiros, leva vantagem sobre o grupo do PSDB paulista na execução da política econômica de FHC
Apesar de o governo ter um projeto claro, isso não significa que os diversos setores sociais e diferentes grupos que o integram não tenham diferenças entre si, muitas vezes aguçadas por uma situação de crise mundial, como a que estamos vivendo. Este levantamento procurou identificar os principais componentes de pelos menos dois grupos distintos que disputam a hegemonia no governo, disputa concentrada em torno dos principais postos da área econômica: o chamado grupo de economistas/banqueiros da PUC/Rio e o grupo do PSDB paulista de José Serra/Sérgio Motta. Esta disputa não se dá tanto em relação ao conteúdo geral do projeto do governo FHC, tanto assim que quadros importantes do PSDB paulista, como o falecido ministro Sérgio Motta e o atual ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, seja no ministério das Comunicações, seja no BNDES, dedicaram-se com afinco à tarefa de desmonte do estado e de privatização de setores estatais inteiros. Mas, na condução do projeto, há questões de método, de ênfase, de prioridades, de interesses, que vão se constituindo em diferenças táticas importantes entre estes dois grupos, gerando fissuras no interior do governo FHC. O grupo que hoje detém o controle da área econômico-financeira do país – expresso nas figuras de Pedro Malan e Gustavo Franco – é extremamente bem articulado com a banca mundial e com os organismos internacionais como Banco Mundial e FMI. Organizou-se em torno do Departamento de Economia da PUC/Rio e de seu curso de pós-graduação, cujos pioneiros foram Edmar Bacha e Francisco Lopes, e do qual participam ou participaram Pedro Malan, Gustavo Franco, Pérsio Arida, André Lara Resende, Edward Amadeo e Wiston Fritsch. Teve papel de destaque não, somente da elaboração do Plano Real, mas ligou-se diretamente ao grupo de economistas que formulou o chamado Consenso de Washington. O Consenso de Washington não foi fruto de uma conspiração do FMI/Banco Mundial com o governo norte-americano. Com o esfacelamento final da União Soviética e a imposição absoluta da hegemonia norte-americana, o Consenso de Washington não foi nada mais do que a sistematização e a generalização de uma receita j á testada e praticada muito precocemente na América Latina, no Chile do general Pinochet e, em termos mundiais, nos Estados Unidos e Grã-Bretanha pelos governos Reagan e Thatcher.
Como se sabe, a expressão Consenso de Washington surgiu num encontro organizado em Washington, em novembro de 1989, pelo Institute for International Economics e patrocinado pelo Banco Mundial, FMI, BID e governo norte-americano, para discutir políticas econômicas para a América Latina. O economista John Williamson, que foi uma espécie de relator do encontro e que cunhou o termo "Consenso de Washington", e que, posteriormente, editou os principais trabalhos ali apresentados, não por acaso já havia integrado o Departamento de Economia da PUC/Rio (1978-1981), assim como um dos outros participantes do encontro, Rudiger Dornbusch, professor do MIT. Dois outros brasileiros que apresentaram trabalhos neste encontro, Daniel Dantas e Eliana Cardoso, também eram ligados ao grupo da PUC/Rio. Pedro Malan, nesta época, era diretor do Banco Mundial e Marcílio Marques Moreira – que mais tarde seria ministro da Economia, Fazenda e Planejamento de Collor – era embaixador do Brasil em Washington.
Um outro traço marcante do grupo da PUC/Rio é que praticamente todos os seus integrantes fizeram doutorado nos Estados Unidos, predominantemente em Harvard (Francisco Lopes, Gustavo Franco, Edward Amadeo) e no MIT (Pérsio Arida, André Lara Resende).
É este o grupo que tem hoje maior influência na política econômica do governo FHC e que se espalhou por inúmeros bancos nacionais e internacionais que atuam no país e que participaram ou participam intensamente dos negócios gerados pelo "ajuste" econômico, entre eles a privatização de estatais. A cada onda da crise mundial que afeta o Brasil, seu poder parece se abalar, mas continua no leme do governo FHC.
Além de manter um modelo econômico que tem se mostrado altamente prejudicial ao país e à maioria da população brasileira, o que estes dois grupos têm em comum é que seus integrantes trafegam livre e impunemente entre altos cargos do serviço público e do setor privado, sobretudo o financeiro. Nesse tráfego, levam informações privilegiadas para a atividade privada, favorecendo interesses em grandes transações como as privatizações e, frequentemente, auferindo vantagens pessoais. Basta ver quantos deles se tornaram banqueiros, homens e mulheres ricos, alguns até milionários. Quadro 1 (p. 9)
Quadro 2 (p. 9)
Amadeo, Edward – Ministro do Trabalho desde abril passado, é professor do Departamento de Economia da PUC/Rio. Doutorou-se em economia por Harvard (EUA). Com sua entrada para o Ministério do Trabalho, ampliou o grupo dos economistas saídos da PUC/Rio que ocupam altos cargos no governo FHC. Ao tomar posse, expressou seus "compromissos irrestritos às designações do presidente da República" e se propôs a desempenhar duas tarefas: avançar na "reforma da legislação trabalhista" (ou seja, na revisão dos direitos sociais) e "aumentar a empregabilidade do trabalhador brasileiro". Ficou famosa uma de suas primeiras declarações como ministro em que disse não haver problema sério de desemprego no país.
Amaral, Sérgio – Diplomata de carreira, secretário de Comunicação Social e porta-voz do presidente da República. Foi negociador da dívida externa junto ao comitê de bancos credores e ao Clube de Paris no período 1988-1990. É do grupo palaciano mais próximo a FHC. Tem papel decisivo na distribuição das verbas de publicidade do governo federal.
Arida, Pérsio – Banqueiro, ex-presidente do Banco Central e do BNDES e professor da PUC/Rio. Foi um dos fundadores do Banco BBA e hoje é um dos diretores do Banco Opportunity, controlado por Daniel Dantas. Representa este banco no conselho de administração da Vale do Rio Doce. Foi, junto com André Lara Resende, o principal teórico do Plano Cruzado, no governo Sarney, época em que ocupou uma diretoria do Banco Central. Integrou o Conselho de Administração do Unibanco. Doutorou-se em economia pelo MIT (EUA). Foi militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organização que participou da luta armada contra a ditadura militar. É dos mais destacados integrantes do grupo de economistas-banqueiros saídos da PUC/Rio. O artigo que escreveu com André Lara Resende, intitulado "Inertial Inflation and Monetary Reform in Brazil" e que foi originalmente apresentado em Washington, em dezembro de 1984, num seminário promovido pelo Institute for International Economics (o mesmo que organizou, em novembro de 1989, o encontro que estabeleceu o chamado "Consenso de Washington"), é considerado uma das principais bases teóricas dos planos de estabilização adotados no Brasil, que vão do Plano Cruzado ao Plano Real. No começo de 1995, quando já assumira a presidência do Banco Central, causou repercussão na imprensa o fato de ter passado o carnaval na fazenda de seu amigo e ex-sócio, o banqueiro Fernão Bracher, presidente do Banco BBA, num momento em que o país enfrentava uma tempestade financeira provocada pela quebra do México e em que o Banco Central intervinha no mercado de câmbio. O BBA auferira enormes lucros na área cambial a partir da implantação do Plano Real.
