A crise e a nova Revolução Industrial em debate
A primeira atividade foi um Encontro, ocorrido na Sede do Comitê Municipal da Capital, que contou com participação dos membros da Comissão de Formação Estadual, do núcleo estadual de Economia Política e Desenvolvimento e convidados. Neste Encontro foram discutidas estratégias de fortalecimento dos Núcleos de Ensino e Pesquisa no âmbito estadual como vetor fundamental para um funcionamento regular e permanente da seção estadual da Escola. No Encontro foi debatida também a complexa e crucial questão da luta pela retomada do desenvolvimento nacional e de seu financiamento neste novo ciclo político, adverso e regressivo, no qual se encontra o país.
A segunda atividade foi a realização de um debate, no Sindicato dos Comerciários/RJ, organizado pelo Distrital Centro do Comitê Municipal da Capital e pela seção estadual da Fundação Mauricio Grabois que teve como título A Crise Mundial e as Significativas Mudanças na Base Técnica do Capitalismo Financeirizado.
Durante sua exposição para o debate, Barroso buscou inicialmente demonstrar a expressiva influência que a dominância do capital financeiro nas suas formas de capital fictício, usurário e portador de juros exerce, hoje, na dinâmica do processo da produção capitalista e o quanto essa influência produz, reproduz e agrava a atual crise mundial do sistema capitalista. Crise esta que não mais encontra paralelo, seja no alcance, na abrangência e na profundidade com a grande crise mundial de 1929/33. Concluiu este primeiro momento destacando as diversas consequências negativas que a crise apresenta para a soberania dos Estados Nacionais, para a democracia, para os povos e para os trabalhadores.
Para ele, “temos que partir da interpretação marxista, dos capítulos sobre a manufatura e a maquinaria, onde Marx analisa a gênese das forças produtivas capitalistas, como se constituem as bases técnicas do modo de produção capitalista pela transformação do artesanato, que dá origem à manufatura, e finalmente como vai ser revolucionado o regime de produção pela introdução da maquinaria organizada como grande indústria”. O capítulo da maquinaria mostra então como é revolucionada a organização da produção por meio da criação das bases técnicas adequadas ao capital.
A quarta revolução industrial
Escreve Marx precisamente: “Desta parte da máquina, da máquina ferramenta, é de onde parte a revolução industrial do século XVIII” (O Capital, LIVRO 1, v.I, cap. XIII, Civilização Brasileira, 1968).
Em seguida, Barroso, abordou um tema subjacente ao anterior que vem se desenvolvendo e que tem implicações tão profundas quanto às apresentadas pela “financeirização” do capitalismo. A partir da exposição das características da base técnica das três revoluções industriais anteriores, apresentou as impressionantes e significativas mudanças que a base técnica do trabalho sofre nos dias de hoje a partir das mais recentes inovações científicas e tecnológicas que vêm sendo denominada de 4ª Revolução Industrial ou Indústria 4.0.
Conforme ele ilustrou, “a 4ª Revolução Industrial é um processo no qual se promove uma fusão de tecnologias, borrando as linhas divisórias entre as esferas físicas, digitais e biológicas”. Na qual se fomenta “a inteligência artificial, a robótica, a impressão 3D, os drones, a nanotecnologia, a biotecnologia, a estocagem de dados (Big Data) e de energia, os veículos autônomos, os novos materiais, a internet das coisas, etc”. Para Barroso, “na medida em que as tecnologias de marchine learning e robótica avançarem será inevitável a substituição de funções ocupadas por homens hoje”. Expressivo desenvolvimento das forças produtivas de um lado e radical ampliação do desemprego tecnológico por sobre o desemprego estrutural, no outro lado.
Conclusivamente, e após inúmeras questões apresentadas pelos(as) participantes, Barroso sintetizou em três questões simultâneas que conformam as transfigurações capitalismo neoliberal.
“Não é possível – enfatizou – desconhecer que três movimentos agora mesmo se entrecruzam, em meio a essa gigantesca crise irresoluta e sem horizontes de solução, iniciada em 2007-8 a) o profundo processo de “financeirização” da riqueza como um padrão arraigado da dinâmica capitalista contemporânea; b) mutações no paradigma tecnológica que parece combinar a um outro estágio avançado – e rapidíssimo – da terceira Revolução Industrial ou a denominada quarta Revolução Industrial; c) ao tempo em que se assiste à degradação e regressão social vasta e profunda, o flagelo do desemprego em taxas nunca antes alcançadas, seja de modo relativo ou absoluto”.
*Marcos Costa é professor da Escola Nacional João Amazonas e dirigente estadual do PCdoB do Rio de Janeiro, de onde enviou o relato das atividades para o Portal Grabois.