Leia o que disseram hoje sobre Mandela, morto aos 95 anos
A presidenta Dilma Rousseff lamentou a morte do ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela. Em nota de pesar, a presidenta descreveu Mandela como “personalidade maior do século 20”.
“Mandela conduziu com paixão e inteligência um dos mais importantes processos de emancipação do ser humano da história contemporânea – o fim do apartheid na África do Sul”, disse Dilma. A presidenta acrescentou que os brasileiros receberam consternados a notícia da morte do líder sul-africano.
Transmitindo aos parentes de Nelson Mandela e a todos os sul-africanos sentimento de “profundo pesar”, a presidenta disse que o governo e os brasileiros “se inclinam diante da memória de Nelson Mandela”.
“O exemplo deste grande líder guiará todos aqueles que lutam pela justiça social e pela paz no mundo”, acrescentou.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a notícia da morte de Nelson Mandela quando participava da inauguração da sede da Escola Livre para Formação Integral “Dona Lindu”, em Diadema. Ele começou seu discurso pedindo um minuto de silêncio em luto pela perda do grande líder mundial e declarou:
“Tive a grata satisfação de ter feito parte de uma geração que brigou contra o apartheid. Tive o prazer de me encontrar com o companheiro Mandela em 1994, em Cuba, na comemoração do 1º de maio. Tive o prazer de ser recebido pelo Mandela quando fui candidato e tive o prazer de sentir o significado da conquista da liberdade para um povo. (…) O grande legado do Mandela foi fazer com que o povo negro da África do Sul descobrisse uma coisa que parece simples, mas não é. Se a maioria do povo era negra, não tinha o menor sentido a minoria branca continuar governando aquele país. Mandela foi uma coisa boa que de vez em quando Deus projeta nas nossas vidas. O mundo perdeu uma das figuras mais extraordinárias que conheci”.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, lamentou hoje (6) a morte do ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela. Carvalho disse que Mandela marcou a sua geração, é uma referência, além de ser uma pessoa que passou por sofrimento físico, discriminação e soube transformar tudo isso em esperança.
“[Mandela] teve a sabedoria de transformar esse sofrimento não em ódio, mas num combustível para recompor, para restaurar a dignidade de um povo”, disse o ministro no início da tarde no Palácio do Planalto.
Carvalho também disse que Mandela é uma inspiração política e a morte dele dará mais energia para a luta contra as desigualdades sociais. “Acho que o Mandela é uma luz, uma estrela que se acende no céu para todos nós no sentido de que vale a pena fazer política quando você a faz para servir um povo, principalmente aqueles que são vítimas da exclusão, da discriminação.”
Pelo continente
Presidentes latino-americanos expressaram pesar pela morte do ex-presidente sul-africanoe Nelson Mandela na noite desta quinta-feira (5). O colombiano Juan Manuel Santos, o mexicano Enrique Peña Nieto e o venezuelano Nicolás Maduro enviaram mensagens pelo microblog Twitter. O presidente da Bolívia, Evo Morales, falou sobre Mandela em um pronunciamento.
Nicolás Maduro postou uma foto de Mandela e escreveu: “Nelson Mandela, até a vitória sempre! Líder dos povos que lutam. Da Venezuela, enviamos nosso amor”. O presidente venezuelano também lembrou que a data da morte do líder africano coincide com os nove meses da morte de Hugo Chávez, falecido no dia 5 de março.
“Há nove meses da partida de nosso comandante, hoje outro gigante dos povos do mundo se foi. Madiba viverá para sempre!”, disse.
Juan Manuel Santos, que lidera um processo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), exaltou o papel pacificador de Mandela. “Lamentamos profundamente a morte de Nelson Mandela. Seu legado se mantém como nosso guia para alcançar a paz”, postou no Twitter.