Edmar Bacha, presidente do Banco Central, passa o carnaval de 1995 com seu ex-sócio Bracher; quando o BC intervinha no mercado de câmbio em conseqüência da crise do México. O banco de Bracher teve grandes lucros na área cambial com o Real
Bacha, Edmar – Banqueiro, sócio do Banco BBA e seu economista chefe. Professor da PUC/Rio, trabalhou no Ipea, foi presidente do IBGE e assessor especial de FHC no ministério da Fazenda, onde teve papel proeminente na formulação e implantação do Plano Real. Foi sua a idéia da criação do chamado Fundo Social de Emergência, atual Fundo de Estabilização Fiscal (FEF), pelo qual o Congresso autorizou o governo a manejar livremente cerca de 20% do orçamento da União e que foi um dos principais instrumentos para a implementação do Plano Real (no sentido de impulsionar o chamado "ajuste fiscal"). Foi presidente do BNDES no início do governo FHC. Em nome do BBA Creditanstalt, tem realizado seminários nos Estados Unidos sobre a política econômica de FHC e oportunidades de investimentos no Brasil, como o que ocorreu em maio deste ano, em Nova Iorque, patrocinado pelo Council of the Americas, sobre o tema "A economia brasileira e a crise asiática", em que era o expositor. Doutorou-se em Yale (EUA) e é uma espécie de decano do grupo de economistas-banqueiros fundadores do PSDB e que integraram a área de economia da PUC/Rio, onde foi um dos organizadores do curso de pós-graduação. Foi professor das universidades norte-americanas de Yale, Columbia, Harvard e MIT e um dos principais economistas brasileiros que fizeram (e fazem) ponte com o pensamento acadêmico hegemônico dos Estados Unidos e organismos internacionais como Banco Mundial e FMI. Atraiu para a PUC/Rio economistas de peso como Rudiger Dornbusch, professor do MIT e ex economista-chefe do FMI, e John Williamson, que foi o principal organizador do encontro realizado em Washington, em novembro de 1989, que elaborou o "Consenso de Washington".
Borges, Pio – Engenheiro pela PUC/Rio e empresário, vice-presidente do BNDES e diretor de sua área de desestatização. Também ocupou este cargo durante o governo Collor. Foi diretor do Banco da Bahia Investimentos e presidente da Companhia de Seguros da Bahia. Ligado ao PFL, fez o mestrado em economia na New School for Social Research, em Nova Iorque (EUA).
Bornhausen, Jorge – Político e empresário catarinense, atual presidente do PFL. Foi chefe da Casa Civil do governo Collor em seu período mais crítico, quando o PFL tentou montar uma última operação para salvar Collor. Durante a ditadura integrou a Arena e o PDS e foi senador e governador de Santa Catarina. É de uma tradicional família de políticos, banqueiros e empresários de Santa Catarina, os Konder Bornhausen. Seu irmão, Roberto Konder Bornhausen, foi diretor-presidente do Unibanco. No governo FHC, foi embaixador do Brasil em Portugal. Junto com Antonio Carlos Magalhães, é um dos principais articuladores do PFL em nível nacional. Candidato ao senado pelo PFL de Santa Catarina. Bracher, Fernão – Banqueiro, fundou em 1988,juntamente com Pérsio Arida, o Banco BBA Creditanstalt S/A, do qual é presidente. O BBA é associado ao banco Creditanstalt AG, maior grupo financeiro da Áustria e que foi credor do Brasil. Foi presidente do Banco Central, no governo Sarney, época em que teve como diretores o próprio Persio Arida, André Lara Resende e Luiz Carlos Mendonça de Barros. O BBA é muito ativo na promoção e intermediação de negócios ligados às privatizações. É um dos patrocinadores da Editora 34, em que Bia Bracher (filha de Fernão Bracher), é sócia da esposa do ministro Pedro Malan. Além de ter Edmar Bacha, ex-presidente do BNDES e um dos pais do Plano Real, como sócio e economista chefe, o BBA também tem como um de seus diretores Francisco Lopes, ex-diretor do Banco Central.
Bresser Pereira, Luiz Carlos – Economista e empresário, um dos fundadores do PSDB. De 1963 a 1983, foi diretor administrativo do Grupo Pão de Açúcar, a segunda maior rede de supermercados do país, controlada pelo empresário Abílio Diniz. A partir de 1988, passou a integrar seu comitê executivo. É o atual coordenador financeiro da campanha de FHC. Foi ministro da Administração e Reforma do Estado (MARE) de FHC e, no governo Sarney, ministro da Fazenda, quando lançou o Plano Bresser. Foi professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (SP), fez o mestrado na universidade de Michigan (EUA) e doutorou-se em economia pela USP. É um dos ideólogos da "reforma do Estado" proposta pelo PSDB.
Calabi, Andrea – Ligado a José Serra, foi secretário-executivo do ministério do Planejamento e atua como consultor de grandes empresas em São Paulo. Foi sócio da Consemp – Consultoria e Empreendimentos Industriais. No governo Sarney, foi secretário-geral do ministério da Fazenda, na gestão Funaro, deixando este cargo para assumir a Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Foi um dos que conceberam a criação da STN para centralizar e controlar os gastos do governo federal. É um dos coordenadores do programa de governo de FHC nas eleições deste ano.
Cardoso, Eliana – Secretária de Assuntos Internacionais do ministério da Fazenda no começo do governo FHC e atual assessora especial do Banco Mundial para a região da América Latina e Caribe. Foi casada com o banqueiro Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, e com o economista do MIT e consultor internacional, Rudiger Dornbusch. Doutorou-se em economia pelo MIT. Foi professora das universidades norte-americanas de Yale, Boston, MIT e Tufts. Apresentou, junto com Daniel Dantas, o diagnóstico sobre o Brasil na reunião do Institute for International Economics, em novembro de 1989, que firmou o chamado Consenso de Washington.
Carvalho, Clóvis – Atual ministro-chefe da Casa Civil e figura de destaque do grupo palaciano. No governo Itamar, foi secretário-executivo do ministério da Fazenda no período em que FHC era ministro. Paulista, engenheiro, ligado a Sergio Motta e José Serra, foi militante da Ação Popular quando estudante. Trabalhou no Banco de Investimentos do Brasil, no Bansulvest e no Banco Safra e foi secretário de Planejamento de São Paulo, no governo Montoro. Era vice-presidente das Indústrias Villares antes de ir trabalhar com FHC.
