A presidenta Dilma Rousseff participou nesta sexta-feira (6), em São Petersburgo, na Rússia, do 2º e último dia da reunião de cúpula do G20, grupo que reúne as maiores economias mundiais. Antes de embarcar, Dilma concedeu uma entrevista coletiva a jornalistas.

“Obama assumiu responsabilidade direta e pessoal pela investigação das denúncias de espionagem”, afirmou a presidente pouco antes de sua partida de São Petersburgo, de volta para o Brasil. “Ele se comprometeu a responder ao governo brasileiro até quarta-feira o que ocorreu”, reiterou.

Em conversa com jornalistas no aeroporto de São Petersburgo, Dilma Rousseff fez uma análise da sua participação no encontro do G20. Segundo a dirigente, ela transmitiu ao presidente americano a sua indignação pessoal com as denúncias de espionagem “praticadas contra o governo, contra as embaixadas, contra empresas e cidadãos brasileiros” pela NSA ( sigla em inglês para Agência Nacional de Segurança).

“É algo incompatível com a convivência democrática entre países amigos. Ocorrer no Brasil é um fato gravíssimo. O Brasil é uma forte, sólida e grande democracia. O Brasil vive há mais de 140 anos em harmonia com seus vizinhos”, contou a presidente. “O Brasil não tem conflitos étnicos, religiosos e não abriga grupos terroristas”.

Dilma lembrou também que a constituição brasileira expressa claramente a proibição do uso de armas nucleares. “Portanto, tudo isso joga por terra qualquer justificativa de que tais atos de espionagem seriam uma forma de proteção contra o terrorismo”.

Segundo a presidente, a viagem dela para os EUA, prevista para o final de outubro, depende “das condições políticas a serem criadas pelo presidente Obama”. No último dia 2, Dilma sinalizou com a possibilidade de adiar ou até mesmo cancelar a visita, marcada para 23 de outubro. Ontem, o Planalto confirmou o cancelamento do envio, a Washington, da equipe formada por funcionários da Presidência da República, responsável por preparar visita.

Dilma disse ainda que vai propor, na ONU, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 24 de setembro, em Nova Iorque, “uma nova governança contra invasão de privacidade”.