Em sua conta no microblog, Enrique Peña Nieto lamentou em nome do México, a morte de Mandela enviando condolências ao povo sul-africano. “A humanidade perdeu um lutador incansável em favor da paz, da liberdade e da igualdade. Descanse em Paz, Nelson Mandela”, declarou.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, manifestou “profunda tristeza” pela morte do ex-presidente da África do Sul. Em um pronunciamento, na cidade de Cochabamba, Morales falou da importância de Mandela como ativista dos direitos humanos e que ele foi o símbolo da luta mundial contra o racismo.
“Ninguém se esquecerá do avanço dos povos desde a sua vitória, marcada pela queda do apartheid, tampouco de sua luta na prisão para melhorar o seu país”, disse Morales.
Pelo mundo
Líderes mundiais divulgaram notas de pesar pela morte de Nelson Mandela, lembrando o exemplo, a influência e a importância do ex-presidente sul-africano.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ressaltou que se inspirou em Mandela. “Eu sou um dos incontáveis que se inspiraram na vida de Nelson Mandela. Minha primeira ação política foi um protesto contra o apartheid. Estudei suas palavras e seus escritos. O dia em que ele foi libertado da prisão me deu a percepção do que os seres humanos podem fazer quando são guiados por suas esperanças, e não por seus medos”, disse.
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse que se “extinguiu uma grande luz”, referindo-se à morte do ex-presidente da África do Sul. Segundo o líder britânico, a bandeira em sua residência oficial será colocada a meio mastro.
“Uma grande luz extinguiu-se no mundo”, escreveu Cameron em sua conta no microblog Twitter. “Nelson Mandela foi um herói do nosso tempo. Ordenei que a bandeira no n.º 10 [de Downing Street, residência oficial] seja colocada a meio mastro”, acrescentou.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, elogiou o líder sul-africano como “um gigante pela justiça” que inspirou movimentos de libertação. “Muito no mundo inteiro foi influenciado pela sua luta altruísta pela dignidade, igualdade e liberdade humana. Ele tocou as nossas vidas de uma forma muito pessoal”, disse Ban Ki-moon aos jornalistas, em tributo a Mandela.
Já o presidente francês, François Hollande, afirmou que Mandela era “um resistente excepcional” e “um combatente magnífico”. Em comunicado, ressaltou que o líder foi “a encarnação da nação sul-africana, o cimento da sua unidade e o orgulho de toda a África”.
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, destacou as mudanças promovidas por Mandela. “Mandela mudou o curso da história para a sua população, para o seu país, para o seu continente, para o mundo. Os meus pensamentos estão com a sua família e com a população da África do Sul”, disse o português, também pelo Twitter.
Segundo o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, a memória do líder da luta contra a segregação racial deve ser reverenciada. Van Rompuy definiu Mandela como “uma das maiores figuras políticas do nosso tempo”. “Honremos a sua memória com o compromisso coletivo com a democracia”.
Maior Nobel da Paz
O Comitê Nobel norueguês prestou hoje (6) homenagem ao ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, considerando-o “um dos maiores nomes da longa história dos prêmios Nobel da Paz”. Mandela, que morreu, ontem aos 95 anos, dividiu o Nobel da Paz, em 1993, com o então presidente sul-africano, Frederik De Klerk, pelos esforços na reconciliação após décadas de apartheid (regime segregacionista combatido por Mandela).
“Seu trabalho encerra uma mensagem ainda atual para todos os que têm responsabilidades em conflitos aparentemente insolúveis”, ressaltou o Comitê Nobel, em nota à imprensa. “Até os conflitos mais ‘amargos’ podem ser resolvidos por meios pacíficos”, acrescentou a nota.
Em Lisboa, a associação portuguesa SOS Racismo, criada em 1990, agradeceu a Mandela por sua “decisiva contribuição na luta contra o racismo e na afirmação do princípio da igualdade e da dignidade humana”. A SOS Racismo destacou que a luta contra o racismo e a defesa dos direitos humanos perderam uma de suas mais importantes figuras. “Por isso, ficamos hoje mais pobres”, diz comunicado da associação.