Coelho, Ronaldo César – Banqueiro e político, deputado federal pelo PSDB do Rio. Fundou, em 1971, o Banco Multiplic, vendido, posteriormente, para o grupo inglês Lloyds Bank, numa operação de US$ 600 milhões. Figura importante na articulação do PSDB no Rio, é um dos caciques cariocas do partido. Candidato derrotado do PSDB ao governo do Rio de Janeiro nas eleições de 1990.
Covas, Mário – Político paulista, reeleito governador de São Paulo. Elegeu-se deputado federal em 1962 pelo Partido Social Trabalhista (PST), com base eleitoral na Baixada Santista, de cunho sindical e popular. Após o golpe de 1964, foi vice-líder e líder do MDB na Câmara dos Deputados. Teve seu mandato cassado e suspensos seus direitos políticos em janeiro de 1969, após a edição do AI-5, pela junta militar. Em 1978 participou da coordenação da campanha de Fernando Henrique ao senado. Elegeu-se deputado federal pelo PMDB e, no governo Montoro, foi nomeado prefeito de São Paulo. Já senador por São Paulo, foi uma das principais figuras da Constituinte de 1988 e um dos fundadores do PSDB. Em 1989, como líder do PSDB no senado, pronunciou um discurso propondo um "choque de capitalismo" para a solução dos problemas do país, que Fernando Henrique ajudou a redigir e que refletia o pensamento ideológico "renovado" do PSDB e sua adesão à onda neoliberal. Disputou as eleições presidenciais de 1989, vencida por Fernando Collor. Dentro do PSDB, opôs-se à participação do partido no governo Collor, divergindo de Fernando Henrique, a quem Collor pretendia entregar um ministério. Como governador de São Paulo na era FHC, manteve uma relação tensa com o Palácio do Planalto, particularmente com a área econômica do governo, nos episódios envolvendo o Banespa, a edição da chamada lei Kandir e a prorrogação do Fundo de Estabilização Fiscal (FEF), todos com impacto negativo nas finanças estaduais. O genro do presidente, David Zylberstajn, foi seu secretário de Energia e dirigiu, no seu governo, o programa de privatização das estatais paulistas do setor elétrico. No plano político, foi duramente atingido pelos acordos fechados por FHC com Paulo Maluf, eterno candidato à presidência da República, em função da emenda da reeleição e que implicou na "neutralidade" do presidente na sucessão paulista, em que Maluf foi derrotado como candidato pelo PPB. Reagindo a estes acordos, Covas anunciou, no final de 1997, que não seria candidato à reeleição, abrindo uma crise no PSDB de São Paulo. Posteriormente, licenciou-se do cargo de governador e lançou-se candidato à reeleição.
Cutolo, Sérgio – Economista, presidente da Caixa Econômica Federal (CEF). No governo Collor, trabalhou no ministério do Trabalho e no ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, onde foi secretário-adjunto de Política Econômica. É do grupo de burocratas que trabalhou para o governo Collor e voltou a ocupar cargos importantes no governo federal com a eleição de FHC. Administra, entre outros, os recursos do FGTS, hoje centralizados na CEF.
Armínio Fraga é alto funcionário do mega-especulador George Soros; no governo Collor,
ele foi diretor da área externa do Banco Central, e criou grande parte dos mecanismos pelos quais os capitais especulativos entram no Brasil
Dantas, Daniel – Banqueiro principal acionista do Banco Opportunity, um dos que têm feito mais negócios na privatização de estatais em articulação com grandes grupos estrangeiros. Adquiriu participações na Vale do Rio Doce, Cemig e empresas do Sistema Telebrás. Baiano, foi convocado pelo senador Antonio Carlos Magalhães para ajudar na crise do Banco Econômico (adquirido pelo Excel e depois pelo grupo espanhol Bilbao Vizcaya). Foi professor da Fundação Getulio Vargas (Rio de Janeiro). Trabalhou muitos anos no Banco Icatu, do banqueiro José Carlos de Almeida Braga. Doutorou-se em economia no MIT. O seu banco, o Opportunity, opera fundos com recursos superiores a US$ 2 bilhões. Na reunião realizada em Washington, em novembro de 1989, que estabeleceu o chamado Consenso de Washington, foi de sua autoria, juntamente com Eliana Cardoso, o diagnóstico apresentado sobre o caso brasileiro. O financista George Soros, um dos maiores especuladores do planeta, é um dos investidores do Opportunity, que participa do controle da Vale do Rio Doce. O ex-presidente do Banco Central e do BNDES no governo FHC, Pérsio Arida, é seu sócio no Opportunity.
Dornelles, Francisco – Deputado federal pelo PPB do Rio, foi ministro da Indústria, Comércio e Turismo de FHC, substituindo Dorothéa Werneck, como resultado dos acordos feitos pelo Palácio do Planalto com o PPB de Maluf em torno da emenda da reeleição. Durante o regime militar, foi o todo-poderoso secretário da Receita Federal. Tradicional quadro da tecnocracia e do conservadorismo, foi ministro da Fazenda do governo Sarney, antes de Dilson Funaro.
Flecha de Lima, Paulo de Tarso – Diplomata de carreira, atual embaixador do Brasil nos Estados Unidos, cargo estratégico da diplomacia brasileira. Foi embaixador na Grã-Bretanha. Ligado ao senador Antonio Carlos Magalhães, de quem foi sócio no jornal Correio da Bahia.
Fraga, Armínio – Banqueiro, é diretor-gerente do Soros Fund, do financista internacional George Soros, o mega-especulador que derrubou a libra esterlina na crise de 1992 e que foi acusado pelo primeiro-ministro da Malásia, em julho de 1997, de ter sido o responsável pelos ataques especulativos contra as moedas dos países do Sudeste Asiático. No governo Collor, por indicação do ministro Marcílio Marques Moreira, foi diretor da área externa do Banco Central, onde introduziu grande parte dos mecanismos usados hoje pelos capitais especulativos para ingressar no país. Trabalhou no banco norte-americano Salomon Brothers. É um ativo interlocutor da equipe econômica e do próprio presidente. Estudou economia na PUC/Rio.
