Conversas com EUA sobre escândalo de espionagem vão continuar, diz Figueiredo
O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, afirmou que as conversas bilaterais entre Brasil e Estados Unidos sobre as denúncias de espionagem à presidente da República, às autoridades, aos cidadãos e à Petrobras terão continuidade. No entanto, ele não revelou detalhes da reunião de mais de uma hora com a conselheira de Segurança Nacional dos EUA, Susan Rice, realizada na noite de quarta-feira (11/09). Também não há informações sobre novos encontros entre as partes.
Por sua vez, Rice afirmou que parte das notícias sobre o escândalo divulgadas pela imprensa brasileira foram “distorcidas”, mas que as preocupações brasileiras são “legítimas”.
“A conselheira de Segurança Nacional transmitiu ao ministro Figueiredo que os Estados Unidos compreendem que as recentes revelações à imprensa, das quais algumas têm distorcido as nossas atividades e outras têm gerado questões legítimas pelos nossos amigos e aliados, criam tensões na muito estreita relação bilateral com o Brasil”, disse Caitlin Hayden, porta-voz de Rice.
De acordo com ela, os Estados Unidos se comprometeram a trabalhar em parceria com o Brasil para resolver o assunto. O texto menciona a decisão de manter de “forma conjunta uma agenda partilhada de iniciativas bilaterais, regionais e globais”. “Os Estados Unidos fazem uma ampla revisão das suas atividades de inteligência para garantir que são adequadamente projetadas”, diz.
Em nenhum momento são explicados os motivos que levaram os EUA a conduzir essa investigação, nem o conteúdo ou os objetivos das disputas.
Figueiredo seguiu para Nova York, onde era o representante do Brasil da Organização das Nações Unidas (ONU) – posto ocupado agora pelo ex-chanceler Antonio Patriota. Entre outros compromissos, ele se despede do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e assessores.
Nos últimos meses, vieram à tona várias informações a partir de dados divulgados pelo norte-americano Edward Snowden, funcionário de uma empresa que prestava serviços para a NSA (Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos). Snowden divulgou documentos, por intermédio da imprensa britânica e brasileira, sobre o monitoramento de dados de Dilma, cidadãos e até da Petrobras.
As denúncias provocaram uma série de cobranças do governo do Brasil aos Estados Unidos. A presidenta e ministros exigiram explicações das autoridades norte-americanas sobre a espionagem. O então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, foi chamado duas vezes ao Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, para prestar esclarecimentos. Na visita do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, o assunto predominou. A presidente Dilma Rousseff pode cancelar sua viagem de Estado marcada para os Estados Unidos em outubro.
Há uma semana, durante a reunião do G20 na cidade russa de São Petersburgo, o presidente norte-americano, Barack Obama, se comprometeu a Dilma a dar uma resposta ao Brasil sobre as denúncias, se comprometendo pessoalmente com as investigações.