Formação quer alcançar 50 mil militantes no primeiro semestre
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Num ano em que poucos meses possibilitarão um trabalho institucional ordinário, os cursos precisam se antecipar à euforia da Copa do Mundo e a produção intelectual precisará se antecipar ao ritmo do período eleitoral que vai tomar todo o segundo semestre, quando o PCdoB é chamado a contribuir com propostas programáticas tanto de suas candidaturas quanto de outros partidos que apoiará. Um ano atípico, como vários participantes apontaram, que vai demandar um esforço concentrado da Formação e Propaganda.
Monteiro falou ao final do Encontro Nacional de Formação e Propaganda, que antecedeu o Seminário de Estudos Avançados da Escola Nacional de Formação do PCdoB “João Amazonas”. Na oportunidade, o dirigente destacou a importância de se avançar na formação dos quadros de Partido e de como o aprofundamento das ideias semeadas, associado ao fomento da circulação dessas ideias nas trincheiras comunistas, é importante para o embate eleitoral.
Monteiro considerou o Encontro de Formação e Propaganda “vitorioso” ao passar em revista os últimos quatro anos de trabalho. “Uma avaliação tanto em termos nacionais como nas seções de diferentes Unidades da Federação. Ouvimos os quadros que atuam nos estados, tanto nas Secretarias de Formação, quanto na Escola de Formação, e nas seções estaduais da Fundação Mauricio Grabois. Foi importante ter em mente em que estágio chegamos em termos de capacitação, formação teórica e ideológica dos quadros do partido e da militância”, explicou.
A avaliação ainda considerou a participação comunista na luta de ideias, com as publicações de livros, a periodicidade da revista Princípios, um elenco de seminários e debates realizados sobre temas como a crise estrutural do capitalista, a nova luta pelo socialismo, meio ambiente e cultura, a temática da integração latinoamericana e o novo projeto nacional de desenvolvimento, que é um tema estratégico para o país. “O balanço é de que o partido vai progressivamente se qualificando nessa esfera da luta de ideias e da formação e capacitação de seus quadros”, resumiu.
Olhar para outubro
Monteiro diz que os dirigentes que lotaram o Encontro de Formação e Propaganda jogaram um olhar às tarefas de 2014. “Dado que é o ano de sucessão presidencial, grande confronto que vai decidir os destinos do Brasil, e que também será uma eleição importante para o PCdoB, que é chamado a elevar sua representação no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas, conquistar governos de estado, – que é nosso objetivo ganhar o governo do Maranhão, com Flavio Dino”.
Será importante que as seções estaduais da Fundação Maurício Grabois e o setor de Formação e Propaganda realize seminários e encontros, no sentido de sistematizar ideias programáticas. “Tanto para a disputa da Presidência da República, ideias que sinalizem uma nova etapa do desenvolvimento brasileiro, como também ideias para as plataformas dos candidatos comunistas à Câmara Federal, às assembleias legislativas e também ideias programáticas para os candidatos a governador que nós vamos apoiar nos diferentes estados da federação”, pontuou o dirigente comunista.
Por outro lado, Monteiro anuncia que, em conjunto com a Secretaria de Organização do Partido, tanto nacional como nos estados, vai participar de um esforço de fortalecer e ampliar as bases militantes do partido e os comitês municipais. “A nossa decisão é que, de fevereiro até maio, meados de junho, vamos ter uma prioridade que é o Curso do Programa Socialista (CPS), o primeiro nível de formação da Escola. Temos uma meta de atingir pelo menos 50 mil militantes até maio, prioritariamente das maiores cidades e das capitais. Esse trabalho vai ser feito com a Secretaria de Organização”, declarou.
A prioridade apontada por Monteiro tem relação com a avaliação apresentada pela membro da Comissão Nacional de Organização, Neide Freitas, de que o balanço da mobilização do 13º. Congresso, aponta a necessidade de inverter ou frear uma tendência de desmobilização nas capitais, dados que combinam com queda de votações nessas regiões. Ela entende isso como uma questão complexa, não apenas organizativa ou política, mas um conjunto de fatores que precisam ser atacados. A prioridade apontada por Monteiro revela que esta fragilidade será atacada num primeiro momento com formação massiva de quadros militantes. Com isso, também, fica o conteúdo subjacente da importância estratégica da formação para o Partido, quando há setores que ainda resistem à priorizar este tema na agenda partidária.
Circulação de ideias
O Encontro de Formação e Propaganda chegou a um diagnóstico importante e positivo de que o Partido está produzindo ideias, elaborando-as, tornando-as concretas, mas tem dificuldade de garantia da circulação desse material, que precisa ser superada. “Que esses livros sejam divulgados, sejam vendidos, e que cheguem a uma comunidade de leitores. Da mesma forma, temos que aumentar o número de assinantes da revista Princípios, e chegar a formatos da circulação virtual da revista”.
O dirigente comunista considera que há, hoje, um reforço de quadros na Formação e Propaganda, com uma tomada de posição dos comitês estaduais para os temas. “Colocamos como objetivos importantes fortalecer as seções estaduais da Escola Nacional de Formação e também as seções estaduais da Fundação Maurício Grabois. Há um diagnóstico de que os comitês estaduais reforçaram o setor de Formação de Propaganda, pelo perfil dos secretários e pelas comissões auxiliares que vão se formando. Tudo indica que há uma tomada de posição não só do Comitê Central, como dos comitês estaduais de reforçarem a luta de ideias e o trabalho de capacitação e formação do quadros”.
Com a realização da Copa do Mundo e das eleições, o foco do trabalho de formação vai até junho. Para isso, Monteiro aponta a necessidade de enfrentar o discurso da Oposição de que o ciclo do atual governo se esgotou com a cristalização da ideia de uma nova plataforma de governo com avanços significativos no sentido de avançar nas reformas estruturantes. O PCdoB não pode entrar nesse processo com ideias improvisadas no apoio a candidaturas majoritárias de outros partidos.