Fernão Bracher fundou o BBA em 1988, junto com Pérsio Arida; Edmar Bacha e Francisco Lopes, foram membros de sua diretoria
Franco, Gustavo – Economista, atual presidente do Banco Central. Ligado ao PSDB e professor da PUC/Rio, trabalhou no Banco Garantia, em que seu pai, Guilherme Arinos Barroso Franco, era um dos sócios (o Garantia foi vendido recentemente para o grupo suíço Credit Suisse First Boston por US$ 1 bilhão). Tem conseguido, com o ministro Pedro Malan, impor suas teses sobre política monetária e cambial junto a FHC, em contraposição ao grupo paulista liderado por José Serra. Fez o doutorado em economia em Harvard (EUA). É o mais ativo operador da política monetária e cambial do atual governo. Foi diretor da área externa do Banco Central, quando Fernando Henrique assumiu o ministério da Fazenda e, já no governo FHC, substituiu Gustavo Loyola na presidência do Banco Central. Um dos maiores defensores da política de câmbio que vincula rigidamente o real ao dólar e da política de abertura comercial, na sua meteórica carreira no governo FHC atritou-se com José Serra, os irmãos Mendonça de Barros, André Lara Resende e com Francisco Lopes, diretor de Política Monetária do Banco Central. Produziu trabalhos sobre política econômica para o governo Collor. Membro do conselho consultivo do Instituto Teotônio Vilela, do PSDB/Rio. Durante a crise cambial enfrentada pelo Brasil em setembro deste ano, abandonou seu discurso neoliberal extremado ao defender a criação de uma "rede de proteção" internacional para evitar o "contágio" de economias que estão realizando ajustes por crises geradas em outras regiões do mundo, dizendo que o FMI e o Grupo dos Sete (G-7) estão convencidos de que "a América Latina está fazendo seu dever de casa e não era para ser sacudida por um problema que ocorreu na Rússia".
Fritsch, Winston – Banqueiro, presidente do Banco Dresdner Kleinwort Benson do Brasil, controlado pelo grupo alemão Dresdner Bank. O Dresdner K1einwort Benson foi um dos advisers contratados pelo governo federal no processo de venda do Sistema Telebrás. Também assessorou o governo baiano na privatização da Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba) e o do Rio Grande do Sul na privatização na Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). Foi secretário de Política Econômica do ministério da Fazenda quando FHC dirigia este ministério e teve papel de destaque na implementação do Plano Real. Doutor em economia por Cambridge (Inglaterra), é do grupo dos economistas-banqueiros cariocas saídos da PUC/Rio e ligados ao PSDB.
Jereissati, Tasso – Político e empresário cearense, atual governador do Ceará e destacado quadro do PSDB. Foi presidente do partido no período 1991-93 e um dos articu1adores da aliança PSDB-PFL, que elegeu FHC nas eleições de 1994. Após a eleição de Collor, encabeçou, junto com Fernando Henrique, um movimento em seu partido de adesão ao novo presidente e que não foi vitorioso em virtude da resistência do grupo liderado por Mário Covas. É uma espécie de padrinho político de Ciro Gomes, que se elegeu prefeito de Fortaleza com seu apoio e o sucedeu no governo do Ceará (1990-1994). Contudo, não conseguiu impedir a saída de Ciro Gomes do PSDB e o lançamento de sua candidatura à presidência pelo PPS. Considerado um dos governadores mais bem sucedidos do PSDB, por sua ação "modernizante", pertence a uma tradicional família de políticos e empresários do Ceará, com negócios na área hoteleira, de refrigerantes (Coca-Cola), shopping centers, construção civil e comunicações. É cunhado e adversário político do empresário e ex-deputado Edson Queiroz (PPB), que detém o maior grupo econômico do estado (no Ceará, os Jeiressati controlam a TV Bandeirantes e a família Queiroz a Globo). Seu irmão, o empresário Carlos Jereissati, após a privatização do Sistema Telebrás, ficou como presidente da Telemar (Tele Norte/Leste), a nova empresa de telefonia fixa que agrupa dezesseis estados, entre eles o Ceará, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Durante a crise que envolveu várias polícias militares em 1997, em torno da questão salarial, Jereissati saiu fortalecido porque acabou conseguindo impor uma severa derrota ao movimento no Ceará e, por isso, foi citado, por sua "energia e autoridade", como político exemplar pela área militar do governo federal e pelo senador Antonio Carlos Magalhães. É um dos mais importantes aliados de FHC. Reeleito para seu terceiro mandato como governador, mantém, a hegemonia de seu grupo na política cearense.
Citado, por alguns analistas, como uma das alternativas do PSDB para a área econômica e para suceder FHC em 2002.
Jorge, Eduardo (Eduardo Jorge Caldas Pereira) – Trabalha com FHC há quinze anos. Foi secretário-geral da presidência da República e integrante do grupo palaciano mais próximo a FHC. Foi coordenador da campanha eleitoral do presidente. Formado em economia, aposentou-se como funcionário do senado em 1990. Foi consultor da USAID, agência do governo norte-americano. Trabalhou no senado para a liderança do PSDB. Fez o mestrado em administração e finanças públicas na State University of New York at Albany (EUA). Foi presidente do Conselho de Administração da Cobra Computadores S.A. e integrou o conselho de diretores da United American Insurance Company e United American Service (EUA). Tem funcionado como elo de ligação com os fundos de pensão das estatais, como Previ, do Banco do Brasil, que têm atuado ativamente no processo de privatização.
Kandir, Antonio – Político e economista paulista, deputado federal pelo PSDB. Foi ministro do Planejamento de FHC e, no governo Collor, secretário de Política Econômica do ministério da Economia, Fazenda e Planejamento. Juntamente com Zélia Cardoso de Mello e Ibrahim Eris, integrou, na primeira fase do governo Collor, o grupo que formulava e operava a política econômica do país. Foi um dos ideólogos das "reformas estruturais" promovidas pelo governo FHC e o formulador da chamada lei Kandir, que isentou uma cesta de produtos da tributação do ICMS e afetou seriamente as finanças de estados e municípios, provocando forte oposição de prefeitos e governadores, entre eles o governador Mário Covas. É autor de uma emenda constitucional propondo transformar o Congresso Nacional numa "mini constituinte" para facilitar a mudança da Constituição de 1988 e acelerar as "reformas" preconizadas pelo governo.
O que estes dois grupos têm em comum é que seus integrantes trafegam livre e impunemente entre altos cargos do serviço público e setor privado, sobretudo o financeiro, nacional e internacional
Lafer, Celso – Empresário paulista, atual embaixador do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra (Suíça). Ligado ao PSDB, professor da Faculdade de Direito da USP e doutor em ciência política por Cornell (EUA), foi ministro das Relações Exteriores do governo Collor (1992). Foi presidente do conselho de administração da Metal Leve, uma das maiores fábricas brasileiras de autopeças, em que era sócio do empresário José Mindlin e que, em junho de 1996, foi vendida ao grupo alemão Mahle.
