Instituto Data Popular divulgou levantamento feito para o Sebrae, em que revela que 38% do mercado consumidor do país encontra-se fora das capitais e regiões metropolitanas. O Data Popular revela que as pequenas cidades têm um alto padrão de consumo com necessidades diferentes daquelas das grandes metrópoles.

Enquanto mais de 100 milhões de brasileiros moram em capitais e grandes cidades metropolitanas, 94,3 milhões de habitantes, o equivalente a pouco menos da metade (49%), moram em cidades médias e pequenas. Este padrão de cidade é a maioria dos municípios brasileiros, ou seja, 4.619 cidades, sendo que cerca de 4.000 têm até 50 mil habitantes (86%). Fora das capitais e regiões metropolitanas, as cidades com mais de 200 mil habitantes são apenas 0,3%.

Grandes cidades do interior, como Campinas, ou mesmo Guarulhos, entram na cota das capitais e regiões metropolitanas (27 capitais mais 919 cidades).

Perto de um trilhão

O consumo destas localidades chega a movimentar R$ 827 bilhões, volume maior que a economia de Portugal ou do Chile. O consumo nas metrópoles é de R$ 1,3 trilhões. A média salarial mensal no interior é de dois salários mínimos, renda que é atingida por 77% dessa população.

Apenas um quarto da população do interior mora na zona rural, onde o padrão de consumo difere mais das grandes cidades. Já nas cidades interioranas estão 39% dos brasileiros que querem comprar um tablet, assim como 43% dos que têm intenção de viajar.

A parcela que quer adquirir uma motocicleta supera a dos grandes centros: 59%, o que se explicaria pela maior segurança em pequenas cidades para o uso desse tipo de veículo.

O morador do interior tem mais disposição para fazer um curso profissionalizante (48%) do que para fazer faculdade (31%).

Recurso público

A economia do interior tem uma enorme dependência dos recursos públicos, já que a maior parte do mercado consumidor é formada por beneficiários do Bolsa Família, de aposentadoria e funcionalismo público. Só de Bolsa Família, são 8,7 milhões de beneficiários -63% do total.

Mas o estudo mostra que a economia privada tem seu peso: 44% das micro e pequenas empresas que fazem parte do regime tributário Simples ou 41% dos MEI (Microempreendedores Individuais) vivem no interior.

Devido a esse perfil, o Sebrae avalia que é preciso estimular o empreendedorismo dessa população para o desenvolvimento local, para reduzir a dependência de políticas públicas.

Já o presidente do Data Popular, Renato Meirelles, alerta para a necessidade fortalecer os negócios locais. Em sua opinião, o pequeno empreendedor dessas cidades precisa estar preparado para a chegada dos grandes conglomerados, como shoppings e redes varejistas, que avançam para as cidades médias, com pelo menos 250 mil habitantes.

Assimetrias regionais

O estudo baseado em dados populacionais e de renda do IBGE (Censo e Pnad) mostra que as assimetrias regionais se reproduzem nesse mercado interiorano.

O Nordeste concentra 33% da população do interior e 24% da renda, enquanto o Sudeste tem 37% da população do interior e é responsável por 61% do consumo.

Ainda assim, os dados revelam que essas assimetrias vêem se diluindo, devido ao avanço educacional da população, segundo dizem analistas.