O Brasil está em crise judicial, afirma Bresser-Pereira
Na postagem feita já na madrugada desta sexta-feira (11), Bresser-Pereira afirma: “O Brasil não está apenas em uma crise econômica agravada legitimamente por uma crise moral e, irresponsavelmente, por uma crise política. Enfrenta agora também uma crise judicial, na medida em que setores do Estado usam de forma abusiva seu poder. O último capítulo desta crise judicial foi, hoje, o pedido de prisão preventiva do ex-presidente, Lula, pelo caso do triplex do Guarujá. Estamos em pleno mundo do nonsense”.
Para o ex-ministro “os procuradores não têm provas, têm desconfianças. Estão persuadidos que Lula pretendia comprar o apartamento por preço abaixo do valor, porque não pagaria pela reforma realizada pela OAS, que, isto é verdade, queria dar um presente ao ex-presidente. Mas, para os procuradores, não se trata de um presente, mas de uma propina. Que, diferentemente de um presente, supõe o pagamento de vantagens. Mas até agora não houve qualquer informação dos procuradores a respeito destas supostas vantagens”.
“Sejamos razoáveis”, conclama Bresser, para concluir em seguida: “essas acusações a Lula (o apartamento, o sítio) são uma prova de idoneidade . Se ele fosse corrupto, como se sugere, teria aproveitado as muitas oportunidades para obter propinas elevadíssimas”.
Em seu estilo muito franco, o ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso reafirma o que afirmara em outras ocasiões: “Lula errou em cogitar aceitar um presente caro demais, mas em hipótese alguma pode ser considerado desonesto com base nas pobres evidências apresentadas”.
“O que está havendo no Brasil é uma enorme falta de respeito pelas pessoas”, afirma Bresser. Sobre a Operação Lava Jato e a ação dos promotores paulistas, declarou: “Prestou um grande serviço ao Brasil descobrindo, processando e condenando pessoas corruptas, mas vem usando seu poder de forma abusiva nos últimos tempos. E agora os três procuradores de São Paulo, não querendo ficar atrás, vão pelo mesmo caminho. Estamos, portanto, também em plena crise judicial. Lamentável!”.