Landau, Elena – Consultora do banco norte-americano Bear Stearns, especialmente em assuntos de privatização no Brasil e América Latina. Foi do Departamento de Economia da PUC/Rio, onde fez seu doutoramento. É casada com o banqueiro Pérsio Arida. Foi diretora do BNDES e a principal operadora do processo de desestatização, a partir do governo Collor. Ganhou destaque na mídia por sua participação na privatização da Usiminas (governo Collor) e da Light, esta última no governo Itamar. Permaneceu no BNDES até junho de 1996. Fez parte do grupo de formuladores de idéias do PSDB. O banco que a contratou, o Bear Stearns, participou da privatização da Usiminas à época em que era diretora do BNDES. Respondendo a acusações que lhe foram feitas de que, ao trabalhar para bancos interessados nas privatizações, estaria se beneficiando de informações privilegiadas que teria obtido como diretora do BNDES, disse ser "muito comum" que funcionários egressos do governo trabalhem na iniciativa privada em setores relacionados a suas antigas funções.
Lara Resende, André – Banqueiro, atual presidente do BNDES. Antes, era assessor especial do presidente e trabalhava na elaboração de um novo projeto para a Previdência. Foi um dos fundadores do Banco Matrix, junto com Luiz Carlos Mendonça de Barros. Trabalhou no Banco Garantia e foi vice-presidente executivo do Unibanco. De agosto a novembro de 1993, foi nomeado por Fernando Henrique negociador-chefe da dívida externa brasileira, substituindo Pedro Malan. Teve grande influência na elaboração do Plano Real. No governo Sarney, foi diretor do Banco Central e um dos teóricos do Plano Cruzado. É do grupo dos economistas-banqueiros saídos da PUC/Rio. Doutorou-se em economia pelo MIT. Filho do escritor e jornalista Otto Lara Resende, que foi diretor da Rede Globo de Televisão e colunista dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo.
Lopes, Francisco – Economista e consultor de empresas, diretor de Política Econômica e Monetária do Banco Central. Filho de Lucas Lopes, que foi ministro da Fazenda durante o governo JK e sócio de Roberto Campos na empresa Consultec. Foi consultor do Banco Denasa de Investimentos e diretor-presidente da empresa de consultoria Macrométrica Pesquisas Econômicas. Juntamente com Edmar Bacha, foi um dos organizadores do curso de pós-graduação em economia da PUC/Rio, que se transformou num dos mais importantes núcleos formadores de quadros acadêmicos e de executivos seguidores do pensamento hegemônico neoliberal no país. Doutorou-se em economia pela Harvard University (EUA). É um dos principais operadores da política monetária do governo.
Maciel, Marco – Político pernambucano, reeleito vice-presidente da República e membro do PFL. Iniciou-se na política após o golpe militar de 1964 como assessor do governador Paulo Guerra, que substituiu o governador legalmente eleito, Miguel Arraes, que foi deposto, preso e cassado pelos golpistas. Foi deputado estadual e federal pela Arena e eleito secretário-geral do partido em 1973.
No biênio 1977-78, no governo Geisel, foi presidente da Câmara dos Deputados e, em seguida, eleito, por via indireta, governador de Pernambuco. Após a reformulação partidária promovida por Geisel, passou para o PDS e, por esta legenda, elegeu-se senador. Integrou o grupo dissidente do PDS que apoiou a candidatura Tancredo Neves e que organizou o PFL. No governo Sarney, foi ministro da Educação e, no governo
Collor, líder do governo no senado. Seu sobrinho, Everardo Maciel, é secretário da Receita Federal, um dos mais importantes cargos do ministério da Fazenda.
Magalhães, Antonio Carlos – Político e empresário baiano, atual presidente do Senado. Figura exponencial do PFL, é um dos homens que "fizeram" o atual presidente e o mais importante político do esquema de sustentação de FHC. De origem udenista, participou das articulações que desembocaram no golpe militar de 1964, que depôs o presidente João Goulart. Durante a ditadura foi deputado federal pela Arena, prefeito nomeado de Salvador e, por duas vezes, governador da Bahia, eleito indiretamente. No governo Geisel, foi presidente da Eletrobrás. Aderiu à candidatura de Tancredo Neves à presidência da República e ajudou a elegê-la. Foi um dos organizadores, nesta época, do Partido da Frente Liberal (PFL), transformando-se em seu mais destacado quadro. É dono do mais importante jornal da Bahia e da Rede Bahia de TV, retransmissora da Globo. Voltou ao governo da Bahia, desta vez eleito diretamente nas eleições de 1989. Antes, no governo Sarney, foi ministro das Comunicações. Muito ligado a Roberto Marinho, foi um dos articuladores da candidatura Fernando Henrique e da aliança PFL-PSDB. Estabeleceu na Bahia uma espécie de império político, pois são de seu grupo o governador, o prefeito de Salvador, os dois outros senadores e a maioria dos deputados estaduais e federais. Além disso, dos 415 municípios da Bahia, 393 (ou 95% do total) são administrados por prefeitos que fazem parte de seu esquema político. Preparava seu filho, Luís Eduardo Magalhães, para suceder Fernando Henrique em 2002. No governo FHC, tem se colocado ao lado de Pedro Malan e Gustavo Franco em relação às críticas feitas pelo grupo paulista liderado por José Serra.
Magalhães, Luís Eduardo – Político baiano, falecido em maio deste ano. Filho do senador Antonio Carlos Magalhães, era deputado federal pelo PFL e líder do governo na Câmara dos Deputados. Era considerado o herdeiro político de seu pai e o mais forte candidato ao governo da Bahia nas eleições deste ano. Durante o governo FHC, atuou decisivamente, seja como presidente da Câmara ou como líder do governo, na votação das chamadas "reformas" neoliberais e na votação da emenda da reeleição. Nestas articulações, aproximou-se muito de Sérgio Motta que, do lado do PSDB, o partido oficial do presidente, era quem atuava com mais desenvoltura.
Malan, Pedro – Atual ministro da Fazenda, foi presidente do Banco Central no governo Itamar, no período em que FHC era ministro da Fazenda. No governo Collor, foi nomeado pelo ministro Marcílio Marques Moreira negociador-chefe da dívida externa. Foi o principal responsável pelo fechamento do acordo da dívida externa com o credores internacionais, em fins de 1993, nos termos do chamado Plano Brady, e que significou a reintegração do Brasil no esquema financeiro internacional. Trabalhou no Banco Mundial e no Banco Interamericano de Desenvolvimento. É doutor em economia pela universidade de Berkeley (EUA). Junto com Gustavo Franco, é o principal homem de FHC na área econômica e um dos quadros do governo de maior prestígio junto a bancos e organismos internacionais. Era diretor executivo do Banco Mundial quando ocorreu, em Washington, em novembro de 1989, que estabeleceu o chamado "Consenso de Washington", do qual é considerado um executor ortodoxo deste receituário. É do grupo de economistas da PUC/Rio. No final da década de 1970, foi presidente do Instituto de Economistas do Rio de Janeiro (IERJ) e crítico da política econômica do regime militar. Sua mulher, Catarina, é sócia de Bia Bracher, filha do banqueiro Fernão Bracher (Banco BBA), na Editora 34. Em meio à violenta crise que atingiu o país após a moratória da Rússia, provocando uma grande fuga de capitais, tem depositado suas esperanças principalmente na atuação de outros governos e órgãos internacionais e defendido uma "ação coordenada internacional" dos Estados Unidos, FMI, Banco Mundial e Grupo dos Sete (G-7) para evitar a "contaminação" da economia mundial pela crise financeira iniciada na Ásia. Por várias vezes declarou esperar que o Federal Reserve (banco central norte-americano) reduza as taxas internas de juros nos EUA com o objetivo de ajudar países, como o Brasil, que enfrentam os efeitos da fuga de capitais, uma demonstração clara de que, dentro do atual modelo, o país praticamente não tem mais margem de manobra para agir, ficando dependendo da "boa vontade" dos países do G-7 e dos organismos internacionais.
