Teixeira fez uma breve explanação do histórico da indústria no país, ressaltando a queda na manufatura a partir de 2009, quando a crise financeira mundial se alastrou, o retrocesso de voltar a ser um país agrário, importador. Segundo ele, o Brasil vive um momento de desindustrialização precoce e essa condição atinge em cheio a economia, pois é o setor que mais gera emprego, mais qualificação e paga os melhores salários. Além disso, a luta pelo desenvolvimento sempre esteve atrelada ao crescimento da indústria manufatureira.

Outro problema salientado é que a indústria brasileira tem pouco valor agregado, com baixa remuneração e pouca oferta de empregos, pois detém-se à montagem final, grande importação de produtos-chave. O que desvaloriza a produção nacional. Para ele, o principal desafio para o professor é o governo qualificar a mão de obra através da educação. “Apesar das tentativas, as medidas não demonstraram ainda pleno resultado”.

O professor destacou ainda que, demograficamente, o país está ficando velho e, a partir de 2020, o número de pessoas economicamente ativas vai despencar, o que atinge diretamente a economia, pois impactam a Previdência Social. Ou seja, é preciso saber aproveitar os setores primários e encadeá-los com o de serviços, para que se possa traçar estratégias de crescimento.

Renildo, que ajudou a construir as teses do Partido Comunista, também fez breve relato da economia mundial, as diversas fases e como se modificou ao longo das décadas.
Segundo seu levantamento, nas últimas décadas, em especial na de 90, o cenário internacional ganhou mais importância para a economia mundial, por que se modificou bastante em curtos períodos e associou-se a questões políticas. “Tivemos a liberalização econômica, comercial e financeira e os problemas de um país acabava afetando outro. A cada ano, os estados passaram a ser atingidos mais fortemente”.
De acordo com o professor de Economia da UFBA, com o neoliberalismo, foi reduzido o espaço para política nacional de desenvolvimento, principalmente na América Latina, que sofreu bastante retrocesso, inclusive o Brasil, com a falta de política industrial. Assim, a competitividade e a qualificação técnica ficaram comprometidas.

Depois da década perdida, como são conhecidos os anos 80, e a década quase perdida (90), foi nos anos 2000 que o país a se animar. No entanto, Souza considera que o fato de a crise ter estourado em 2008/2009 atrapalhou, e muito, a política de aceleração do crescimento, adotada pelo governo Lula, a partir de 2005, uma vez que o crescimento econômico é um pré-requisito para o desenvolvimento. “Tivemos pouco tempo para alavancar a economia do país, por que no meio do caminho fomos interceptados por este evento financeiro, de âmbito mundial”.

Para ele, o tempo foi muito curto, não sendo possível dar o devido encaminhamento para promover mudanças mais profundas. Apesar disso, ele vê com bons olhos as realizadas emergencialmente, como o Bolsa Família, que permitiu a saída de milhões de pessoas da condição de miséria.

“Essa crise coloca mais dramaticidade na necessidade de um projeto nacional de desenvolvimento, a exemplo as reformas estruturais que o PCdoB vem propondo desde antes das manifestações que explodiram em junho em todo o país”, complementa Renildo Souza, reforçando a fala do presidente nacional do Partido, Renato Rabelo, durante o lançamento das teses, em Salvador, no último dia 20 de julho.
Assim, foi retomada a discussão acerca da contribuição dos comunistas na construção de um governo pelo desenvolvimento econômico brasileiro.

De Salvador,