Elena Landau trabalha para o banco americano Bear Stearns, que participou da privatização da Usiminas quando ela dirigia a venda de empresas estatais, nos governos Collor e Itamar. Ela acha normal trabalhar para eles
Maluf, Paulo – Candidato derrotado ao governo de São Paulo. Político e empresário paulista, principal figura do PPB, um dos partidos da base de sustentação do governo FHC. Sua família controla o grupo Eucatex. Iniciou-se na política em 1967, nomeado presidente da Caixa Econômica Federal de São Paulo pelo então secretário da Fazenda do Estado, Delfim Netto. Em abril de 1969, com o apoio do marechal Costa e Silva, foi nomeado prefeito de São Paulo. Ainda durante o regime militar, foi eleito pelo colégio eleitoral paulista governador de São Paulo, no período do general Geisel. Um dos políticos mais identificados com a ditadura militar, concorreu em 1985, pelo então PDS, à presidência da República, tendo sido derrotado no colégio eleitoral por Tancredo Neves. Em 1992 elegeu-se prefeito de São Paulo e, nas eleições de 1994, retirou sua candidatura à presidência como resultado das manobras para a formação de um bloco conservador visando apoiar FHC e derrotar o candidato Luís Inácio Lula da Silva. Seu partido, o PPB, participa do governo FHC e apoiou a emenda da reeleição. Como resultado do acordo feito com Fernando Henrique, obteve a "neutralidade" do presidente nas eleições paulistas e, como candidato do PPB a governador de São Paulo, utiliza a imagem do presidente em sua campanha, apesar de o governador Mário Covas, do PSDB, concorrer à reeleição. Seu vice é o ex-ministro de FHC, Luiz Carlos Santos (ex-PMDB), um dos políticos que mais atuaram nas articulações para a aprovação da emenda da reeleição, aparando arestas e atendendo pleitos dos deputados da base governista.
Marques Moreira, Marcílio – Misto de banqueiro, diplomata e burocrata, pode ser considerado uma espécie de modelo da atual geração de economistas-banqueiros e de burocratas que troca de posições entre o setor público e o setor privado sem nenhum constrangimento, na tradição de Walter Moreira Salles e Roberto Campos. Foi ministro da Economia, Fazenda e Planejamento no governo Collor e trabalha hoje para o banco de investimentos norte-americano Merril Lynch, além de integrar os conselhos consultivos da General Eletric, Hoechst e American Bank Note, entre outros. Durante dezoito anos, foi diretor do Unibanco. Após ter sido embaixador do Brasil nos EUA (1986-91), substituiu, no governo Collor, a ministra Zélia Cardoso de Mello. Em novembro de 1989, a embaixada do Brasil nos EUA, da qual era titular, se fez representar na famosa reunião que estabeleceu o chamado Consenso de Washington. Como ministro da Economia de Collor, retomou a negociação da dívida externa brasileira nos termos do Plano Brady, formulado pelo então secretário do Tesouro dos EUA, Nicholas Brady. Nomeou Pedro Malan negociador-chefe da dívida externa junto ao comitê de bancos credores, com o qual o Brasil fechou um acordo, em fins de 1993, já no governo Itamar, e que foi a pré-condição mais importante para a implantação do Plano Real. Em dezembro de 1991, fechou um novo acordo com o FMI e prometeu realizar no país um "ajuste fiscal" respaldado em "reformas estruturais", dentro da fórmula e terminologia cunhadas pelo Consenso de Washington. Foi também quem iniciou a política de elevação das taxas internas de juros como forma de atrair capitais externos, garantindo a eles superganhos. Em setembro deste ano, em meio à crise cambial enfrentada pelo país, foi o primeiro a anunciar – antes mesmo de qualquer autoridade do governo – que o Brasil estava negociando um novo acordo com o FMI e disse ser contrário à adoção, pelo governo, de qualquer medida de controle do fluxo de capitais, especulativos ou não, como tentativa de superar a crise.
Pedro Malan, Pérsio Arida, Edmar Bacha, Eliana Cardoso, Daniel Dantas e Marcílio Marques Moreira foram à reunião de 1989, nos EUA, que definiu o "Consenso de Washington”
Martins, Luciano – Sociólogo, assessor especial do presidente da República e coordenador do Grupo de Análise e Pesquisa (GAP) da presidência. Doutorou-se pela Sorbonne (França) e foi professor da Unicamp. Realiza estudos especiais encomendados por FHC e ajuda a fazer ponte com a intelectualidade internacional, sobretudo a européia.
Mendonça de Barros, José Roberto – Economista, financista e consultor de empresas. Ligado a José Serra e irmão do ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, é secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior, órgão ligado à presidência da República. Até abril passado, era secretário de Política Econômica do ministério da Fazenda. Foi deslocado em virtude de suas divergências com o ministro Pedro Malan. Doutorou-se em economia pela USP e fez o pós-doutorado em Yale (EUA). Foi diretor da Silex Corretora de Câmbio, sócio-gerente da MB Associados e membro do Conselho Superior de Economia da Fiesp. Juntamente com seu irmão tem interlocução direta com o presidente em assuntos de política econômica.
Mendonça de Barros, Luiz Carlos – Banqueiro, fundou, em 1993, o Banco Matrix, com André Lara Resende, banco voltado para fundos internacionais interessados em aplicações no Brasil. Engenheiro pela USP, era ligado a Sergio Motta, a quem sucedeu no ministério das Comunicações. Foi o articulador final da privatização do sistema Telebrás. Antes, como presidente do BNDES, comandou a privatização de inúmeras empresas, entre as quais a Vale do Rio Doce. Foi militante da Ação Popular, quando estudante. No período do Plano Cruzado, integrou a equipe do ministro Dilson Funaro e ocupou uma diretoria do Banco Central, em função de sua atuação e experiência na área financeira. Trabalhou com Roberto Campos no Investbanco, foi dono da Corretora Patente e um dos organizadores do Planibanc, articulado pelos grupos Votorantim, Pão de Açúcar, Brasmotor e Bardella e associado ao grupo financeiro norte-americano Bankers Trust. Professor da Unicamp, é do grupo de economistas-banqueiros do PSDB paulista. Com a privatização do sistema Telebrás e a implantação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), seu ministério ficou esvaziado. Faz parte, no governo FHC, do grupo do PSDB paulista que critica a condução da política monetária e cambial por Pedro Malan e Gustavo Franco.
Motta, Sérgio – Empresário paulista falecido em abril deste ano. Ministro das Comunicações até a data de seu falecimento, marcou sua gestão pela montagem do esquema de privatização do Sistema Telebrás, afinal executado por seu sucessor e amigo Luiz Carlos Mendonça de Barros. Foi um dos fundadores do PSDB e um de seus quadros mais importantes. Secretário-geral do partido de 1991 a setembro de 1997, era muito ligado a FHC, coordenou a maioria de suas campanhas e foi seu sócio numa fazenda de criação de gado. Foi o principal articulador da emenda da reeleição e, em uma de suas mais famosas declarações, disse que o projeto de poder de seu partido tinha um horizonte de pelo menos vinte anos. Foi acusado por um conjunto de reportagens do jornal Folha de S. Paulo de ter montado um esquema de compra de votos de parlamentares para aprovar a emenda da reeleição. Militou na Ação Popular, juntamente com José Serra. Durante muitos anos foi diretor-presidente da empresa paulista de consultoria Hidrobrasileira S/A, onde empregou muitas pessoas perseguidas pelo regime militar, algumas vivendo na semi-clandestinidade. No governo Figueiredo, foi presidente da estatal Coalbra-Coque e Álcool da Madeira S.A. Vendeu o controle acionário da Hidrobrasileira a um grupo norte-americano, em 1994, antes de assumir o ministério das Comunicações. Com sua morte, o PSDB perdeu seu mais ativo e agressivo articulador, enfraquecendo seu papel na aliança política que sustenta Fernando Henrique.
Antonio Carlos Magalhães é um dos homens que “fizeram” FHC e o mais importante político de seu esquema de sustentação
Neves, Aécio – Deputado federal pelo PSDB de Minas, atual líder do partido na Câmara dos Deputados. Ingressou na política por meio de seu avô, Tancredo Neves, de quem foi secretário particular. É praticamente o único integrante do grupo do PSDB do qual participa o governador Eduardo Azeredo, de Minas Gerais, que joga algum papel no governo, em que pese Minas ser o estado em que FHC tem obtido seus melhores resultados eleitorais na região sudeste. Nas eleições municipais de 1992 foi candidato a prefeito de Belo Horizonte e derrotado por Patrus Ananias (PT).
Oliveira, Inocêncio – Político pernambucano, médico e fazendeiro. Um dos políticos mais tradicionais de Pernambuco, é deputado federal pelo PFL e líder do seu partido na Câmara dos Deputados. Foi presidente da Câmara e peça importante na articulação e votação da emenda da reeleição e das demais reformas constitucionais. Durante o regime militar foi deputado federal pela Arena e pelo PDS. É um dos mais ativos articuladores do PFL e frequentador assíduo do Palácio do Planalto.
Padilha, Eliseu – Ministro dos Transportes, político e empresário, é do PMDB do Rio Grande do Sul. Pertence ao grupo peemedebista que mais se integrou ao governo FHC e batalhou para que o partido não lançasse Itamar Franco como candidato a presidente da República, jogada política decisiva na estratégia de reeleição de FHC. No governo, compartilha o controle do sistema rodoviário federal com o deputado Newton Cardoso (PMDB-MG), ex-governador de Minas e atual candidato a vice-governador deste Estado na chapa liderada por Itamar Franco.
Paiva, Paulo – Economista mineiro, atual ministro do Planejamento, onde substituiu Antonio Kandir. Representa, no governo federal, o grupo do ex-governador de Minas, Hélio Garcia, de quem foi secretário do Planejamento. Ocupou, antes, o ministério do Trabalho. Ligado ao PTB. Doutorou-se em demografia pela University of Pennsylvania (EUA). Tem pouca influência nas decisões da equipe econômica de FHC e ocupa um ministério esvaziado, após a passagem de José Serra e de Antonio Kandir.
Parente, Pedro – Atual secretário-executivo do ministério da Fazenda. No governo Collor, foi secretário nacional. de Planejamento, do ministério da Economia, Fazenda e Planejamento e presidente do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados). É funcionário de carreira do Banco Central e foi do quadro de consultores externos do Fundo Monetário Internacional (FMI). Integra o grupo de burocratas que ocupou altos cargos nos governos Sarney, Collor e FHC. É peça importante no esquema do ministro Pedro Malan. Fortaleceu-se ainda mais após o recente pacote fiscal editado pelo governo no começo de setembro, pois ficou como coordenador da Comissão de Controle e Gestão Fiscal (CCF), integrada por ele, pelo secretário-executivo do ministério do Planejamento e pelo secretário do Tesouro Nacional, encarregada de executar os cortes no orçamento e controlar os gastos dos demais ministérios.
Sardenberg, Ronaldo – Diplomata de carreira, ex-embaixador na Espanha e na URSS (1985-89), é o titular da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), da presidência da República. A SAE é responsável pelo setor de informações estratégicas junto ao presidente, tendo herdado algumas funções do antigo Serviço Nacional de Informações (SNI). Nos governos Collor e Itamar foi representante permanente do Brasil nas Nações Unidas. Encarregado de elaborar "cenários" sobre a situação nacional e internacional tem acompanhado o presidente em suas viagens ao exterior.
Serra, José – Político paulista, senador pelo PSDB, atual ministro da Saúde, é um dos mais destacados quadros do partido. No começo do governo FHC, ocupou o ministério do Planejamento, de onde se afastou devido a divergências com o ministro Pedro Malan, da Fazenda, e para ser candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições de 1996. Perdeu a disputa para o candidato malufista Celso Pitta. Lidera o grupo do PSDB crítico à condução do Plano Real por Pedro Malan e Gustavo Franco, sobretudo em relação à política cambial (real sobrevalorizado em relação ao dólar, prejudicando as exportações) e à execução da política de abertura comercial, considerada por ele como exagerada. Era presidente da UNE e militante da Ação Popular quando sobreveio o golpe militar de 1964. Exilou-se no Chile e trabalhou no governo Allende. Voltou ao Brasil no final da década de 1970 e trabalhou no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), cuja ala liderada por Fernando Henrique foi uma das matrizes ideológicas do PSDB. Após a anistia, elegeu-se deputado pelo PMDB de São Paulo. Foi um dos fundadores do PSDB e elegeu-se senador apoiado por grandes empresários paulistas. Doutorou-se em economia por Cornell (EUA). Junto com Sérgio Motta e Fernando Henrique, formou o principal núcleo paulista do PSDB responsável pela virada política e ideológica do partido após a Constituinte de 1988. Tornou-se ministro do Planejamento de FHC por imposição da Fiesp e do grande empresariado de São Paulo. Voltou, em 1998, ao governo para um ministério fora da área econômica, um claro indicador de sua perda de influência nesta área. Representante do ponto de vista do grande empresariado paulista, é a principal alternativa de FHC no caso de uma modificação nos rumos da atual política econômica. Seu ministério, o da Saúde, foi um dos mais atingidos pelos cortes de gastos decididos pela área econômica no começo de
setembro, sobre os quais tomou conhecimento pela imprensa, revelando publicamente sua irritação com o fato.
Pedro Malan é considerado um executor ortodoxo do receituário do chamado "Consenso de Washington", que os governos Collor e FHC implementaram no Brasil
Souza, Paulo Renato – Atual ministro da Educação, foi professor de economia e reitor da Unicamp. É um dos principais sistematizadores e redatores dos programas eleitorais de FHC. Como economista, era especialista em assuntos de emprego e salários. Trabalhou na Cepal e na Organização Internacional do Trabalho (OIT). Foi visitante no Institute for Advanced Study, da universidade de Princeton (EUA). Antes de assumir o ministério da Educação, era vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Foi cotado para ser ministro do Planejamento de FHC, mas perdeu a disputa para José Serra. Vem se desgastando por sua postura tecnocrática e intransigente como ministro e por não conseguir manter um diálogo com a comunidade acadêmica das universidades públicas. Foi um dos responsáveis, neste ano, pela deflagração de uma das maiores greves de professores e funcionários das universidades federais ocorridas até hoje. Desencadeou uma outra crise na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ao não nomear, para reitor desta universidade, o professor Aloísio Teixeira, majoritariamente indicado pelo colégio de professores, funcionários e alunos.
Steinbruch, Benjamin – Espécie de arquétipo de empresário da era FHC, um dos que mais se beneficiaram com o processo de privatização de estatais. Apresenta-se com os títulos de presidente dos conselhos de administração da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), da Eletropaulo Metropolitana e da Companhia Vale do Rio Doce. Tem origem no grupo Vicunha, fundado por seu pai, Mendel Steinbruch, e pelo empresário Jacks Rabinovich, na década de 1950 e que atuava no setor têxtil. Considerado como exemplo típico do empresário "moderno" que realiza "alavancagens" para fazer seus negócios: procura adquirir a participação acionária mínima para controlar a empresa em negociação, levanta recursos e financiamentos para realizar a operação, cujo pagamento planeja liquidar com os próprios lucros gerados pelo empreendimento. Utilizando as facilidades oferecidas pelo governo, dos empréstimos do BNDES e de recursos de sócios estrangeiros, adquiriu o controle da CSN, participou da privatização da Light e, na sua operação mais ousada, assumiu o controle da Companhia Vale do Rio Doce. Nesta operação, associou-se ao banco norte-americano Nations Bank, junto ao qual levantou recursos de US$ 1,2 bilhão, e derrotou o consórcio formado pelo grupo Votorantin, do empresário Antonio Ermírio de Morais, em associação com grupos japoneses. Em seguida, disputou o controle da siderúrgica mineira Acesita (também maior acionista da Companhia Siderúrgica de Tubarão) com o grupo francês Usinor, um dos maiores do mundo no setor siderúrgico. Perdeu a disputa para a Usinor e chegou a denunciar, em matéria paga da CSN publicada nos jornais, que o BNDES estava emprestando R$ 400 milhões para o grupo francês comprar o controle da Acesita, o que provocou o comentário do ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, de que "Steinbruch cuspiu no prato que comeu". Próximo da família do presidente, cujo filho, Paulo Henrique Cardoso, foi funcionário da Light e prestou assessoria à CSN.
No tráfego entre o alto escalão econômico do governo e a iniciativa privada, os homens de FHC vêm auferindo vantagens pessoais. Vários deles se tornaram banqueiros ricos
Temer, Michel – Advogado, deputado federal reeleito pelo PMDB de São Paulo e presidente da Câmara dos Deputados. Foi líder do PMDB na Câmara e faz parte do grupo de origem quercista que aderiu ao esquema de FHC. Foi secretário de Segurança Pública e de Governo de São Paulo, este último no período Fleury. Considerado um dos principais operadores das reformas promovidas pelo governo FHC e um dos que mais influenciaram os deputados peemedebistas a apoiar estas reformas. Na convenção nacional do PMDB, também se posicionou contra a proposta de seu partido de lançar candidato próprio à presidência na República nas eleições deste ano, ajudando a derrotar Itamar Franco.
Ximenes, Paulo César – Atual presidente do Banco do Brasil. Nos governos Itamar e Collor, foi presidente do Banco Central e um dos executores da política de elevação da taxa interna de juros como meio de atrair aplicações financeiras em dólares e que acabou resultando no estouro da dívida pública. Como presidente do Banco do Brasil, é peça relevante na execução da política econômica e na atuação da Previ, o poderoso fundo de pensão dos funcionários do BB, sempre muito ativo no processo de privatização.
Weffort, Francisco – Sociólogo, ministro da Cultura. Foi um dos fundadores e secretário-geral do Partido dos Trabalhadores. Após a vitória de FHC sobre Lula, nas eleições de 1994, afastou-se do PT para assumir o Ministério da Cultura. Foi chefe do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de São Paulo, pesquisador do Cebrap e do Cedec e pesquisador visitante do Woodrow Wilson Center e do Hellen Kellogg Institute (EUA). Sua adesão ao governo foi importante para FHC devido ao seu passado no PT.
Zylberstajn, David – Engenheiro paulista, genro de Fernando Henrique, atual diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Foi secretário de Energia do governo Mário Covas, onde coordenou o esquema de privatização das estatais paulistas da área de eletricidade. Sua nomeação para a ANP foi interpretada como uma sinalização de que o Planalto pretende privatizar a Petrobras. Ao tomar posse na ANP, pregou "mais petróleo com menos monopólio".
* Luiz Marcos Gomes é Economista e jornalista. Foi editor de economia dos semanários Opinião e Movimento, e membro do Conselho Federal de Economia de 1987 a 1989. O presente texto é parte integrante da matéria "Todos os homens do presidente", do projeto *Oficina de Informações (site: hobbylink.com.br/oficina/index.htm).
EDIÇÃO 51, NOV/DEZ/JAN, 1998-1999, PÁGINAS 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20